Edificio A Noite é 97% vendido em um único dia, para empresa que pretende alugar as unidades

97% das unidades do icônico Edifício A Noite foram vendidas em uma tacada só para a Brookfield, que pretende alugá-las. O acontecimento anima mais ainda o mercado imobiliário da região Central Rio

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Edifício A Noite - Foto: Alexandre Macieira | Riotur

A Brookfield anunciou a aquisição de 97% das unidades do Edifício A Noite, um marco arquitetônico e histórico do Rio de Janeiro, localizado na zona portuária da cidade. A transação foi realizada com a incorporadora paulista Azo, que continuará responsável pelas obras de retrofit até a conclusão, prevista para 2027. O edifício, que já foi o primeiro arranha-céu da América Latina, está sendo adaptado para abrigar 434 apartamentos residenciais e espaços comerciais, em um projeto avaliado em R$ 188 milhões. Ele sediou o primeiro jornal fundado por Irineu Marinho e numa operação tão acertada quanto arrojada da Prefeitura do Rio foi comprado da União e revendido à incorporadora paulista, que agora fechou o negócio com a empresa de capital canadense.

A Brookfield pretende transformar o empreendimento em um residencial para locação de curta e média duração, aproveitando o potencial turístico e o movimento de revitalização da região portuária. O modelo, conhecido como “multifamily”, é uma aposta crescente da gestora no mercado brasileiro.

Segundo dados da Sergio Castro Imóveis, maior imobiliária da região central, as unidades pequenas de curta temporada no Centro têm sido alugadas com diária média por 277 reais por dia, e 60% de ocupação. “Isso demonstra o potencial imenso do Centro Histórico do Rio, a região que mais cresce na cidade atualmente e que em alguns anos deve rivalizar com Botafogo na atratividade de moradores”, explica Lucy Dobbin, Superintendente da empresa. “Hoje o Centro é destino turístico e de entretenimento. A região da Praça XV até o Museu do Amanhã virou uma coisa só e já lota aos fins de semana”, explica.

Transformação do A Noite

Com o tombamento do edifício pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto mantém o compromisso de preservar as características originais da construção. A Azo já obteve aprovação para o retrofit, mas ainda aguarda a liberação final do Iphan para os serviços internos, que devem começar em 2024. O órgão ganhou nova Superintendente recentemente, depois de boatos de que a Prefeitura teria “fritado” politicamente seu antecessor, após conflitos de pensamento sobre a forma de revitalizar o Centro.

A transação incluiu 97% das unidades residenciais e comerciais do prédio, deixando apenas 13 apartamentos com a Azo. A Brookfield pretende contratar uma operadora especializada para gerenciar os aluguéis e a ocupação dos apartamentos, que em sua grande maioria possuem vistas deslumbrantes da cidade.

“O A Noite é uma oportunidade espetacular de expandir nosso portfólio e entrar no segmento residencial para locação na cidade do Rio,” afirma André Lucarelli, vice-presidente sênior de investimentos da Brookfield.

Modelo multifamily e expansão no Rio

O modelo multifamily, em que prédios residenciais são destinados exclusivamente para locação, já é uma estratégia consolidada da Brookfield em outras cidades brasileiras. Em São Paulo, a gestora possui 5,7 mil unidades, incluindo edifícios históricos como o Renata Sampaio Ferreira. No Rio, além do A Noite, a empresa adquiriu recentemente o Edifício Glória, na Cinelândia, que também será adaptado para locação.

“Nosso pipeline no Rio é robusto. Planejamos novos empreendimentos residenciais em áreas como a zona portuária e a Barra da Tijuca, com ambições também na Zona Sul,” disse um dos sócios da Brookfield.

Azo e seu papel no mercado carioca

A Azo, tradicional no mercado imobiliário de Campinas (SP), ingressou no Rio de Janeiro com a compra do A Noite em 2023, adquirindo o prédio por R$ 36 milhões em um leilão público. Após a venda à Brookfield, a incorporadora se concentra na execução do retrofit do edifício e na expansão de seus projetos na cidade, com empreendimentos residenciais já lançados na Zona Sul e na Barra da Tijuca. A empresa é ligada aos donos de uma concessionária de água do estado, a Águas do Rio.

“Com a entrada da Brookfield, o A Noite se torna mais do que nunca um projeto de altíssimo nível. Foi muito mais eficiente vender as unidades para uma única empresa do que negociar com 400 compradores,” comentou José de Albuquerque (Buca), CEO da Azo.

Impacto na revitalização da zona portuária

Embora o prédio esteja localizado numa região que alguns diriam ser mais Centro Histórico do que Porto Maravilha, o negócio sinaliza mais um sucesso retumbante na região em que a gestão Paes aposta todas suas fichas. O investimento no A Noite reforça o movimento de revitalização da zona portuária do Rio, um projeto que ganhou força com o Porto Maravilha. Com a chegada da Brookfield e seu foco em locação, a região pode atrair ainda mais turistas e novos moradores, consolidando-se como um polo vibrante e conectado ao futuro do Rio.

“A história da Brookfield com o Rio é muito antiga, e o A Noite é a oportunidade de reforçar nosso compromisso com o progresso da cidade,” concluiu Lucarelli.

A transação foi assessorada juridicamente pelo PMK Advogados, representando a Brookfield, enquanto a Azo foi assessorada pelo escritório Del Mar, Sugino & Advogados.

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