Se engana quem pensa que os bairros mais populosos da cidade, em sua grande parte na Zona Oeste, são também os mais densos do município. Apesar de contarem com populações equivalentes ou até maiores que muitos municípios brasileiros, esses bairros mais afastados do Rio contabilizam grandes populações devido à sua vasta extensão territorial, diferentemente das áreas mais urbanizadas do Rio.
Campo Grande e Santa Cruz, que lideram a lista do último Censo, ainda preservam a ideia de um Rio rural, com extensos loteamentos, áreas de sítio e até regiões sem sinal de telefone, o que parece raro na capital. Mesmo com o crescimento acelerado, essas características rurais persistem, algo que a própria Prefeitura do Rio deseja combater, incentivando a migração de cariocas para áreas mais densas e consolidadas, onde já existe uma infraestrutura estabelecida.
Entre os bairros mais densos da cidade, de acordo com o último censo, estão o Catete, Copacabana, Lapa e Flamengo. Esses bairros, localizados em áreas mais centrais e urbanizadas, apresentam uma alta densidade populacional devido à sua infraestrutura consolidada e à menor extensão territorial. Em termos absolutos e incluindo as favelas, algumas já reconhecidas como bairros pela Prefeitura do Rio, Rocinha e Jacarezinho lideram a lista.
Para efeito de comparação, o bairro mais populoso, Campo Grande, com cerca de 352 mil habitantes, possui uma densidade populacional de 1.739 habitantes por km². Já o Catete, com 93% menos habitantes que Campo Grande, tem uma densidade de 33 mil habitantes por km².
O adensamento de certos bairros centrais gera problemas como caos no trânsito (com consequente poluição sonora e do ar), aumento do volume de esgoto na região, inflação do mercado imobiliário, aquecimento do micro clima do local (muitos prédios altos retêm calor e interferem na circulação natural de ar), dentre outros.
A ocupação de áreas mais periféricas da cidade exige investimentos massivos em transporte coletivo e na expansão de serviços básicos (saneamento, eletricidade, telecomunicações, saúde, educação, etc), além de devastar matas e outras áreas verdes.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Como não estamos muito dispostos a fazer as coisas direito e com planejamento sério, a cidade vai virando esse monstro disforme, tornando a vida de seus cidadãos cada dia mais inviável.
Se for para insistir em concentrar a população nas capitais e nas cidades grandes, há que se mudar a lógica de deslocamento das massas (priorizando transporte coletivo ou alternativo), gerar empregos de qualidade por toda a cidade (reduzindo a necessidade de longos deslocamentos diários) e arborizar todo o espaço urbano, criando/mantendo bolsões verdes, para minimizar os efeitos do calor.
Há muito o que (re)fazer. Quem está disposto a fazer bem feito, sem privilegiar o alto lucro de uma meia dúzia de empresários gananciosos?