O laboratório Patologia Clínica Dr. Saleme (PCS Lab), investigado pela responsabilidade no transplante de órgãos infectados por HIV em seis pessoas, teve alguns contratos com o Governo do Estado do Rio de Janeiro nos últimos anos. Os documentos correspondem a serviços prestados para a UPA de Bangu, as duas de Campo Grande, a de Realengo, ao Hospital Estadual Ricardo Cruz Hercruz, que fica em Nova Iguaçu, além de uma contratação para análises clínicas e de anatomia patológica em todas as unidades da rede administrada pela Fundação Fundação de Saúde do Rio de Janeiro (FSERJ), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ).
O contrato mais recente do PCS Lab com o Governo Estadual foi assinado em dezembro de 2023, no valor de R$ 9,8 milhões, por meio de pregão eletrônico. Esse é o correspondente à contratação que previa análises clínicas e de anatomia patológica em todas as unidades da rede administrada pela FSERJ, como foi citado acima no texto da reportagem.
O contrato com as UPAs foi assinado em fevereiro de 2023. O valor de R$ 2,2 milhões era para pagar o serviço de análises clínicas e de anatomia patológica para as quatro Unidades de Pronto Atendimento por 180 dias.
Assinado em outubro de 2023, o contrato com Hospital Estadual Ricardo Cruz Hercruz foi de R$ 3,9 milhões e previa os mesmos serviços prestados às UPAs da Zona Oeste da cidade do Rio.
Todos os contratos passaram pela Fundação de Saúde do Rio de Janeiro. Para as UPAs e o Hospital, as negociações se deram através de dispensa de licitação. Os dados estão disponíveis no Portal da Transparência do Governo Estadual.
A Secretaria de Estado de Saúde informou que “o contrato licitado em dezembro de 2023 era o único que a empresa tinha vigente com a Fundação Saúde. O laboratório PCS não presta serviço para mais nenhuma unidade da rede estadual“.
O contrato com o PCS Lab foi suspenso depois que Secretaria tomou ciência da infecção dos seis pacientes por HIV.
O que diz o PCS Lab
O laboratório PCS Lab abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo diagnósticos de HIV em pacientes transplantados ocorridos no Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um episódio sem precedentes na história da empresa, que atua no mercado desde 1969.
O laboratório informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação de Saúde do Governo do Estado. Nesses procedimentos foram utilizados os kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).