Falta de mobilidade urbana limpa

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Benef[icios da Bicicleta

Vimos na cerimônia de abertura das Olimpíadas, um forte apelo para a preservação do meio ambiente e o bom uso da natureza, aclamação de nossa bela flora, bem como o uso de bicicletas (na verdade triciclos) liderando cada uma das delegações que adentravam o Maracanã. O Brasil queria passar uma mensagem de ambientalmente correto para o mundo. Na cerimônia foi tudo lindo, mas infelizmente as políticas brasileiras voltadas ao meio ambiente são uma vergonha, sendo assim a cerimônia de abertura mostrou tudo aquilo que o Brasil não faz.

Foquemos na relação da mobilidade urbana com o meio ambiente. Além de transportar pessoas, um modal de transporte público inserido em uma região urbana, também influencia o meio ambiente, o urbanismo e a habitação do lugar. Esses fatores juntos afetam positivamente ou negativamente a qualidade de vida da população. Aqui no Rio não temos nenhum ônibus elétrico ou elétrico/hibrido. Comprar um carro elétrico no Brasil é um desafio. O Brasil é um país onde as bicicletas tem um preço elevado em comparação a outros lugares do mundo, uma boa bicicleta urbana não sai por menos de 600 reais. E ainda tem o equipamento de segurança (capacete, luvas, espelhos, luzes etc). Uma bicicleta elétrica dificilmente sairá por menos de 3 mil reais. As políticas de segurança para o ciclista não funcionam, além disso as ciclovias são feitas sem nenhum compromisso com a qualidade, algumas até caem e tiram a vida do pagador de impostos. Logo a mobilidade por bicicleta, que seria tão importante para as nossas cidades, é uma das mais injustiçadas pela total falta de visão para com o interesse público. Tudo isso faz a cerimônia olímpica “verde” parecer uma grande hipocrisia.

Ciclovia da Niemeyer que despencou em abril de 2016, um dos símbolos da falta de responsabilidade com as obras públicas
Ciclovia da Niemeyer que despencou em abril de 2016, um dos símbolos da falta de responsabilidade com as obras públicas

Apenas para explicar ao leitor, um ônibus ou carro hibrido é aquele que possui dois motores, sendo um elétrico e um a diesel. Existem diversas modalidades de operação, mas geralmente apenas o motor elétrico impulsiona o veículo, o motor a diesel é usado como um gerador, que alimenta o motor elétrico, existem ainda veículos 100% elétricos e também aqueles que o motor a diesel também pode ser usado para mover o veículo, em caso de ultrapassagens, por exemplo. Essa combinação de motores faz com que o consumo de combustível de um ônibus hibrido seja cerca de 30% menor que um ônibus a diesel. Um ônibus hibrido polui cerca de 50% a 90% menos em relação a um ônibus a diesel. Como o motor elétrico funciona quase todo o tempo e o a diesel opera bem menos, o veículo hibrido é consideravelmente mais silencioso que um carro ou ônibus que queima somente combustíveis fosseis.

     Em São Paulo existe até ônibus a hidrogênio trafegando nas ruas, como o da foto acima, o hidrogênio é apontado por muitos como o combustível do futuro
Em São Paulo existe até ônibus a hidrogênio trafegando nas ruas, como o da foto acima, o hidrogênio é apontado por muitos como o combustível do futuro

Mesmo com todas as vantagens dos combustíveis alternativos, ainda encontramos muitos empecilhos para o aumento no número de veículos híbridos e/ou elétricos. Aqui no Rio a administração pública não pensa a longo prazo. Já estive em diversas conferencias sobre mobilidade e sempre alegam a velha desculpa de que “ônibus hibrido é muito caro”, aliás a mesma desculpa é usada muitas vezes para não se expandir o metrô. “O metrô é muito caro”. Sim, essas tecnologias são caras, grande parte dessa culpa são dos altos impostos que incidem sobre veículos, além do velho e perverso superfaturamento em grandes obras, como é o caso do metrô. Porém o pior não é gastar dinheiro investindo em metrô ou combustíveis limpos, o pior é não investir, ou jogar dinheiro fora em projetos que não visam a boa técnica e o longo prazo. Dados da FIRJAM indicam que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro perde cerca de R$24 bilhões/ano devido aos engarrafamentos, que obviamente provocam aumento na poluição e consequente perca de qualidade de vida, problemas que afetam principalmente a saúde pública. Os 24 bilhões de reais viabilizariam 48Km de metrô.

Um ônibus hibrido custa em média 600 mil reais, enquanto um ônibus comum a diesel custa cerca de 350 mil reais, porém o ônibus hibrido consome 30% menos combustível. Uma empresa de ônibus que opera na região norte de Los Angeles, nos EUA, adquiriu 80 ônibus 100% elétricos e afirma que irão economizar algo em torno de 46 milhões de dólares em relação a uma operação com ônibus comuns. Importante ressaltar que os veículos elétricos possuem uma vida útil maior que os ônibus a diesel.

ônibus hibrido que opera em Curitiba

 São Paulo possui uma frota de 200 ônibus trólebus (100% elétricos), Curitiba possui 30 ônibus híbridos, Recentemente Bogotá, capital da Colômbia, adquiriu 50 ônibus híbridos. Nova York começou a utilizar ônibus híbridos em 1998, estamos em 2016 e no Rio de Janeiro ainda rodam ônibus com chassis de caminhão, que além de serem barulhentos e poluidores, são péssimos de acessibilidade. Que papelão para uma cidade que sediou a Eco 92, a Rio +20 e sediará as Paraolimpíadas.

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