Para marcar o bicentenário da imigração alemã no Brasil, o Museu da Imigração da Ilha das Flores, em São Gonçalo, recebe até o dia 19 de dezembro a exposição Imigração Alemã no Rio de Janeiro. Organizada pelo Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores (CMIIF), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em parceria com a Marinha do Brasil, a mostra explora as ondas migratórias germânicas e seu impacto cultural, social e histórico no estado do Rio de Janeiro.
“Os deslocamentos migratórios internacionais são temas fundamentais para refletirmos sobre o presente, utilizando as experiências do passado como guia. Precisamos promover uma visão mais tolerante sobre a diversidade dos povos,” afirma Luís Reznik, professor da Uerj e um dos curadores da exposição.
Uma jornada histórica: de 1820 a 1945
Dividida em cinco módulos, a exposição reúne banners ilustrativos, documentos históricos e imagens que narram os fluxos imigratórios dos povos de língua alemã entre 1820 e 1945. Esses movimentos migratórios foram impulsionados por crises na Europa Central, incluindo guerras e mudanças políticas. Dados oficiais indicam que, entre 1820 e 1839, 234.579 imigrantes germânicos vieram para o Brasil, consolidando-os como o quarto maior grupo estrangeiro no país.
No estado do Rio de Janeiro, a mostra ressalta a presença de comunidades alemãs em municípios como Nova Friburgo, Magé, Petrópolis e Valença, locais onde os imigrantes contribuíram para o desenvolvimento econômico e cultural.
“Pesquisamos, há mais de dez anos, as diferentes comunidades étnicas do estado e utilizamos parte desse material para celebrar o bicentenário da imigração alemã no Brasil,” explica Reznik. Segundo ele, a exposição é parte de um projeto mais amplo: a elaboração de um atlas histórico da imigração no Rio de Janeiro.
Legado e reflexões culturais
A exposição não apenas celebra as contribuições dos imigrantes alemães, mas também convida o público a refletir sobre os desafios enfrentados por essas comunidades na reconstrução de suas identidades e o impacto mútuo entre seus saberes e os costumes locais.
“Quisemos mostrar como esses imigrantes influenciaram e foram influenciados pelas regiões onde se estabeleceram, além de destacar os desafios que enfrentaram ao reconstruir suas vidas,” acrescenta Reznik.
Inauguração e destaques
A cerimônia de abertura contou com a presença da reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, que destacou o papel da exposição na promoção do conhecimento. “Esse momento é marcante porque resgata a relevância histórica da imigração alemã para a construção do Brasil. A Uerj se orgulha de desenvolver projetos como este, que aliam ensino, pesquisa e extensão,” disse.
O evento reuniu personalidades como o cônsul-geral da Alemanha no Rio, Joachim Schemel, o contra-almirante Reinaldo Reis de Medeiros, o vice-prefeito de São Gonçalo, João Ventura, e membros de famílias que contribuíram com acervos pessoais. Estudantes de escolas públicas, participantes do Programa Forças no Esporte (Profesp), também estiveram presentes.
Visitação gratuita
A mostra conta com o apoio da Faperj e do Consulado-Geral da Alemanha no Rio de Janeiro. O trabalho de curadoria foi realizado por Luís Reznik, Luis Edmundo de Souza Moraes, Rui Aniceto Nascimento Fernandes, entre outros, com design gráfico assinado por Nancy Torres e montagem da Ginga Design.
A exposição é aberta ao público de terça a domingo, das 9h às 17h, com entrada gratuita. O Complexo Naval da Ilha das Flores (CNIF) está localizado na Avenida Paiva, s/nº, Ilha das Flores, Neves, São Gonçalo, RJ. O acesso pela Rodovia Niterói-Manilha pode ser feito pela saída 318, em ambos os sentidos.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 3707-9504.