A ideia inicial era ter ficado só até março, mas boa aceitação da série de retratos e paisagens de suas coleções, levou o Museu de Arte Moderna a prorrogar até 29 de setembro as exposições “Horizontes” e “Constelações”.
É mais um mês e meio para conferir mais de 220 obras de cerca de 140 artistas brasileiros e estrangeiros, como Tunga, Hélio Oiticica, Anita Malfatti, Wesley Duke Lee e Carlos Vergara, Iberê Camargo, Waltercio Caldas, Leda Catunda e Victor Arruda, no segundo piso do espaço.
E, às quartas-feiras, a entrada é gratuita.
Iberê Camargo, sem título (1953)
São duas exposições simultâneas que lançam olhares sobre dois dos principais gêneros das artes plásticas, com peças de acervo próprio do MAM, incluindo as coleções de Joaquim Paiva e de Gilberto Chateaubriand.
Sob curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, retratos e paisagens são respectivamente abordados pelas mostras “Constelações” e “Horizontes”.
Desde desenhos, pinturas e esculturas, a representação desses gêneros passa por gravuras, objetos, fotografias, vídeos e instalações.
“Horizontes – A paisagem nas coleções MAM Rio” revisita esse gênero clássico com mais de 100 obras de quase 70 artistas, pertencentes a diferentes gerações, como Regina Vater, Carlos Zilio, Alfredo Volpi, Thereza Simões, José Pancetti, Daniel Murgel, Wanda Pimentel, Lucia Laguna, Cícero Dias, Ernesto de Fiori e Eduardo Coimbra.
“Paisagem Entrelaçada” – Leda Catunda (2006)
Já “Constelações – O Retrato nas Coleções MAM Rio” retrata um dos gêneros mais antigos da pintura de sua dimensão histórica a releituras contemporâneas em consideráveis expansões semânticas. “Em algumas obras, nem o corpo todo aparece, apenas pedaços ou sinais”, explica Fernanda Lopes, curadora que selecionou as mais de 120 peças dessa mostra.
Entre essas variações por sinais, segundo a curadora, estão trabalhos como “Cadeira careca”, da artista Márcia X. “É uma ação em que ela deixa a marca da silhueta dela em uma cadeira do Le Corbusier. Já, do João Pina, expomos uma série de fotografias do João Pina sobre Operação Condor [ação conjunta dos governos militares na América Latina no anos 1970, incluindo o Brasil, contra grupos socialistas armados], a partir de rastros da presença dos corpos”.
Também não faltam artistas retratados por colegas, como Milton DaCosta (1915-1988) nas cores da Djanira (1914-1979) e um expressivo autorretrato do cearense Antonio Bandeira (1922-1967), entre diversos trabalhos desse gênero de outros importantes expoentes do modernismo brasileiro como Anita Malfatti, Oswaldo Goeldi, Di Cavalcanti, Maria Leontina, Ismael Nery e Vicente do Rego Monteiro.
“O Louco” – Waltercio Caldas (1971)
Por mais corriqueiro que já fosse esse hábito no período modernista, o MAM lembra que, dois séculos antes, “não era qualquer um que podia ser retratado”. Especialmente da Revolução Francesa, em 1789, pinturas com retratos pessoais eram restritos a membros de famílias reais, militares de alta patente vitoriosos em guerras e integrantes do alto clero religioso, conforme explica a curadoria na apresentação de “Constelações”.
O advento da fotografia, a partir da 1839, foi mais um fator a tornar estender os retratos a pessoas comuns, que não fizessem parte de cúpulas de estado ou igreja.
Curiosamente, algumas das diversas fotografias que compõem “Constelações” estão entre suas obras mais antigas, como o retrato post morten do do imperador Dom Pedro II, feito pelo francês Félix Nadar (1820-1910) na Paris de 1891, e “um conjunto de cartes de visite (cartões de visita fotográficos), produzidos a partir de 1860 e um dos grandes modismos da segunda metade do século XIX”. MAM. Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro, altura do Castelo. Tel.: 21. 3883-5600. Até 29 de setembro. De terça a sexta, das 12h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. Entrada: R$14 (inteira) / R$ 7 (meia). Ingresso-família, válido para cinco pessoas, a R$ 14, aos domingos. Grátis às quartas-feiras. www.mamrio.org.br.