A pesquisa Desafios da Gestão Municipal (DGM), realizada pela consultoria Macroplan, revelou um cenário desafiador para as cidades do estado do Rio de Janeiro. Entre os 100 maiores municípios brasileiros, seis do estado figuram entre as 25 piores posições no ranking geral, que avalia resultados em áreas essenciais como saúde, educação, segurança e saneamento.
O estudo, lançado logo após as eleições municipais, considera indicadores oficiais e dados de 2010 a 2023, medindo o desempenho de várias gestões. O Índice Desafios da Gestão Municipal (IDGM), que varia de 0 a 1, sintetiza a performance global dos municípios. Quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho. Entre os municípios do Rio de Janeiro avaliados, Duque de Caxias (99º), Belford Roxo (98º) e Nova Iguaçu (96º) estão entre os últimos colocados no ranking.
Apesar do panorama crítico, a capital Rio de Janeiro aparece na 36ª posição no ranking geral, com um IDGM de 0,645, tendo subido 12 posições desde 2010. Cidades como Niterói e Petrópolis apresentam desempenho moderado, ocupando respectivamente as 44ª e 50ª posições.
“Os resultados do estudo mostram que é imprescindível inovar na gestão pública, priorizar boas práticas e dar continuidade a políticas públicas bem-sucedidas para enfrentar a desigualdade e atender melhor às demandas da população,” afirma Adriana Fontes, diretora de estudos e dados da Macroplan.
Análise por áreas: saúde, educação, saneamento e segurança
O estudo também avalia separadamente os serviços entregues à população em áreas essenciais, evidenciando as principais dificuldades e avanços.
Educação
Indicadores como matrículas em creche, matrículas em pré-escola, e os índices de desenvolvimento da educação básica (IDEB) do Ensino Fundamental I e II revelam um desempenho preocupante. Entre os últimos colocados estão:
- São Gonçalo (100ª);
- Nova Iguaçu (99ª);
- Duque de Caxias (96ª);
- Belford Roxo (94ª);
- São João de Meriti (93ª).
A capital Rio de Janeiro ocupa a 29ª posição na área de educação, enquanto Niterói e Petrópolis apresentam desempenhos acima da média estadual.
Saúde
Na área de saúde, indicadores como mortalidade infantil, acesso à assistência pré-natal, atenção básica e mortalidade prematura por doenças crônicas revelam grandes desigualdades. Os municípios com piores desempenhos são:
- Campos dos Goytacazes (100º);
- Duque de Caxias (98º);
- Nova Iguaçu (96º);
- São João de Meriti (95º);
- Petrópolis (89º);
- Belford Roxo (87º).
Por outro lado, a cidade do Rio de Janeiro demonstrou avanços significativos, subindo 24 posições e alcançando a 52ª colocação na área.
Saneamento e Sustentabilidade
O acesso a serviços básicos como esgoto, água tratada e coleta de lixo é um dos maiores desafios no estado. Quatro cidades fluminenses estão entre as últimas no ranking:
- Belford Roxo (96º);
- Duque de Caxias (95º);
- São Gonçalo (85º);
- São João de Meriti (81º).
Por outro lado, Niterói se destaca positivamente, alcançando o 3º lugar entre os melhores desempenhos do país nessa área. A cidade de Petrópolis também apresenta um resultado significativo, ocupando a 19ª posição.
Segurança
Indicadores de homicídios por 100 mil habitantes e mortes violentas no trânsito colocam Campos dos Goytacazes (81ª) e Duque de Caxias (77ª) entre as cidades com pior desempenho. Em contrapartida:
- Petrópolis ocupa a 23ª posição;
- Rio de Janeiro está em 42º;
- Niterói aparece em 53º lugar.
Reflexões e recomendações
Os resultados da pesquisa reforçam que os desafios estruturais enfrentados pelos municípios do estado do Rio de Janeiro são complexos e demandam soluções de longo prazo. Segundo Gustavo Morelli, sócio-diretor da Macroplan, a solução exige compromisso com planejamento e continuidade administrativa. “Não é possível resolver problemas históricos em uma única gestão. A visão de longo prazo, associada à boa gestão e à inovação, é essencial para melhorar os serviços públicos e otimizar os recursos,” afirma.
O levantamento também evidencia a importância de reduzir desigualdades regionais, considerando que boa parte dos municípios mais bem avaliados concentra-se no Sul e Sudeste do Brasil, enquanto as cidades com pior desempenho estão em regiões metropolitanas e áreas periféricas.
“O Brasil é marcado por desigualdades históricas, e isso se reflete nos resultados dos municípios. Gerir com base em evidências, adotar boas práticas e priorizar a cooperação entre os entes federativos é fundamental para acelerar o progresso,” conclui Adriana Fontes.