Por que a esquerda é contra a Intervenção?

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Nenhum carioca está feliz ou extasiado com a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. Trata-se de um motivo de alívio e não de celebração. Afinal, o fato de o Rio ter chegado a um ponto tão caótico não é animador para ninguém. Ao contrário, é triste e até paralisante.

A decisão da intervenção tampouco foi tomada por Temer, Rodrigo Maia e Pezão com alegria. Todos reforçaram o entendimento de que estamos diante de uma medida necessária e emergencial, último recurso para tentar restabelecer a ordem de um território onde o poder público perdeu as condições de garantir a segurança, seja na gestão, na questão financeira ou na fiscalização das maçãs podres das forças de combate ao crime.

O Rio de Janeiro precisa da intervenção. É a realidade dos fatos que traz essa conclusão. Não é o querer de alguém.

Sendo assim, causa no mínimo estranheza ver lideranças políticas criticando a decisão. Por um lado, a esquerda se recusa, por questões ideológicas, a reconhecer a calamidade em que estamos vivendo no Rio: Vidas perdidas todos os dias, liberdade de ir e vir prejudicada, medo constante, aplicativos de celular avisando onde tem tiroteio e um toque de recolher voluntário da população. Sem dúvida o investimento em educação, a geração de mais igualdade de oportunidades e o fomento ao esporte e à cultura são o único caminho sustentável para reduzir a criminalidade. Ninguém discorda disso. Mas em um momento como o atual, emergencial, algo tem que ser feito que não seja apenas assistir a criminosos com fuzis dominando territórios, quadrilhas roubando cargas e menores fazendo arrastões. A intervenção é uma medida de exceção para um momento de exceção. Estamos quase em uma guerra civil e não adianta a esquerda negar os fatos pois enxerga tudo pelo viés marxista. Quem está com um fuzil atirando na polícia não está aberto ao diálogo e não vai participar de plenárias na Lapa.

Por outro lado, é curioso ver que algumas lideranças da direita também são contrárias a algo que, teoricamente, atende aos seus anseios de lei e ordem. Talvez nesse caso se trate de uma avaliação oportunista de que o eventual sucesso da intervenção prejudica chances eleitorais neste ano de 2018. Aquilo que alguém poderia prometer fazer, já terá sido feito, esvaziando a promessa.

No fim das contas cabe a cada um deixar de lado nesse momento suas crenças ideológicas dogmáticas e suas aspirações eleitorais. Estamos falando de vidas humanas, de paz, de uma sociedade que busca se recuperar de uma doença. É hora de salvar o paciente, mesmo que o remédio seja amargo. Temos que apoiar, torcer, mas também cobrar. E criticar de forma legítima os possíveis equívocos ou decisões arbitrárias.

Enquanto certas lideranças políticas de esquerda estão no Leblon dizendo defender os mais humildes, os negros e as mulheres nessa luta contra a intervenção, os mais humildes estão rezando pelo sucesso da medida para poderem dormir em paz, os negros querem criar seus filhos sem medo, as mulheres desejam possuir suas casas sem receio de serem expulsas delas e abrirem seus pequenos negócios com a certeza de um amanhã sem tiros de fuzil. Sejamos francos e deixemos de lado o mimimi, pelo menos agora. A população quer providências e atitude, não quer blablabla.

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