Rio de Janeiro tem o pior tempo de deslocamento para o trabalho entre oito capitais

Pesquisa do Instituto Cidades Responsivas revela deficiências no transporte público e na conexão entre residências e empregos.

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Foto: Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

Um estudo do Instituto Cidades Responsivas acendeu um alerta sobre a mobilidade urbana no Rio de Janeiro: a cidade apresenta o pior tempo de deslocamento para o trabalho entre oito capitais brasileiras analisadas. A pesquisa, baseada no Indicador de Mobilidade Urbana, considerou o número de postos de trabalho acessíveis em até 45 minutos de transporte público a partir das residências.

O Rio de Janeiro obteve o menor índice entre as cidades avaliadas, com apenas 0,13. Isso significa que há uma baixa conexão entre residências e oportunidades de emprego acessíveis por transporte público em até 45 minutos. Belo Horizonte, com índice de 0,36, apresentou o melhor resultado na pesquisa. O Rio também teve uma performance ruim quando considerado o deslocamento por automóvel, ficando à frente apenas de Fortaleza e Salvador.

A pesquisa revelou que o tempo de deslocamento varia de acordo com a região da cidade. A Zona Sul, o Centro e parte da Zona Norte têm os menores tempos de deslocamento, enquanto a Zona Oeste e os bairros mais distantes do Centro apresentam as maiores dificuldades.

Guilherme Dalcin, cientista de dados do Instituto Cidades Responsivas, explica que o Indicador de Mobilidade Urbana mede a eficiência do sistema de transporte e o acesso a oportunidades de emprego. “Quanto maior o valor do indicador, maior o número de oportunidades às quais as pessoas têm acesso de forma rápida”, afirma.

O estudo se baseou no conceito de acessibilidade ao trabalho proposto pelo urbanista Alain Bertaud, que considera deslocamentos de até uma hora como aceitáveis em grandes cidades. No entanto, a pesquisa utilizou um critério mais rigoroso, com tempo máximo de 45 minutos.

Luciana Fonseca, diretora do Instituto Cidades Responsivas, aponta a extensão territorial e as características geográficas do Rio como fatores que contribuem para a ineficiência do transporte público. Ela destaca a importância de investir em planejamento urbano e em políticas que incentivem o uso misto do solo, com a criação de bairros que integrem moradia, comércio e serviços.

Filipe Simões, especialista em mobilidade urbana, cita o projeto Reviver Centro como uma iniciativa positiva para a reocupação da área central da cidade. Ele também defende a intervenção na região do Sambódromo, que prevê a construção de moradias em áreas subutilizadas.

O cenário de dificuldades na mobilidade urbana se agrava com o recente aumento das tarifas de ônibus e trem. A passagem de ônibus subiu para R$ 4,70 e a tarifa do trem passará para R$ 7,60 em fevereiro.

A Secretaria Municipal de Transporte do Rio (SMTR) afirma que a pesquisa reforça a importância de políticas públicas que promovam a reocupação do Centro e a melhoria do transporte público.

Com informações do O Globo.

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11 COMENTÁRIOS

  1. Quando veio a pandemia e a prisão de membros da família Barata muitas linhas de ônibus desapareceram e até hoje não voltaram
    E as que voltaram tem muito poucos ônibus o que acarreta intervalos enormes

  2. Infelizmente projetos Imobiliário estão sendo, em sua maioria nessas regiões centrais, para inglês ver… coko esse Reviver Centro.

    Literalmente as vendas nos lançamentos imobiliários, esgotandos-se em poucas horas, são na maior parte aquisições por investidores e muitos deles estrangeiros, todos visando renda futura, seja com venda ou locação, principalmente temporada. Tem matérias noticiando que até 80% dessas vendas.

  3. Em muitos países desenvolvidos, há políticas de governos para o desenvolvimento urbano a fim de que pessoas tenham menor tempo de deslocamento de casa ao trabalho, considerando ainda o bem estar social (tempo para família), neste sentido, como razoável meia hora aproximadamente.
    Seja com vias de ligações de alta velocidade entre regiões por meio longas e largas vias expressas (até sem limite de velocidade como na Alemanha) bem como estações de metrô e trem de alta velocidade.

    Aqui é uma bagunça. Seja a política habitacional, que empurra mais e mais trabalhadores para periferia, quando não jogando-os nas garras de quem faz do Mercado Imobiliário um negócio viver de renda, ou seja também na política de transporte, no tímido metrô com linhas com ligações e distância de estações sem sentido algum.
    Até o metrô do Cairo, no Egito, está mais desenvolvido que do RJ embora começado depois…

  4. Além de promover a expansão do transporte público mais eficiente de massa, que é o metrô, bem como interligação com outros modais, como VLT, ônibus, e ainda alternativo individual, como bicicleta e patinete, em especialmente deveria também ter atuação na regulação do Mercado Imobiliário e Habitação.
    Não há de conceber como razoável que pessoas adquiram aos montes, individualmente, imóveis residenciais, muitos deles no lançamento, apenas como investimento, isto é, rentismo.

  5. A situação dos transportes piorou a olhos vistos, principalmente os ônibus municipais. O prefeito só tem olhos para o BRT. Desde 2009 vem precarizando o serviço. Linhas sumiram, outras mudaram de numerção, inventaram termos como “troncal”, “integrada”, “sub variante”,… vários ônibus com ar desligado, a frequência de certas linhas piorou muito.

  6. E pelo visto o Diário do Rio quer piorar essa situação botando quem trabalha em home office de novo no presencial pra melhorar as finanças das imobiliárias, né?

  7. E ainda estamos nesse imbróglio do Jaé- RioCard! Fora que absurdamente os idosos na faixa de 60-64 anos ainda pagam passagem! Outras capitais,as mais deferentes em cidadania e reconhecimento da 3a idade não fazem!

    • O transporte público em Belo Horizonte é carente e não dispõe de modais diversificados. São Paulo é enorme geograficamente e é a cidade que tem a maior oferta de transporte público e mesmo assim tem problemas. Pra quem gosta de estatísticas basta comparar a população das cidades com o tamanho das frotas disponíveis e considerar os enormes engarrafamentos e a consequente perda de tempo para chegar ao destino. O problema da mobilidade urbana não se resume a oferta de transporte, tampouco a distância entre residência e trabalho. A solução não é estatística, envolve modais diversos e a integração entre estes e muito investimento o que tem sido feito pela Prefeitura do Rio.

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