A Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), órgão subordinado à Prefeitura de Maricá, inaugurou na última quinta-feira (4), a primeira farmácia viva do município, localizada na Fazenda Nossa Senhora do Amparo, no Caju. O objetivo da iniciativa, que resulta de uma parceria entre a Codemar e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), é o cultivo de plantas medicinais para transformá-las em medicamentos, chás, essências, óleos, entre outros produtos 100% naturais.
O presidente da Codemar, Hamilton Lacerda, destacou que o empreendimento reabilita um conhecimento, que é ancestral, mas que está se perdendo graças ao massivo consumo de remédios industrializados. Lacerda destacou que a produção local estará inteiramente disponível para a população da cidade.
“São 200 hectares onde cultivamos um futuro melhor para Maricá. Porque não adianta ter empresa e emprego sem conservar o meio ambiente. Aqui se desenvolve uma relação com a natureza que é ancestral e que vinha se perdendo diante dos remédios industrializados. A porteira da fazenda estará aberta para que a população de Maricá tenha acesso aos fitoterápicos e toda a assistência para usá-los, com apoio de profissionais de saúde”, disse Lacerda, conforme reportou O São Gonçalo.
A farmácia integra o projeto Farmacopeia Mari’ká, também desenvolvido na Nossa Senhora do Amparo, cujo objetivo é gerar as condições tecnológicas para a utilização das plantas medicinais de forma segura, além de ampliar o consumo dos produtos fitoterápicos, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade.
O engenheiro agrônomo e superintendente de gestão integrada do projeto Farmacopeia Mari’ká, João Araújo, ressaltou a importância do projeto para a ampliação das alternativas dos cuidados com a saúde para a população do município.
“Este é um projeto amplo, de produção de plantas medicinais voltadas para produção de produtos para integrar na saúde dos munícipes. A partir da articulação com a Secretaria de Saúde, nós iremos disponibilizar drogas, xaropes, e repelentes para uso e distribuição para a população”, disse Araújo.
O professor da UFRRJ, Ricardo Berbara, que também é coordenador geral do Farmacopeia Mari’ká, comentou que a parceria entre a universidade e a administração local será uma alavanca para o desenvolvimento de Maricá e para a geração de empregos, através da atração de empresas interessadas em atuar na cadeia produtiva dos fármacos.
“Esta é uma iniciativa que visa estimular a produção de produtos de origem vegetal que tenham destino a rede SUS da cidade, através dos fitoterápicos, além de permitir que empresas se aloquem aqui na região, gerando empregos baseados na criação de produtos que terão fins terapêuticos. É um projeto estratégico para a região, e nós estamos muito esperançosos que esse projeto fique sólido das raízes no município de Maricá”, pontuou Berbara, segundo o veículo.
Para implementação do projeto foi assinado, em dezembro de 2022, um contrato de cooperação técnica entre a prefeitura e a universidade. O projeto é regulamentado pela Lei Federal 10973/2004, que autoriza a atuação entre setores distintos para o incentivo e desenvolvimento de inovações e pesquisas científicas e tecnológicas no ambiente produtivo, visando a capacitação e a autonomia produtiva regional e nacional.
Entre as plantas cultivadas na fazenda estão hortelã, bardana, tomilho, erva cidreira, erva baleeira, camomila, capim-limão, linhaça, lavanda, cardo mariano, palma, aroeira, arruda, alecrim, boldo, rosa e manjericão. Todas as espécies foram geneticamente melhoradas.
Parceria visa construção de um campus da UFRRJ
Com o projeto, a prefeitura de Maricá e a UFRRJ intencionam criar um campus na fazenda, para oferecer cursos técnicos e mestrados, reforçando a parceria entre as instituições, que já colaboram com os projetos Inova Agroecologia Maricá e Farmacopeia Mari’ká.
Fazenda Nossa Senhora do Amparo
A propriedade, que ocupa 200 hectares – o equivalente a 2 milhões de m² -, atua na conservação da biodiversidade, além de ser um hub de projetos na área. A fazenda, a primeira na cidade a produzir alimentos em conformidade com os regulamentos da agricultura orgânica, conta com duas estufas automatizadas e dois viveiros de mudas, que juntos ocupam 860 m² destinados ao cultivo de espécies adaptadas à Maricá, como: manjericão, guaco, carqueja, cavalinha, feijões, cana-de-açúcar, camomila, jaborandi, erva-baleeira, pimenta rosa, alecrim, lavanda, pitanga e araçá.