Nesta quarta-feira (15), a Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso, localizada no Centro da capital fluminense, recebeu a imagem histórica e peregrina de São Sebastião, Padroeiro do Rio de Janeiro. A cerimônia de recepção da imagem e a celebração da Trezena do Santo, realizadas pelo Cardeal Arcebispo Dom Orani Tempesta, no templo pertencente à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, foi um verdadeiro sucesso, com mais de 400 devotos presentes.
Um dos belos momentos da recepção foi a procissão acompanhada pelos alabardeiros e gaiteiros do Marinha do Brasil, que acompanharam a histórica imagem desde o pórtico da Santa Casa até a Igreja, onde o Coral Astorga da soprano Juliana Sucupira acompanhou a celebração. A imagem atravessou o Hospital Geral da Santa Casa, o mais antigo do Rio, fundado por São José de Anchieta.
O evento religioso contou com as presenças do Provedor da Santa Casa, Dr. Francisco Horta; do escrivão e do tesoureiro da instituição, Dr. José Galvão e Dr. Fernando Chacur, além do Mordomo dos Prédios, Dr. Claudio André de Castro e outros irmãos. Todos recepcionaram a Imagem de São Sebastião levada por Dom Orani Tempesta. Entre os religiosos destacam-se as presenças do Cônego Cláudio, da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro; do Padre Wagner Toledo, Vigário-episcopal Urbano; e do Capelão da Santa Casa, Padre Marco Lázaro. A chegada foi ao som dos gaiteiros que entoaram a canção “amazing grace”, emocionando os presentes e os passantes da rua Santa Luzia.
A tradicional Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) prestigiou a recepção com a presença do presidente Elmair Neto, que fez as articulações para que o Santo Padroeiro recebesse honras militares na sua chegada, com a presença dos alabardeiros em uniformes históricos.
Durante a celebração, Dom Orani ressaltou a importância histórica da imagem de São Sebastião, que foi retirada da antiga catedral, localizada no Morro do Castelo, e onde se encontra a Santa Casa da Misericórdia, um dos poucos edifícios remanescentes do velho complexo. O religioso ressaltou que, apesar de ser uma réplica, a imagem deve fazer o carioca valorizar as suas origens e olhar para frente, com esperança e otimismo. Na ocasião, o sacerdote também abordou a importância do Jubileu “Peregrinos da Esperança”, lembrando que São Sebastião também foi um peregrino e um exemplo de Fé e coragem. O cardeal também ressaltou a importância do trabalho filantrópico da entidade quatrocentona.
A visita da imagem peregrina promoveu o seu reencontro com os altares maneiristas originais que pertenceram à Catedral do Morro do Castelo e que agora se encontram na Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que é um ícone do Centro Histórico do Rio. O provedor Francisco Horta agradeceu a presença do Arcebispo e frisou o orgulho que a comunidade católica do Rio tem do seu incansável apostolado.
Apinhada de devotos e curiosos que se emocionaram com o Hino a São Sebastião entoado pelo coral, a recepção a São Sebastião contou com a cobertura de vários veículos de comunicação, com destaque para a Rádio Catedral e a Agência Brasil, além do DIÁRIO. A Celebração foi gravada e pode ser assistida no YouTube, clicando aqui.
A Trezena de São Sebastião continua. O Cardeal Dom Orani segue peregrinando com a imagem do Padroeiro por quase todas as paróquias da cidade do Rio de Janeiro até 20 de janeiro, quando é celebrado o dia do Santo Padroeiro.
No Santuário Basílica de São Sebastião Frades Capuchinhos, também conhecida como Igreja dos Capuchinhos será celebrada uma Missa em homenagem ao Santo, na próxima segunda-feira, dia 20 de janeiro. Lá fica a imagem original do Santo guerreiro. A Igreja fica na Rua Haddock Lobo, 266, na Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Momento Memorável
A celebração desta quarta-feira foi um momento memorável, pois a Santa Casa da Misericórdia, dona da edificação, reabriu a belíssima e histórica Capela, para receber a também histórica imagem de São Sebastião, cujo traslado é parte da Trezena em honra ao Santo Padroeiro.
No ano passado, a Santa Casa comemorou 442 anos conquistando resultados positivos na sua luta para sair de uma grave crise. O Provedor Francisco Horta e sua equipe anularam cobranças fraudulentas e recuperaram propriedades importantes para a instituição e a história do Rio de Janeiro; a entidade vem quitando dívidas com seus funcionários e atuando para a melhora de sua receita.
A Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso é uma grande pérola da Igreja Católica. A visitação à Igreja é uma grande oportunidade para cariocas e fluminenses conhecerem o templo, que data de 1582, e tem altares maneiristas. A atual edificação, que no momento só recebe celebrações em datas especialíssimas, guarda os altares da Igreja original erguida pelos Jesuítas no alto do Morro do Castelo. Está nos planos da Irmandade voltar a abrir a igreja diariamente no segundo semestre.
Trezena de São Sebastião
Ao DIÁRIO DO RIO, o Padre Marco Lázaro, capelão da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, explicou que a realização da Trezena de São Sebastião 2025 representa uma ação muito importante de evangelização da Santa Igreja, que visa a ampliar a sua presença na cidade, retomando de certa forma as tradições históricas das velhas procissões, algumas das quais eram organizadas pelas próprias irmandades.
“A Trezena de São Sebastião 2025 é um exercício pastoral arquidiocesano inaugurado pelo Cardeal Dom Orani no início do seu ministério à frente de Arquidiocese do Rio de Janeiro. Muito sensível à comunicação, além de um comunicador de massa, percebeu a importância de unir o Carisma do Padroeiro São Sebastião à vocação da cidade do Rio de Janeiro, que é um lugar de encontros entre pessoas e povos de todo o mundo, especialmente no fim e no início do ano. Diante disso, Dom Orani inseriu a festa do Santo Padroeiro no universo da Nova Evangelização, per meio do qual Cardeal leva o sagrado aos lugares profanos, utilizando os atuais e diversos canais de comunicação contemporâneos, ampliando a presença da Igreja Católica pela cidade do Rio,” explicou o religioso ao jornal.
Devoção a são Sebastião no Rio de Janeiro
A devoção ao Padroeiro da cidade começa com a chegada dos primeiros colonizadores portugueses ao que viria a se tornar o Rio de Janeiro. Eles acreditavam que São Sebastião os protegia contra a peste, guerras, entre outros males.
A celebração do seu dia, em 20 de janeiro, está ligada ao martírio de Sebastião. No dia citado do ano de 287, dia dedicado à adoração do imperador Diocleciano, que perseguia os cristãos, Sebastião, cheio do Espírito Santo, confrontou o imperador e reprovou-lhe a crueldade contra os devotos de Cristo.
Diocleciano ficou furioso e mandou que os soldados romanos açoitassem Sebastião até a morte. O martírio deu início ao culto por conta da sua força, destemor e dedicação à Palavra de Jesus Cristo. Tal fervor foi trazido para o Brasil pelos colonizadores portugueses, que o viam como protetor das grandes desgraças, especialmente às relacionadas às viagens marítimas, cravejadas de riscos e doenças.
Nascido nascido em Milão, Itália, Sebastião era órfão de pai e foi educado na religião cristã por sua mãe. Em Roma, abraçou a carreira militar, sendo admitido na guarda pretoriana, responsável pela segurança do imperador. Com isso, Sebastião queria ajudar os irmãos de fé, perseguidos e encarcerados.
Em 284, Diocleciano chegou ao poder para defender as fronteiras do Império Romano contra os povos da Europa central e oriental. A anarquia e a corrupção dominavam as repartições públicas, e a religião oficial era desrespeitada.
Visando à unificação religiosa, Diocleciano esforçou-se para restabelecer a ordem, tendo como um dos focos submeter os cristãos à adoração aos deuses romanos. Com isso, deu início a 13 anos de uma sangrenta perseguição contra os seguidores de Cristo, aprisionados, julgados e mortos cruelmente.
Sebastião, no entanto, manteve-se firme em sua fé, dedicando-se ao conforto de prisioneiros, amparo aos pobres e à pregação do evangelho, sobretudo nas prisões e catacumbas.
Com agudização dos conflitos, Sebastião percebeu que se aproximava o momento de dar testemunho da sua fé, com o seu martírio. Diante do tribunal do govenador de Roma, após uma denúncia de traição, ele se declarou cristão e denunciou as injustiças praticadas contra os seus companheiros de fé.
Diocleciano tentou fazê-lo abjurar o cristianismo, sem sucesso. O imperador, então, o condenou a morrer a flechadas pelas mãos dos hábeis arqueiros, amarrado numa árvore. Ao final dos ataques, o seu corpo foi recolhido pelos cristãos que perceberam que Sebastião estava vivo.
Tratado, voltou a andar, mas não sobreviveu à pena de severos açoites imposta pelo imperador romano, vindo a falecer em 20 de janeiro de ano 287.
Com a morte de Diocleciano, o imperador Constantino concedeu liberdade de culto a todos os cristãos, no ano 313.