A segunda e última noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval Carioca 2018 ultrapassou a expectativa de bons desfiles e teve todas as escolas fazendo grandes apresentações, o que mostra o equilíbrio e a excelência da primeira divisão do samba.
A Unidos da Tijuca fez um desfile muitíssimo animado e que se conectou bastante com as arquibancadas, com a ajuda das diversas personalidades que participaram para homenagear Miguel Falabella. A bateria, vestida de Caco Antibis, foi muito bem. Tecnicamente, uma apresentação correta, embora com alegorias menos rebuscadas do que algumas concorrentes. No 5o carro, a mistura de Mulher Aranha com Dom Quixote não funcionou muito bem. A presença de pessoas sem fantasia, com camisas da escola, dentro da ala dos compositores, que faz parte oficialmente do desfile, chamou a atenção negativamente.
A Portela, atual campeã ao lado da Mocidade, fez um desfile de alto nível, com as cores e a qualidade de Rosa Magalhães. A animação dos componentes era enorme e o canto muito alto. A escola merece boas notas em harmonia. Mas as alegorias 2 e 3 tinham problemas de acabamento. Sendo que a segunda tinha um mecanismo que não funcionava. A bateria e o carro de som pareceram se equivocar em alguns momentos. Vale ficar de olho nas notas. A agremiação de Oswaldo Cruz e Madureira pode estar nas primeiras posições, mas talvez os detalhes impeçam um bicampeonato.
A União da Ilha fez um desfile muito alegre e com um colorido muito bonito. Algumas alegorias estavam em um nível acima das demais, mas no geral o carnavalesco Severo Luzardo está de parabéns. Um dos melhores desfiles da Ilha dos últimos anos, que a credencia a batalhar por uma posição nas campeãs. O tema culinária animou a Sapucaí e o público gostou quando conhecidos chefs de cozinha passaram no último carro.
O Salgueiro fez um desfile com muitos acertos: bom canto dos componentes, conexão com as arquibancadas, belas alegorias e fantasias, boa evolução e uma apresentação compacta. Entre os poucos pontos negativos, o primeiro carro mostrava algumas avarias resultantes de choque com o viaduto na concentração e o desenvolvimento do enredo talvez pudesse ter sido melhor. O Salgueiro saiu da Avenida ouvindo gritos de “É Campeã” e pode atender a esse chamado.
Mantendo o alto nível da segunda-feira, a Imperatriz fez um desfile extremamente bonito, com belas fantasias, alegorias bem detalhadas e impactantes e uma bateria talentosa. A escola acelerou da metade para frente da apresentação para não estourar o tempo máximo e conseguiu respeitar o limite, embora possa perder pontos por ter corrido. O enredo sobre o Museu Nacional e a Quinta da Boa Vista foi interessante e bem transmitido.
A Beija-Flor entrou na Sapucaí com todos cantando o samba: O intérprete Neguinho, os componentes, as arquibancadas, as frisas e os camarotes. A crítica à corrupção, à desigualdade e à intolerância reverberou no público, mostrando o momento que o Brasil vive e como isso impacta a opinião pública. Com carros alegóricos muito bonitos e criativos, fantasias impecáveis e boa evolução, a Beija-Flor encerrou seu desfile pedindo paz, tolerância e redução da corrupção e das desigualdades e se colocando como uma das favoritas ao título.
Pela qualidade das escolas de segunda, as duas rebaixadas devem sair das apresentações de domingo. O Império Serrano está praticamente rebaixado e a São Clemente deve acompanhar, embora valha ficar de olho nas consequências dos problemas da Grande Rio.