Uma nova moda entre pré-adolescentes e adolescentes tem chamado a atenção e gerado preocupação entre famílias: os perfis “Dix” no Instagram. Essas contas secretas, criadas pelos jovens para postar conteúdos pessoais apenas para amigos selecionados, excluem frequentemente os pais dessa lista de seguidores.
A prática, que começou com celebridades buscando maior privacidade, ganhou popularidade entre os mais novos, que agora utilizam o recurso para compartilhar detalhes íntimos de suas vidas sem a supervisão familiar. Para criar um perfil Dix, basta adicionar uma nova conta no mesmo login, definir o modo privado e escolher um nome de usuário — geralmente com o sufixo “.dix” ou “_dix”, como em “juliadix” ou “joao_dix”. Em casos mais discretos, os nomes são completamente diferentes, dificultando a identificação pelos responsáveis.
Os riscos invisíveis
Priscilla Montes, educadora parental e especialista em Educação Positiva, alerta para os riscos associados a esses perfis. “O conteúdo nas redes é eterno, e essa é uma das primeiras lições que as crianças precisam entender. Fotos ou informações compartilhadas com amigos podem facilmente se espalhar, expondo a criança a situações constrangedoras ou até perigosas.”
O perigo vai além de possíveis constrangimentos. Publicações com fotos de uniformes escolares, clubes ou outros locais identificáveis podem colocar a segurança da família em risco. Além disso, práticas como o sexting — o compartilhamento de imagens íntimas — têm se tornado comuns entre jovens, e o Instagram é uma das plataformas mais utilizadas para isso. O aplicativo, inclusive, oferece um guia para pais, disponível em inglês e espanhol, no site oficial (help.instagram.com).
Educação digital como solução
Priscilla Montes destaca que a solução não passa por proibir ou punir os filhos, mas por construir uma relação baseada no diálogo e na orientação. “Não existe fórmula mágica para evitar que uma criança crie um perfil falso ou esconda algo dos pais. O caminho está em estabelecer uma rotina de conversas sinceras e frequentes, mostrando com fatos os riscos reais das redes sociais e ajudando a desenvolver responsabilidade digital”, afirma.
A especialista também sugere que os pais reflitam sobre o que pode estar motivando os filhos a buscarem refúgio nas redes. “Todo excesso esconde uma falta. O que essa criança procura nos perfis Dix pode ser algo que ela não está encontrando em casa. É essencial criar uma cultura digital familiar, com diálogo aberto e apoio para que a criança não sinta a necessidade de se esconder.”
Atenção e diálogo: o papel das famílias
O universo digital é vasto e desafiador, especialmente para os mais jovens. Por isso, cabe aos pais manterem uma supervisão atenta e promoverem conversas constantes sobre o uso consciente das redes sociais. Preparar as crianças para navegar nesse ambiente com responsabilidade é uma tarefa que exige paciência e empatia.
Com as orientações corretas e uma relação de confiança, é possível minimizar os riscos e garantir que o uso das redes seja uma ferramenta de aprendizado e conexão, e não um motivo de preocupação.