Ooovre é um projeto de um carioca que pretende oferecer uma nova e melhor forma de se comprar livros online. A ideia é permitir que pessoas comuns com acesso à internet, busque, encontre e compre livros direto das livrarias locais do seu bairro. O projeto sem fins lucrativos foi lançado essa semana no Kickstarter, e espera bater a meta do crowdfunding para seu futuro desenvolvimento.
“Hoje, muitas livrarias conseguem oferecer a conveniência dos grandes sites de comércio eletrônico com preços competitivos, entregas em 24-48 horas, etc. Porém, poucas dessas grandes plataformas eletrônicas realmente contribuem para a avanço de uma força intelectual e criativa de trabalho local“, afirma o carioca Victor Sahate.
As livrarias de bairro não apenas vendem e recomendam livros, mas também trabalham com comunidades locais, escolas, promovem leitura e contato do público com conteúdo e universos criativos. Não são apenas vitais para formação de uma força de trabalho criativa – TV, cinema, música, videogame, design, saúde, educação etc – mas contribuem, no Reino Unido por exemplo, o mesmo que o mercado financeiro contribui para a economia local, completou Sahate.
Criado pelo designer carioca Victor Sahate, novelista Escocês John Bennett e, em parceria com a produtora digital Inglesa IMD. O Ooovre se inicia com um piloto teste de conceito. O projeto visa, com ajuda de colaboradores, leitores e livreiros, se desenvolver para uma plataforma inteiramente funcional e sustentável. Primeiro MVP será testado no Reino Unido e então expandido para os Estados Unidos e América Latina.
Como surgiu o projeto?
Eu, com outros dois parceiros de trabalho, resolvemos colocar em prática algumas ideias e paixões. O John, um dos parceiros, é escritor, e conversando sobre ideias semelhantes – que não foram tão bem resolvidas e não deixaram nunca margens de lucro para as livrarias locais e nem real visibilidade para os autores – resolvemos criar uma versão da nossa. Que chamamos de ooovre. Unimos nossas experiências profissionais e criamos uma prova de conceito – http://ooovre.com/ (ainda muito cru).
Com a boa resposta de pessoas e amigos sobre o ooovre, resolvemos iniciar o projeto no Kickstarter e buscar financiamento comunitário. Pra gente, na verdade, só faz sentido se realmente tiver valor para as pessoas que consomem livros, autores e livreiros.
Em quanto tempo ele poderia estar em funcionamento no Brasil também? Precisaria fazer um novo crowdfunding?
Queremos testar um piloto no Reino Unido e uma primeira expansão para os Estados Unidos. Os motivos são o fato desses dois mercados serem bem maduros em consumo de tecnologia. São bons mercados para teste. A ideia dos pilotos é aprender, gerar hipóteses de melhoria e, com elas, polir e validar a tecnologia pra valer.
O projeto não depende do Kickstarter, mas a natureza não-lucrativa e colaborativa requer que os mercados locais valorizem a ideia e invistam para ela acontecer. Para iniciar atividade no Brasil, a gente não teria o custo de recriar o produto, mas precisaríamos de financiamento para a localização e tradução de tudo, criação do banco de dados locais, integração com sistemas de pagamento online Brasileiros e contato com todas as livrarias. Aceitamos qualquer tipo de parceria, ajuda ou colaboração. Não existe nenhum tipo de cidadania para esse projeto. A ideia é que a tecnologia seja neutra e possa ser facilmente aplicada a qualquer lugar que tenha livrarias e pessoas querendo comprar livros.
Você espera que a meta seja batida antes dos 30 dias?
A categoria de “publicações” no Kickstarter é conhecidamente a mais difícil. É uma área bem marginalizada e em geral carente de inovação e investimento. Estamos fazendo de tudo para divulgar o projeto, ativando parceiros, contatos e mídia interessada. Acho que semana que vem teremos uma visão um pouco melhor do quão bem o Kickstarter está indo. Hoje, como é o segundo dia no ar, ainda é um tanto misterioso.
O projeto faz lembrar muito do filme “Mensagem para você”, onde a livraria local do bairro tenta sobreviver e competir com a gigante Fox Books.
Após dois dias no ar, o projeto que precisa de 30 mil libras, já arrecadou pouco mais de 600 libras – vamos ficar na torcida daqui e quem sabe possa chegar o quanto antes também no Brasil!
