Emanuel Alencar: Sobre o que ouvimos nas ruas

Colunista do DIÁRIO DO RIO conta que a experiência de candidato a vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro garantiu momentos interessantíssimos nos diálogos do dia-a-dia com a população carioca

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Imagem apenas ilustrativa - Vista aérea do bairro da Barra da Tijuca • Foto: Rafa Pereira, Diário do Rio

Jornalista formado há 18 anos, eu encarei o desafio inédito de uma candidatura a um cargo eletivo no Rio. Nasci em uma família de professores, na classe média tijucana, num ambiente em que sempre se discutiu política. Nas ruas estamos desde sempre em comunhão, na defesa de salários dignos de professores, por mais inclusão social, por um país que supere a gritante desigualdade social. Feita essa breve apresentação, sigo ao ponto desse artigo.

A experiência de candidato a vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro me garantiu momentos, digamos, interessantíssimos nos diálogos do dia-a-dia com a população carioca. Nem sempre estar nas ruas é suave: ouvimos impropérios, alguns xingamentos, protestos acalorados. Mas também muitas palavras de incentivo, sorrisos, esperanças que nos nutrem de força para encarar a jornada. Elenco, a seguir, cinco frases que mais ouvi nas ruas, e complemento com o que eu respondi

“Graças a Deus eu não voto mais!” – É o que mais ouvi. A idosa ou o idoso recebe o material de campanha e, cara emburrada, rejeita a abordagem. Como se votar fosse um estorvo, uma encrenca. Ora, o votar é um ato essencial. E, devo dizer, muito bonito. O voto consciente sempre me emociona. Muito sangue foi derramado no mundo e neste país para que esse direito pudesse existir. Não devemos renunciar ao voto! 

“Detesto política! Vocês são todos corruptos!” – “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. Aí temos que recorrer ao aforismo de Platão (428 a.C.-347 a.C.). Detestar política é, em última instância, pensar no próprio umbigo. É achar que as soluções são individuais. É desconsiderar o coletivo. Bola fora!

“PSOL? Nem pensar! Vocês são comunistas e querem o fim da liberdade” – Muita gente fala do meu partido sem conhecê-lo bem. Meu partido defende a construção coletiva, de causas e ideias bem definidas. O PSOL luta incansavelmente pelo fortalecimento do serviço público e está na linha de frente da batalha contra todas as opressões, injustiças e barbáries cotidianas. E quanto a liberdade, vamos combinar: está no nome da agremiação. Defendemos sim, uma sociedade mais justa. E jamais, evidentemente, podemos compactuar com regimes totalitários e antidemocráticos. Com mais de 19 mil filiados e filiadas de até 24 anos, o PSOL é um partido jovem e com alto potencial de crescimento.

“O que você vai me dar em troca, se eu votar em você?” – Essa abordagem me tirava do sério. Mas aí eu respiro e procuro ser contundente, sem ser agressivo. O Código Eleitoral determina até quatro anos de prisão não somente para candidatos que oferecem dinheiro ou bens em troca de votos, mas também para o eleitor que recebe dinheiro ou qualquer outra vantagem.

Mas, antes de encerrar nosso papo aqui, segue outra frase. Dessa vez, bem menos tóxica!

“Espero que você seja igual ao seu pai! Sucesso!” – Aí ficava difícil não abrir um sorriso imediato. Tenho enorme orgulho em ser filho de Chico Alencar, professor, historiador, que exerce cargos públicos desde 1989. Com ética, dignidade. Reconhecido até por adversários políticos como uma pessoa honesta e íntegra. Claro que somos pessoas diferentes. Mas meu pai é motivo de orgulho e honra! Aprendi desde cedo, com ele, a respeitar o diferente; que a solidariedade com os desvalidos deve conduzir nossas ações; que só há futuro quando todo mundo tiver condições de se alimentar todos os dias. Chico é referência de vida!

E assim seguimos, defendendo o debate respeitoso. Viva a democracia e as eleições e a luta que quem não se entrega ao fisiologismo e à baixa política!

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