Quase metade das escolas da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro não possuem quadras esportivas. Os dados foram revelados pelo Censo Escolar 2023 e apontam que 49,3% das unidades não têm sequer o básico para a promoção de aulas de educação física dentro de seu espaço. Os dados são alarmantes e mostram que a importância do esporte parece ignorada pela Secretaria Municipal de Educação.
Ainda contagiados pelo espírito olímpico, vimos recentemente em Paris, com orgulho, os atletas brasileiros conquistarem medalhas e realizarem feitos impressionantes. O esporte pode transformar vidas e o destino de famílias, por isso a prática de atividade física é fundamental na infância e adolescência. Os esportes geram benefícios ao desenvolvimento físico e cognitivo, auxiliando ainda na interação social, na melhoria da autoestima e na prevenção de doenças. É também nessa fase onde são revelados muitos talentos em diversas modalidades.
Durante as fiscalizações para a elaboração do nosso segundo relatório de Educação, pudemos atestar que, das 142 escolas visitadas pelo nosso mandato em toda a cidade, 35% não possuíam quadras esportivas e 27% apresentavam quadras com infraestrutura irregular ou ruim. Além disso, verificamos que os docentes de educação física estão em falta. A categoria foi uma das mais citadas quando questionamos a carência de professores nas escolas.
Esse déficit desfalca as aulas e ainda impede o cumprimento do ? de planejamento docente. O último concurso para professor de Educação Física da SME foi feito em 2016 e expirou recentemente. Mesmo com banco de concursados aguardando convocação, a prefeitura optou por não estender sua validade.
Para piorar, em vez de investir na melhoria da infraestrutura das escolas e na convocação de professores de educação física, de forma a valorizar a prática do esporte como parte do currículo escolar, a Prefeitura optou por delegar parte dessa função para as Vilas Olímpicas, cuja gestão é feita por Organizações Sociais. Esta prática pode ser constatada ao analisar o orçamento da cidade.
Os contratos de gestão das Vilas Olímpicas são realizados através da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer. No entanto, por conta do atendimento de alunos da rede municipal de ensino, R$ 64 milhões foram custeados com o orçamento da Secretaria Municipal de Educação em 2023. No ano passado, 12 mil alunos da SME foram atendidos nas Vilas Olímpicas. Esses dados são muito importantes!
Revelam que um número bastante considerável de estudantes não tem condições de praticar esportes em suas escolas, e que a SME direciona investimentos para as vilas olímpicas em vez de aplicá-los nas unidades escolares e possibilitar a prática de educação física.
Apesar da importância da promoção de esportes nas Vilas Olímpicas, elas devem atender os moradores do entorno como um todo e não substituir a prática em ambiente escolar.
Precisamos que todas as escolas sejam capazes de fornecer aulas de educação física e o incentivo à prática de esportes com qualidade e constância, fazendo parte do seu cotidiano. E, para isso, são necessários investimentos em infraestrutura, com a implementação de quadras onde hoje não há. Também é necessário melhorar as estruturas que existem e valorizar o servidor público, com a convocação de professores de educação física e mais recursos para a obtenção de materiais esportivos.
Quantos talentos e medalhas não são perdidos por falta de incentivo e de práticas esportivas de qualidade nas escolas? Quantas vidas não poderiam ser mudadas para melhor, com mais qualidade, saúde e bem estar, se houvessem quadras em bom estado em todas as unidades? Seguiremos lutando, fiscalizando escolas e o orçamento municipal para mudar essa realidade!
Depois se pergunta por que o Brasil ganha uma merreca de medalhas em competições internacionais? As prefeituras no país quando botam quadra, pensam em salão de festas, não em esporte. Quando tem, é pra fazer alongamento, flexão e um pouco de handebol ou futebol, ai sendo o lazer de intervalo.