Sebastião Nery, um dos nomes mais influentes durante a ditadura

Aos 92 anos, Nery faleceu por causas naturais após quatro meses de saúde debilitada

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Morreu na madrugada desta segunda-feira (23/9), aos 92 anos, no Rio de Janeiro, o jornalista e escritor Sebastião Nery, um dos mais influentes nomes da imprensa política brasileira durante o período da ditadura militar. Com a saúde debilitada há quatro meses, Nery faleceu por causas naturais. O velório será realizado no Cerimonial do Carmo, no bairro do Caju, zona portuária do Rio, das 8h às 10h, e, em seguida, o corpo será cremado.

Trajetória política e jornalística

Nascido em Jaguaquara (BA) em 8 de março de 1932, Sebastião Nery iniciou sua carreira em Minas Gerais na década de 1950, após estudar em um seminário em Amargosa (BA). Nery também atuou na política: em 1963, foi eleito deputado estadual pela Bahia, mas teve seu mandato cassado em 1964 pelo regime militar e passou um período preso. Ele reassumiu o cargo brevemente, mas foi cassado novamente e perdeu seus direitos políticos.

Nery se destacou no jornalismo político, com mais de 15 obras publicadas e um papel ativo na mídia. Em 1975, ele começou a assinar a coluna Contra Ponto, no Folha de São Paulo, onde ficou até 1983. Também manteve um programa de comentários políticos na Rede Bandeirantes de 1978 a 1980 e levou sua coluna para o jornal Última Hora em 1979.

Atuação política e o Encontro de Lisboa

Nery participou, em junho de 1979, do Encontro de Lisboa, que discutiu a reorganização do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) sob a liderança de Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul. A reunião gerou disputas dentro do partido, levando à criação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), após a vitória de Ivete Vargas na luta pela sigla PTB. Nery, um dos fundadores do PDT, foi eleito segundo vice-presidente da seção fluminense do partido e secretário da executiva nacional.

Em 1982, quando Brizola foi eleito governador do Rio de Janeiro, Nery conquistou uma vaga como deputado federal com 111.460 votos, sendo o segundo mais votado de seu partido. Como deputado, ele foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o endividamento externo brasileiro e um dos articuladores da proposta de prorrogação do mandato do presidente João Figueiredo e o retorno das eleições diretas em 1986.

Apoio a Tancredo Neves e saída do PDT

Com o fracasso da emenda Dante de Oliveira, que visava a restauração das eleições diretas para presidente, Nery apoiou Tancredo Neves no Colégio Eleitoral de 1985. Tancredo foi eleito, mas faleceu antes de tomar posse, sendo substituído pelo vice, José Sarney. Ainda em 1985, Nery foi expulso do PDT após alegar a existência de corrupção no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Rio de Janeiro, entrando em conflito direto com Brizola.

Após a expulsão, Nery voltou a atuar na Tribuna da Imprensa e se filiou ao PMDB, tornando-se vice-líder do partido na Câmara. Em 1985, ele concorreu à vice-prefeitura do Rio de Janeiro pelo Partido Socialista (PS), mas foi derrotado pela chapa do PDT, encabeçada por Saturnino Braga.

Com uma trajetória marcada pela crítica política, a defesa da liberdade de imprensa e sua influência na reconstrução da democracia brasileira, Sebastião Nery deixa um legado inestimável para o jornalismo e a política nacional.

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