No dia 30 de novembro de 2024, o Botafogo escreveu mais um capítulo glorioso em sua história. Em um final de tarde épico, o time alvinegro venceu o Atlético Mineiro no estádio Monumental de Núñez em Buenos Aires e garantiu o título de campeão da Conmebol Libertadores, o maior da América do Sul. Foi um momento que emocionou milhões de torcedores e reforçou a mística de um clube que sempre renasce, mesmo diante das adversidades.
Foi um jogo emocionante. Logo no início, o jogador Gregore, do Botafogo, foi expulso, o que levou a torcida do Atlético Mineiro ao êxtase, pois seu time jogaria durante quase 90 minutos com 11 jogadores contra apenas 10 do Botafogo.
Isso foi um baque para a torcida botafoguense, mas ela não arrefeceu seus famosos cânticos de incentivo ao time, provando que não é uma “torcida de teatro”, como são algumas outras.
Mesmo sofrendo um ataque intenso do Atlético, devido à superioridade numérica deste, os jogadores do Botafogo, com galhardia, competência e garra, seguraram a pressão adversária. Aproveitando as brechas que o Atlético deixava em sua defesa, o time marcou dois gols.
Logo depois, veio o primeiro gol do Atlético, o que acendeu a tensão: mais um gol do adversário levaria o jogo para a prorrogação e, possivelmente, para uma disputa de pênaltis.
Isso tornou o jogo ainda mais tenso e nervoso. Felizmente, já nos acréscimos finais, o Botafogo marcou mais um gol e selou com chave de ouro sua vitória por 3 x 1, conquistando o tão sonhado título internacional.
Esses altos e baixos, durante um jogo ou até mesmo um campeonato, tornam o futebol um espetáculo apaixonante. Nossos corações e mentes ficam em alerta a cada minuto de tensão.
Essa tensão nos jogos e nos campeonatos é o que me faz amar o futebol.
E torcer pelo Botafogo é como viver: a vida não é feita apenas de vitórias.
Como nos ensina a sabedoria popular, o mais forte e o mais poderoso não é o que nunca cai. E sim o que cai e consegue se levantar depois de cair.
O coração do botafoguense é forte e resistente. Calejado pelas lutas, vitórias e derrotas, ele resiste bem às intempéries dos jogos e dos campeonatos.
Como sempre dizemos, torcer pelo Botafogo não é moda. É tradição.
No estádio, naquele dia histórico, estavam eu, meus dois filhos e meu irmão, torcendo com entusiasmo e amor. Somos uma família de botafoguenses com muito orgulho.
Minha esposa ficou sozinha em Porto Alegre, onde mora meu filho mais velho, porque ela fica muito nervosa nos jogos do Botafogo. Ela não teria condições de assistir à partida no estádio e nem mesmo na televisão.
Para piorar, estando em Porto Alegre, ela não pôde sequer ouvir a vizinhança gritando quando o Botafogo marcava seus gols.
Ah, e antes que alguém diga que, mesmo que estivesse no Rio, ela não ouviria gritos porque nossa torcida seria pequena, já adianto que isso é intriga dos adversários. A quantidade de botafoguenses que lotaram Buenos Aires e o estádio Monumental naquele dia está aí para provar que não é bem assim.
Torcer pelo Botafogo é como viver. Não é uma jornada linear de vitórias fáceis, mas uma alternância de altos e baixos que fortalece o caráter de quem veste o preto e branco. A cada derrota, o Botafogo ensina que o importante não é apenas ganhar, mas aprender a perder com dignidade e a voltar mais forte. É uma lição poderosa, especialmente para as crianças botafoguenses, que crescem entendendo que a vida exige resiliência, paciência e, acima de tudo, esperança.
Quando uma criança se torna botafoguense, ela aprende a valorizar mais do que os troféus. Ela descobre a força de superar desafios e a alegria de ver a estrela solitária brilhar no horizonte, mesmo após momentos de escuridão.
O símbolo do Botafogo, a Estrela Solitária, nasceu no Club de Regatas Botafogo. Inspirada pela luz de Vênus – confundida com uma estrela nos treinos matinais na Lagoa Rodrigo de Freitas – ela foi adotada como símbolo de determinação e inspiração. Com a fusão com o Botafogo Football Club, em 1942, a estrela tornou-se o emblema oficial do clube unificado, simbolizando a união entre passado, presente e futuro.
Essa estrela também reflete a capacidade do Botafogo de se renovar e brilhar novamente. Assim como as estrelas do universo, que, ao morrerem, espalham elementos que dão origem a novas estrelas, o Botafogo transforma suas dificuldades em novas forças.
O renomado cientista Carl Sagan disse: “Somos todos feitos de poeira de estrelas”. Assim como as estrelas criam novos elementos ao explodirem, o Botafogo, em seus momentos mais difíceis, renasce com uma força que só o alvinegro sabe de onde vem. A resiliência do time e de sua torcida é uma lição para a vida: mesmo na derrota, há espaço para brilhar novamente.
A vitória sobre o Atlético Mineiro foi o resultado não só do talento e da determinação do time e da competência de um técnico, mas também da força de sua torcida. Uma torcida que, ao longo das décadas, se manteve fiel mesmo nos momentos mais difíceis. É essa resiliência que faz do Botafogo um clube diferente, onde a paixão não depende apenas de conquistas, mas do amor incondicional por uma história rica e única.
O título de campeão da América não é apenas mais um troféu; é a prova de que o Botafogo nunca deixa de brilhar. Sua estrela solitária, agora ainda mais radiante, ilumina o caminho para novas gerações de torcedores e atletas que continuarão a escrever essa história de superação, paixão e fé.
Como sempre falamos: “Não acredito em astrologia, mas minha vida é guiada por uma estrela”.
Porque torcer pelo Botafogo é acreditar que, mesmo quando a noite parece mais escura, há uma estrela que nunca deixa de brilhar. A estrela solitária, que guia e inspira, é eterna – assim como o Botafogo.
É muito bom ser Botafogo. Ninguém ama como a gente.