Candidato à prefeitura de SP usa linguagem neutra no Hino Nacional: “des filhes”

“Des files deste solo…”, modificação adotada no comício do candidato pode ter violado a Lei Federal nº 5.700/1971, conhecida como “Lei dos Símbolos Nacionais do Brasil”

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Guilherme Boulos - Wikipédia

Para quem acompanha política, com o mínimo de atenção, sabe como manifestações de partidos de esquerda são dominadas pelas bandeiras vermelhas, e pelas demandas progressistas. Para essa militância, a representação do partido parece estar acima dos símbolos nacionais, inclusive o Hino Nacional, que perde espaço para palavras de ordem e todo tipo de lacração vazia que incendeie os ânimos da plateia.

No último sábado (24), o candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSol, Guilherme Boulos, escandalizou a todos durante um comício realizado no bairro do Campo Belo, localizado na Zona Sul da capital. O evento contou com uma surpreendente e desrespeitosa versão do Hino Nacional em linguagem neutra, interpretada pela cantora paulista Yurungai, que, ao invés de cantar “dos filhos deste solo és mãe gentil”, cantou “des files deste solo…”.

Segundo o site Metrópoles, Yurungai também é compositora e tocadora de Mbira, instrumento musical de origem africana. Em seu perfil no Instagram, a cantora afirma que “reinterpreta a música popular brasileira com influência africana”. A reinterpretação do Hino Nacional, entretanto, não caiu nada bem, especialmente para o candidato do Psol, que enfrenta inúmeras dificuldades pelo seu passado de radicalidade e apoio à invasão de prédios públicos na capital paulistana.

O comício de Boulos foi transmitido ao vivo, inclusive a funesta interpretação em linguagem neutra do Hino Nacional. Nesta terça-feira (27), o vídeo foi apagado do Youtube do candidato pelos cabeças da sua campanha. Mas o estrago já estava feito e diante das presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da vice de Boulos, Marta Suplicy (PT) e da deputada federal Erika Hilton (Psol).

Com a confusão armada, Guilherme Boulos jogou a culpa pela violação do Hino Nacional na produtora do evento, a Zion, que já havia organizado eventos para Lula, como o esvaziado comício de 1º de Maio, e o Festival do Futuro, evento da inauguração do seu 3º mandato, segundo Poder 360, que procurou a empresa para ter um posicionamento diante da modificação do Hino Nacional, mas não obteve retorno. A campanha do Psol paulista apagou a postagem do vídeo contendo a infeliz cantoria das suas redes.

Nesta quarta-feira (28), Guilherme Boulos classificou a interpretação de Yurungai de “absurda”, além de atribuir a responsabilidade à Zion:

“Aquilo foi uma produtora, uma empresa produtora contratada da nossa campanha, que por sua vez contratou uma cantora e que teve aquele episódio. A nossa campanha se pronunciou de maneira clara e essa empresa produtora não vai mais trabalhar nos próximos eventos da campanha”, disse Boulos a jornalistas, conforme reproduziu a Carta Capital.  

Segundo o Uol, a Zion Produção foi contratada para realizar eventos da campanha do candidato, tendo recebido, em 23 de agosto, R$ 450 mil. A violação do Hino Nacional resultou no distrato com a produtora. Porém, não se sabe se ao menos parte desse valor será restituído à campanha do candidato socialista.

Ainda segundo o Uol, a campanha de Guilherme Boulos também divulgou uma nota esquivando-se da responsabilidade sobre a alteração da letra do Hino brasileiro.

“A campanha, em momento algum, solicitou ou autorizou alteração na letra do Hino Nacional interpretado na abertura do comício. A produtora, organizadora do evento, foi responsável pela contratação de todos os profissionais que trabalharam para a realização da atividade, incluindo a seleção e o convite à intérprete que cantou o Hino Nacional”, reproduziu o site.

Nomes como Nikolas Ferreira (PL-MG), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Kim Kataguiri (União-SP), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, dirigente da seção feminina do PL, entre membros de vários segmentos da sociedade civil manifestaram a sua indignação em centenas de postagens nas redes sociais e em entrevistas.

Lei federal protege símbolos nacionais:

Segundo o site Metrópoles, a interpretação do Hino Nacional em linguagem neutra pode ter violado a Lei Federal nº 5.700/1971, conhecida como a “Lei dos Símbolos Nacionais do Brasil”.

A norma determina que, “em qualquer hipótese, o hino nacional deverá ser executado integralmente”, além de proibir “a execução de quaisquer arranjos vocais do hino nacional”, com pena de aplicação de multa aos violadores.

O Metrópoles afirmou ter procurado a cantora Yurungai, mas não teve retorno. O DIÁRIO procurou saber a opinião do candidato Psolista à prefeitura do Rio, Tarcísio Motta sobre a infeliz execução do hino, mas a campanha preferiu não comentar.

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1 COMENTÁRIO

  1. Notícia velha. Que o Diário do Rio adora falar de SP e ama os políticos de lá, não é novidade…Mas já tá ficando chato.

    Não tem nada mais interessante acontecendo no RJ não? Falta de pauta?

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