O escritor Affonso Romano de Sant’Anna morreu nesta terça-feira (04/03), aos 87 anos, em casa, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Em 2017, ele havia sido diagnosticado com Alzheimer. Sant’Anna era casado desde 1970 com a escritora Marina Colasanti, que morreu há cinco semanas.
Nascido em Juiz de Fora (MG) em 1937, e criado em Belo Horizonte, Sant’Anna é um dos poetas mais prolíficos da literatura contemporânea, e publicou mais de 60 livros, entre crônicas e poesia.
Fez a graduação e o doutorado em letras na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com tese sobre Carlos Drummond de Andrade, e deu aulas nos Estados Unidos depois de quase ser impedido de viajar após o golpe de 1964. Radicou-se no Rio de Janeiro no fim dos anos 1960 e criou o curso de pós-graduação em literatura na PUC Rio. Nos anos 1990, presidiu a Fundação Biblioteca Nacional, que ajudou a modernizar, e atuou para a popularização da leitura no Brasil.
Affonso Romano de Sant’Anna publicou obras marcantes como “Que País É Este?” (1980), “O Canibalismo Amoroso” (1984), “O Imaginário a Dois” (1987), em parceria com Colasanti e “Vestígios” (2016), que ganhou o Prêmio Jabuti.
Os versos mais famosos, publicados no fim da ditadura, simbolizaram a degradação do país sob o regime militar. O velório do escritor será nesta quarta-feira (5) no Cemitério da Penitência, no Rio de Janeiro.
Em nota, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) lembrou que o escritor se destacava pela “sensibilidade e profundidade com que abordava temas sociais, culturais e políticos (…). Sua escrita ajudou a moldar debates fundamentais sobre o país”.