Ilha do Governador, a cultura em movimento

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 FLIG (Feira Literária da Ilha do Governador)

Nos últimos meses, uma ampla e diferenciada movimentação cultural tem marcado presença na Ilha do Governador. A primeira FLIG (Feira Literária da Ilha do Governador) inaugurou esse movimento de reconstrução da cultura insulana, promovendo a comercialização de livros, a organização de debates e a apresentação de diversos grupos de artistas locais. Quase que simultaneamente, ocorria na Estácio de Sá a primeira edição da “Maratona Cultural EU QUERO UM TEATRO NA ILHA”, uma iniciativa de artistas da região cujo principal objetivo é registrar a necessidade desse equipamento com uma estrutura adequada para a promoção dessa atividade.

Contudo (e infelizmente), na contramão dessa corrente em favor da cultura, a Ilha vem experimentando um retrocesso no aspecto do investimento público e privado nesse setor. Há alguns dias atrás, nossa região foi surpreendida com a notícia de que a Lona Cultural Renato Russo está fechada. Em meados deste ano, a Secretaria municipal de Cultura decidiu rever a gestão do espaço, promovendo uma nova licitação, que culminou na escolha da ONG Instituto Usina Social para a futura administração, conforme publicaram alguns jornais locais. No entanto, dizem as matérias, a nova gestora teria o compromisso de abrir o equipamento no dia 1 de novembro, e isso não ocorreu. Este recente imbróglio em torno da Lona Cultural tem prejudicado bastante os artistas e moradores da região, que tinham – ainda que precariamente – no espaço uma alternativa para a promoção e disponibilização de opções culturais, entre as quais oficinas e shows de artistas renomados da MPB.

Outro revés considerável para o segmento cultural insulano foi o inevitável fechamento da Casa de Cultura Elbe de Holanda, comandada pelo multiuso professor Gilberto D’Alma. Devido à débitos exorbitantes de aluguel, resultado da combinação do alto custo da manutenção do espaço com o baixo custo das cobranças (simbólicas) aos alunos, a Ilha teve que perder essa excelente escola de formação e aperfeiçoamento de artistas locais. Nesse caso, mesmo com uma campanha de incentivo à adoção da casa, ninguém da iniciativa privada, e muito menos do setor público, se mostrou interessado em sustentar o projeto e manter o seu funcionamento.

Como uma fênix, a cultura insulana ressurge das cinzas, em movimentos populares, resultado da união de esforços e socialização de ideias, cujo novo endereço é o espaço público. É a calçada onde transitaram centenas de pessoas durante as três semanas da FLIG. É também a praça (e o coreto), que nos últimos dias 14 e 15 de novembro sediou mais uma edição da Maratona Cultural. E assim, como muita criatividade, espírito público e dedicação, a cultura insulana ressurge em movimentos.

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Nascido e criado na Ilha do Governador, a família está lá desde o final do século XIX. Seu bisavô foi André Gomes Bonel, popularmente conhecido como “Seu André”, proprietário da primeira farmácia da da Ilha, no Zumbi. Com 28 anos, Allan possui graduação em Sociologia pela Universidade Candido Mendes (UCAM – RJ) e Pós-graduação em Política e Planejamento Urbano, pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR – UFRJ).

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