Reciclagem é o tema da segunda matéria da série #RiodeLixo, que expõe problemas e destaca ideias de soluções para a questão do lixo no Rio de Janeiro. Estima-se que apenas 1,9% dos resíduos são tratados em nosso estado. Uma proposta, criada durante a Rio+20 e posta em pauta outra vez no ciclo Olímpico, ajudaria neste problema, mas não saiu do papel por completo.
Em 2012, na Rio+20, para acabar com Aterro de Gramacho e dar novos rumos ao tratamento do lixo no Rio de Janeiro, um projeto de R$ 50 milhões, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) a fundo perdido – ou seja, sem volta -, destinado à Prefeitura do Rio e repassado para a Comlurb, tinha como intuito maior a construção de 6 galpões de reciclagem, que seriam geridos por cooperativas locais.
Dos 6 galpões, apenas 1 ficou pronto como deveria. É a Central de Triagem (CT) de Irajá, Coopfuturo, onde trabalha um grupo de 38 pessoas (a maioria mulheres, principalmente senhoras), fazendo um pouco de tudo. Recebem 150 toneladas de lixo por mês. Comercializam 120, já reciclados, desse montante.
“Nosso trabalho é muito importante, nos trás dignidade e faz um bem pra toda uma sociedade, todos os meses deixamos de enterrar toneladas de resíduos, transformamos em matéria prima, devolvemos ao ciclo produtivo”, conta Evelin Marcele de Brito, presidente da Coopfuturo, CT de Irajá.
Na Zona Portuária, um galpão vazio seria, também, uma Central de Triagem. Em Bangu, uma obra inacabada, caso estivesse pronta, poderia ser outra. Já as unidades de Campo Grande, Penha e Jacarepaguá não tiveram, sequer, as construções iniciadas.
A Comlurb informa que: atende a 115 dos 160 bairros da cidade com a coleta seletiva. São recolhidas 1.700 t/mês. O serviço é realizado porta a porta uma vez por semana, em dias alternados aos da coleta domiciliar, funciona de segunda a sábado, em dois turnos, inclusive feriados, atendendo perfeitamente a demanda. A meta da Comlurb é alcançar todos os 160 bairros da cidade. Mas a questão não é apenas ampliar o raio do serviço, mas também ganhar maior adesão da população. Isso porque os caminhões circulam com a ocupação inferior a sua capacidade. A frota foi toda renovada. São 17 novos veículos, mais modernos, ágeis e desenvolvidos especificamente para o transporte deste tipo de resíduos. Além de terem mecanismos que reduzem os esforços físicos dos garis que atuam nessa área, inclusive alguns com guindaste hidráulico para facilitar a colocação de materiais mais pesados. Toda a nova frota também tem porte menor para garantir maior mobilidade e alcançar ruas mais estreitas, inclusive comunidades. A COMLURB mantém ações permanentes de mobilização de equipes para informar a população quanto ao procedimento de separação e destino final do material recolhido. Além disso, são feitas campanhas de conscientização em eventos externos, palestras em empresas, órgãos públicos e condomínios e campanhas de educação ambiental nas escolas municipais. O público pode obter informações sobre a coleta seletiva no site www.rio.rj.gov.br/comlurb/coletaseletiva, como horários, roteiros da coleta e procedimentos a serem seguidos, além de materiais informativos que são usados na divulgação porta a porta. Todo o material coletado pela Comlurb é entre a 22 núcleos de cooperativas de catadores, formalmente constituídos e/ou em processo de constituição, cadastrados junto à Companhia, que recebem gratuitamente os materiais recicláveis, fazem a separação e comercializam com empresas especializadas.A Comlurb tem duas centrais de triagem: Irajá e Bangu.
Estudos mostram que uma cidade tem, em média, de 30% a 40% de seus resíduos com potencial para a reciclagem. Especialistas garantem que a melhor saída para o tratamento do lixo é a reciclagem, não os aterros, chamados de “cemitérios de lixo”. Uma ideia que já deveria estar morta e enterrada há tempos.
Um exemplo de sucesso no tratamento do lixo é a Alemanha. Em 1970, o país tinha cerca de 50 mil lixões espalhados por seu território. Atualmente, esse número caiu para menos de 200. De acordo com o portal BH Recicla, os alemães têm a política pública de resíduos mais eficiente do mundo. Seu elevado índice de reaproveitamento permitiu que o país estipulasse a meta de alcançar os 100% até 2020. Isso significaria anular a necessidade de aterros, que hoje em dia recebem apenas 1% do lixo produzido por lá.
Além da reciclagem, a Alemanha aposta na incineração de resíduos como fonte de energia.
A prática de aterros sanitários, lixões a céu aberto, acarreta, também, em uma série de problemas de saúde para a população que vive próxima a esses locais.