O mercado de livros passa por um momento de turbulência em relação as vendas. São inúmeras as livrarias que tem fechado ou restringido consideravelmente o seu tamanho e o campo de atuação em função de diversos fatores. Sejam eles, a facilidade da compra online, as novas formas de se consumir livros, (os famosos e-books), ou até mesmo o desinteresse geral da população por leitura.
A Livraria da Travessa, famoso ponto de leitura e cultura no Rio de Janeiro parece não se importar muito com esse cenário e não para de expandir seus negócios para além da cidade maravilhosa. Recentemente, a rede de lojas abriu sua primeira filial fora do Brasil, a Livraria da Travessa de Lisboa, em Portugal. E agora, se prepara para abrir sua segunda filial na cidade de São Paulo, no bairro de Pinheiros, a primeira loja de rua da marca na terra da garoa.
Fundada em 1975, na acanhada Livraria Muro, localizada no subsolo de uma galeria do bairro de Ipanema, o espaço se tornou reduto de resistência política ao abrigar performances dos poetas da chamada poesia marginal e livros de oposição ao regime militar.
A origem do nome “Travessa”, vem da primeira loja, aberta em 1986 na pequena e movimentada Travessa do Ouvidor, no Centro do Rio.
O proprietário da Travessa, Rui Campos, afirma que um dos motivos que levam ao sucesso do negócio, é que a sua rede de livrarias não sucumbiu ao modelo Megastore.
“Nós temos uma forma de observação de mercado muito voltada para criar demandas. Acreditamos que a livraria é um espaço de encontro entre o livro e o leitor. Evidentemente, por conta da recessão, nós passamos por períodos conturbados nos últimos 2,3 anos, mas nós não tivemos queda nas vendas, elas se mantiveram e agora voltaram a crescer. Creio que a queda na concorrência também gerou uma certa carência nos leitores. Mas seguimos com nosso modelo tradicional e não caímos no conto do livro eletrônico“.
Sobre a possibilidade de expandir os negócios com a abertura de novas filiais, Rui foi enfático na resposta.
“Nós somos arrebatados por possibilidades. Esse ano nós já abrimos 3 lojas, e nada foi planejado, nós simplesmente observamos o mercado e enxergamos a chance de poder atender o público daquela região. Foi assim em Portugal e será assim na nova loja em São Paulo. Nós não temos planos de negócio, temos paixão“!
Para o empresário, a abertura da Travessa em Portugal possibilita um intercâmbio cultural entre as duas literaturas.
“A travessa tem uma relação muito próxima com livros portugueses. Nós abrimos a loja de Portugal no bairro Príncipe Real, em Lisboa, que é uma lugar muito charmoso e acolhedor, frequentado por turistas e que ama leitura. Com isso, nós esperamos aumentar o fluxo de livros importados de Portugal para o Brasil e o contrário também“.
Falando sobre o futuro do mercado de livros, Rui se mostrou otimista e disse que cada vez mais crianças e jovens estão desenvolvendo o hábito da leitura.
“Nossa sessão de infanto-juvenil não para de crescer, é uma nova geração de leitores que está vindo. E eles veem nos livros físicos uma maneira de fugir desse mundo tecnológico, full time da internet“, concluiu Rui.