Em seu antigo programa de humor chamado “Viva o Gordo”, Jô Soares tinha um quadro, em que aparecia caracterizado como um Padre, que sofria com as falas inoportunas de seu sacristão, vivido por Eliezer Motta. Nos anos 1980, o bordão “Batista cala a boca” passou a ser usado pelas pessoas em todo o País para repreender alguém que estava falando demais. Em novembro de 2007, o então rei da Espanha, Juan Carlos I, numa reunião de chefes de estado, perdeu a paciência com o Hugo Chávez, à época dublê de Presidente da Venezuela, mandando que se calasse. A frase “Por qué no te callas?” rodou o mundo. Inconformado com as falas cabotinas de Chávez o rei espanhol literalmente mandou que ele calasse a boca.
O Presidente da República, Jair Bolsonaro, é por natureza um falastrão. Ele tem tal estilo com o qual conquistou vários mandatos na Câmara Federal e, no ano passado, a Presidência da República. Do Presidente, detentor do posto de supremo mandatário da nação, suporta-se algumas falas exageradas. O que é inaceitável e vem prejudicando Bolsonaro desde sua posse, são as inoportunas, verbalizadas por seu filhos, em especial, o Vereador Carlos Bolsonaro, que nada é na república além de filho do Presidente.
No dia 10 de setembro passado, uma postagem de Carlos Bolsonaro deu um enorme reboliço no País. É verdade que parte da imprensa deu maior repercussão do que a frase, se analisada com frieza, merecia mas, é inaceitável, que o filho de um Presidente diga que as mudanças que o País necessita não serão conquistadas num ambiente democrático.
Explicando mais uma trapalhada, Carlos Bolsonaro, afirmou que disse a frase como para eleitores que cobram mais agilidade nas mudanças que o Presidente disse que faria e, que tais mudanças, numa democracia, levam tempo e carecem de negociações políticas. O que Carlos Bolsonaro, que é Vereador no Rio de Janeiro, precisa entender, é que não existe na República o cargo de “filho de Presidente”, que tudo que um filho do Chefe do Executivo fala tem repercussões positivas ou negativas podendo dar a entender tratar-se de um pensamento de quem ocupa o gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto.
A postagem de Carlos Bolsonaro foi desnecessária e causou desgaste ao Presidente da República. De fato, há em vários setores da imprensa, que espera sentado pelas incontinências verbais do Presidente ou de seus rebentos. É combustível ideal para se criar um factoide. Não se deve dar munição a quem espera ser munido, os filhos do Presidente, supõem-se, sabem.
Carlos Bolsonaro deve ser alertado sobre o que fala e o que posta nas redes sociais. Não é producente para o País, que o filho do Presidente, tão próximo a ele, use este fator biológico para se expressar com verborragia inconsequente.
Todas as conquistas que o Brasil precisa alcançar, e são muitas, deverão ser conquistadas pela via democrática, leve o tempo que levar. A Democracia brasileira apesar de jovem, está consolidada e não existe no mundo clima para ditaduras bananeiras. Existem falhas e pontos a serem corrigidos no Brasil, mas não por outro caminho, que não seja o estado democrático de direito.
Lembrando que “falar até papagaio fala”, o filho do Presidente precisa moderar suas frases e pensamentos, antes de torná-los públicos, em redes sociais causando entre outras coisas, o êxtase dos adversário políticos de seu Pai. Carlos Bolsonaro é uma tragédia quando fala e outra quando faz postagens em redes sócias. Não existem tantas Embaixadas para o Presidente despachar mais um filho.
O ideal é que, alguém com influência sobre o filho do Presidente, plagiando Jô Soares, diga a ele: “- Carlos Bolsonaro, cala a boca!” Em último caso o Presidente pode convidar o Juan Carlos da Espanha para vir ao Brasil e dizer ao falante Carlos: “Por qué no te callas?”