O Centro do Rio nem sempre traz boas notícias para os cariocas. Apesar do retorno ao ritmo pré-pandemia ter dado um novo impulso ao comércio e à economia central, com a ajuda dos programas Reviver Centro e Reviver Cultural, certas áreas permanecem à margem desse progresso ou sequer viram parte dele. No entorno do Morro da Conceição, a realidade é bem diferente. Enquanto as regiões da Carioca, Praça XV e Cinelândia prosperam, as áreas a esquerda da Avenida Presidente Vargas se tornaram, na prática, o “tapete” da gestão municipal, onde problemas são empurrados para fora de vista, escondidos atrás das fachadas dos prédios.
Menos de um mês atrás, o DIÁRIO DO RIO mostrou a situação da Rua Camerino, uma via importantíssima para a história negra da cidade, principal ligação entre o Porto e a Presidente Vargas, que se transformou em ponto de atuação para olheiros do tráfico. O caso revelou que até a Secretaria de Ordem Pública não conseguia agir plenamente ali, dependendo de relatórios enviados à Polícia Civil para denunciar irregularidades. Agora, uma nova denúncia chega à redação, a poucos metros dali, na Rua Leandro Martins, próximo ao Colégio Pedro II. “É esgoto, acúmulo de lixo, invasões, estacionamento irregular sobre as calçadas, falta de segurança, pessoas em situação vulnerável usando drogas, outras que, pelo abandono, acabaram ficando por aqui”, declarou um morador.
Não é de hoje que essa área enfrenta degradação. É uma das poucas regiões centrais que ainda não conseguiu se recuperar. E o problema não se limita à Leandro Martins: outras ruas e vielas, como a Rua dos Andradas, Rua da Conceição, Rua do Acre e, principalmente, a Rua Senador Pompeu, seguem em estado deplorável. A última, em especial, é um dos principais pontos de venda de drogas e prostituição, com uma conexão direta com o Morro da Providência. Nossa equipe esteve na área e registrou a presença de moradores em situação de rua, tráfico de drogas e até ações policiais. Muitos prédios antigos agora funcionam como estacionamentos improvisados. Em cada esquina, pilhas de lixo se acumulam, criando focos de sujeira e abandono, e um emaranhado de fios expostos completa a cena caótica.
Tudo isso a poucos metros de pontos turísticos importantes como o Boulevard Olímpico, o Museu do Amanhã e o circuito da Pequena África. “É o grande tapete da centro, onde a Prefeitura esconde os problemas que não quer resolver. E enquanto isso, continuamos pagando nossos impostos”, lamentou um morador.
