Rio das Artes: Nove vezes favela

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Como as lâmpadas acesas à noite no morro, luzes de spots e vídeos brilham no escuro da sala onde o MAM expõe a “Favelagrafia 2.0”, aberta no fim de semana. Semifechado, de modo a barrar a má interferência de luz externa, como no interior de uma câmera, o local da exposição reúne 53 fotografias, de nove artistas, também representados por um vídeo onde cada um mostra boa parte de seu processo criativo.

Sem necessariamente limitar seus ambientes às favelas onde vivem, Anderson Valentim (Borel), Elana Paulino (Santa Marta), Jéssica Higino (Mineira), Josiane Santana (Complexo do Alemão), Joyce Marques (Providência), Magno Neves (Cantagalo), Omar Britto (Babilônia), Rafael Gomes (Rocinha) e Saulo Nicolai (Prazeres) distinguem-se e destacam-se pelas particulares de seus trabalhos.

Focados como suas lentes, os fotógrafos revelam momentos e movimentos de temas específicos, em cada um, que, reunidos compõem a diversidade – de cores e em P&B –  da mostra, que fica exposta em curtíssima temporada, só até 8 de dezembro.

Entre ondas do mar e do concreto, esportes radicais dominam os cliques de Rafael Gomes, enquanto Elane foca na concentração de poses sobre o morro de Botafogo. Joyce capta as expressões de modelos; Jéssica, os olhares do casal de dançarinos e Valentim multiplica por quatro as variações de autorretratos contrastando a iluminação sobre seus dreadlocks e a “fumaça” provocada pelo registro de seus movimentos.

Para o alto e avante

Diversos ambientes foram o conjunto de fotografias de Saulo Nicolai, que nos explica parte de sua técnica, em especial sobre a tomada em que o dançarino Guilherme Holanda, 23, parece levantar voo, na

Ladeira dos Tabajaras, entre Copacabana e Botafogo, onde ele mora. 

“Ele fez uma partida em flexão, que dá a impressão de levantar voo mesmo, e caiu logo depois, se apoiando na mesma posição”, explica o fotógrafo, que para registrar o momento exato, como se seu

modelo estivesse parado no ar, tal qual um beija-flor ou o Dadá Maravilha, configurou a câmera para

disparar em alta velocidade. “Fiquei há uns 5 metros, aproximadamente, de distância do dançarino, numa altura inferior a em relação a ele”, detalha Nicolai, que, ainda assim precisou repetir diversas vezes as tentativas em busca da batida perfeita no clique da máquina – a foto de Holanda, saltando com a mão esquerda em punho é a segunda, no sentido horário, das que selecionamos abaixo.

“Não lembro o número exato mas acredito que tenha passado de dez. Passamos horas fotografando pela favela; para fazer esse clique nesse lugar levamos uns 15 minutos”, ressalta a persistência. “O salto, claro, levava frações de segundo”.

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Foto: João Pequeno

Em sentido horário, fotografias de Jéssica Higino, Saulo Nicolai, Joyce Marques, Elana Paulino, Anderson Valentim e Rafael Gomes

Casuais, em tempo real, obras de arte são criadas ali, no interior da câmara no segundo andar do MAM, pelas luzes das videoartes, lado a lado, sobre os visitantes. Estes, involuntariamente, acabam interagindo e modificando o efeito contínuo das projeções, cada vez em que passam por uma tela, bloqueiam parte de seu brilho e refletem outra, retroalimentando o movimento visual permanente.

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Visitantes veem vídeos e ouvem em ‘orelhões’ (João Pequeno)      

Em frente a cada uma das telas de videoartes, cápsulas sonoras no teto, como orelhões, reproduzem o som da narração sobre o trabalho de cada fotógrafo, ajudando os visitantes a conhecerem os processos criativos de cada um deles.                                       


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Exposições

Alma do Mundo – Leonardo 500 Anos

Sob a curadoria de presidente da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi, homenageia o multiartista e cientista da Renascença nos 500 anos de sua morte, com 70 obras do acervo da BN, com destaque para um exemplar do livro “A Divina Proporção”, de Luca Pacioli, com ilustrações de Leonardo Da Vinci (foto abaixo). Peças de outros museus e institutos com base em seus estudos também compõem a mostra, assim como obras contemporâneas de artistas como Ana Maria Maiolino, Angelo Venosa e Waltercio Caldas relacionadas ao universo “davinciano”. 

Biblioteca Nacional (Espaço Eliseu Visconti). Rua México, s/nº (fundos da biblioteca), Castelo. Visitação: segunda-feira, das 12h às 17h; terça a sexta, das 10h às 17h; sábado, das 10h às 14h30. Até 25 de janeiro. Entrada gratuita.

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Zanine 100 anos – Forma e Resistência

Reúne 18 móveis, como poltronas, rede e até uma namoradeira, todos feitos com madeira pelo artista considerado um dos pais da arquitetura moderna brasileira.

Museu de Arte Moderna. Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo (altura do Castelo). Tel.: 3883-5630. Terça a sexta, das 12h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. Até 17 de novembro. Entrada: R$ 14 (inteira) / R$ 7 (meia). Grátis às quartas-feiras.

Carlos Vergara – Prospectiva

O artista compõe o ambiente do segundo andar do MAM com traços e cores de monotipias (gravuras tiradas de uma só impressão) feitas em Santa Teresa, onde mora; no Cais do Valongo, na Zona Portuária, e durante viagens, de grandes quadros a pequenos sudários que, lado a lado, formam painéis e mosaicos.

