Na noite de 30/11, o Espaço Diário do Rio de Cultura recebeu Antonio Mariano, coordenador de relações internacionais da prefeitura do Rio de Janeiro, para uma palestra sobre a importância da cidade como sede do encontro do G20, que reunirá os principais líderes mundiais. Mariano compartilhou o que essa oportunidade representa em termos de política global, economia local e fortalecimento da posição do Rio no cenário internacional.
“O G20 não é apenas um evento. Para o Rio de Janeiro, representa a chance de demonstrar nossa capacidade de ser anfitriã de debates internacionais e de impulsionar setores econômicos, culturais e sociais da cidade”, afirmou Mariano, destacando que, além do impacto econômico, o encontro fortalece a imagem do Brasil e da cidade no palco mundial.
O Que é o G20?
O G20 é um fórum internacional que reúne as 20 maiores economias do mundo, além da União Europeia e, a partir deste ano, a União Africana. Diferente da ONU, o G20 não é uma instituição permanente com sede fixa e funcionários. Em vez disso, sua presidência é rotativa, passando de um país a outro anualmente. Este ano, sob a liderança do Brasil, o Rio de Janeiro será o palco das discussões que acontecem entre os dias 18 e 19 de novembro, enquanto Brasília também sediará outros encontros de grande relevância.
“Diferentemente de um organismo internacional como a ONU, o G20 é um fórum onde os países membros se encontram para discutir temas de relevância global, sem obrigações jurídicas de cumprimento dos compromissos” explicou Mariano, sublinhando o caráter diplomático do evento.
Três Temas-Chave na Presidência Brasileira
A presidência do Brasil propôs três pilares para as discussões de 2024:
- Combate à Fome e à Pobreza: Um tema histórico para o Brasil e para o presidente Lula, que sempre o defendeu.
- Questões Climáticas e Sustentabilidade: Num momento em que a crise ambiental é pauta constante, o debate sobre sustentabilidade ganhou espaço central.
- Reforma dos Organismos Multilaterais: O Brasil busca fortalecer sua posição nesses organismos, incluindo o Conselho de Segurança da ONU.
“Esses temas refletem desafios que afetam não apenas os países membros, mas o planeta como um todo. Nosso papel, como país sede, é facilitar a convergência de opiniões para encontrar soluções viáveis”, afirmou Mariano, que ressalta a importância do G20 como espaço de diálogo e consenso.
Rio de Janeiro: Uma Cidade Protagonista
A escolha do Rio de Janeiro como anfitriã das reuniões do G20 destaca a cidade como uma das capitais globais aptas a sediar eventos de grande porte. Para Mariano, essa tradição é mais um reforço da imagem do Rio como centro de discussões globais. Desde a ECO-92, passando pelos Jogos Pan-Americanos, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o Rio consolidou-se como um palco preferido para eventos globais.
“A cidade oferece infraestrutura, know-how e, como diz o prefeito Eduardo Paes, tem aquele ‘borogodó’ que só o Rio possui. Nossos eventos deixam marcas culturais e movimentam setores da economia” declarou Mariano. Segundo ele, mais de 200 ministros e 40 chefes de Estado estarão presentes no Rio, o que ele considera uma oportunidade única para o turismo, hotelaria e comércio locais.
Impacto Econômico e Turístico
A expectativa é que o G20 injete bilhões de reais na economia da cidade, gerando empregos diretos e indiretos. Mariano destacou a importância do impacto econômico gerado não só durante o evento, mas também pelo legado deixado para o Rio. A projeção internacional aumenta o interesse de investidores, cria novas oportunidades de negócios e atrai turistas de todo o mundo.
“A longo prazo, o evento pode atrair investimentos significativos e impulsionar o desenvolvimento de áreas estratégicas da cidade”, argumentou Mariano, referindo-se à revitalização de regiões como o Boulevard Olímpico e o Armazém Utopia, onde parte das reuniões será realizada.
O Papel dos Grupos de Engajamento
Além do encontro dos líderes, o G20 abrange grupos de engajamento, que discutem temas específicos como juventude, mulheres, trabalhadores, sociedade civil e empresários. Cada um desses grupos, conhecido por siglas como Y20 (juventude) e U20 (cidades), contribui para o conteúdo final das deliberações do G20.
O U20, que representa as cidades, terá copresidência do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Será uma grande oportunidade para que cidades como o Rio ganhem visibilidade em temas como mobilidade urbana, sustentabilidade e adaptação climática” disse Mariano, mencionando que a cidade está avançando em projetos de infraestrutura, como a eletrificação da frota de ônibus do BRT.
Comunicado Final e Projeções para o Futuro
Ao final do evento, será publicado o “Comunique”, documento que formaliza as intenções e compromissos dos líderes em relação aos temas discutidos. Esse comunicado é considerado uma referência política que pode influenciar decisões e ações dos países membros no futuro.
“O Comunique não é um tratado, mas uma expressão de vontade política dos países membros, que indica o direcionamento das discussões globais” explicou Mariano. Ele destacou que o compromisso do Rio com o desenvolvimento sustentável e políticas inclusivas poderá atrair mais apoio internacional.
Reflexo para a Imagem do Rio
Para o Rio de Janeiro, sediar o G20 significa consolidar sua imagem de cidade preparada para receber eventos globais. Mariano ressaltou que a cidade tem todas as condições de proporcionar um ambiente seguro e acolhedor para delegações e visitantes, desmistificando a imagem de “caos” que muitas vezes é associada ao Rio.
“Estamos prontos para mostrar ao mundo que o Rio é mais do que apenas uma cidade bonita. É um lugar vibrante, com infraestrutura e experiência para receber grandes eventos”, finalizou Mariano. Ele lembrou que, embora o G20 seja um evento de poucos dias, sua repercussão pode ter um impacto duradouro para o turismo e a economia da cidade.