Museu de Arte Moderna. Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo (altura do Castelo). Tel.: 3883-5630. Terça a sexta, das 12h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. Até 12 de janeiro de 2020. Entrada: R$ 14 (inteira) / R$ 7 (meia). Grátis às quartas-feiras.

Egito Antigo – do Cotidiano à Antiguidade

Cerca de 140 peças, sendo 89 do Museu Egípcio de Turim, trazem para os dias de hoje tumbas, sarcófagos, desenhos e objetos pessoais que ajudam a entender a cultura, a ciência e a vida cotidiana no Egito dos faraós, de 4.000 a.C a 30 a.C.

CCBB. Rua Primeiro de Março, 66, Centro (em frente à Candelária). 

Tel.: 3808-2000. Quarta a segunda, das 9h às 21h. Até 27 de janeiro. Entrada gratuita.

Exposição cultural e tecnológica Brasil-China

Painéis com dados históricos e vídeos mostram a chegada dos chineses ao Brasil no século XIX até a atualidade das relações entre os dois países, na exposição, que ainda terá haverá atividades como oficinas de chás e de máscaras.

Memorial Getúlio Vargas. Praça Luís de Camões, Glória. Tel.: 2205-8191. Terça a domingo, das 10h às 17h. Até 5 de janeiro. Entrada gratuita.

Fernando Brum – The Land, Scape

Sob a curadoria de Fernando Cocchiarale, o jovem artista expõe 40 pinturas a óleo e acrílico de paisagens e naturezas mortas. 

Z42. Rua Filinto de Almeida 42, Cosme Velho. Tel.: 98148-8146. Segunda a sexta, das 13h às 18h. Entrada gratuita. Até 8 de dezembro.

Rio das Artes: Nove vezes favela

Santo Antônio de Sá: primeira vila do Recôncavo da Guanabara

A exposição reúne 65 peças arqueológicas encontradas na região então conhecida como Recôncavo da Guanabara, em torno da Baía, onde hoje ficam partes de Magé, Guapimirim e Itaboraí. Dentre as peças, 11 foram resgatadas dos escombros do Museu Nacional. 

Caixa Cultural

Av. Almirante Barroso 23, Carioca. Tel.: 3980-3815. Terça a domingo, das 10h às 21h.  Até 8 de dezembro. Entrada gratuita.

Rona Neves – Nódoa

Pinturas e instalações, além de objetos como cadernos de poesias compõem a mostra individual deste artista carioca.

Centro Cultural Municipal Hélio Oiticica

Rua Luís de Camões 68, Praça Tiradentes. Tel.: 2242-1012. Segunda a sábado, das 12h às 18h. Entrada gratuita.  Até 30 de novembro.

Luiz Aquila – 3º Milênio

O orientador artístico da Geração 80 expõe 30 pinturas feitas por ele nos últimos dez anos. 

Museu Nacional de Belas Artes. Av. Rio Branco 199, Cinelândia. Tel.: 3299-0600. Terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h. Ingressos: R$ 8 (entrada gratuita aos domingos). Até 1º de dezembro.

Shows

Gustavo Corsi

O guitarrista dos Picassos Falsos, com trabalhos com como Marina, Léo Jaime e Gabriel, O Pensador, entre outros, comemora seus 54 anos nesta terça (12) no misto de estúdio e casa de shows em Botafogo, com versões de standards e temas de cinema vertidos para seu instrumento. Os convidados na banda são o compositor, cantor e violonista Eugênio Dale, o baterista Rodrigo Pacato e baixista Luiz Henrique Romanholli, seu colega de Picassos Falsos.

Audio Rebel. Rua Visconde de Silva, 55, Botafogo. Tel.: 3435-2692. Terça (12), 20h. Ingressos: 20h.

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Chico Chico e João Mantuano

Os cantores e compositores fazem seus pocket shows, com fechamento da banda mineira de ska-pop Senhor Kalota.

Manouche. Rua Jardim Botânico 983, subsolo da Casa Camolese (anexo ao Jockey Clube), Jardim Botânico. Tel. 3514-8200. Terça (12), às 21h. Entrada: R$ 50 / R$ 30 (promocional, para quem levar 1kg de alimento não perecível).

Juliana Maia

A cantora comemora seus dez anos de carreira com versões para canções que fizeram sucesso nas vozes Elizeth Cardoso e Nelson Gonçalves, entre outros.

Teatro Rival. Rua Álvaro Alvim 33/37, Cinelândia. Tel.: 2240-9796. Terça (12), às 19h30. Entrada: R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia). 

Festival Villa-Lobos – Francis Hime

Homenageado na 57ª edição do festival, o compositor e  pianista lança o disco “Hoje”, acompanhado pela Jazz Sinfônica Brasil.

Cidade das Artes (Grande Sala). Avenida das Américas, 5.300, Barra da Tijuca. Tel.: 3325-0102. Quarta (13), às 20h. Ingressos de R$ 15 a R$ 80.

Khruangbin/Glue Trip 

O Circo Voador recebe expoentes indies de diferentes origens. Na quarta (13), definido como experimental, o trio texano Khruangbin toca, com abertura do grupo paraibano Glue Trip. 

Circo Voador. Rua dos Arcos s/nº, Lapa. Tel.: 2533-0354. Quarta (13), às 21h. Entrada: R$ 160 (inteira) / R$ 80 (válida também para quem levar 1kg de alimento não perecível).

Teatro

Maratona de Nova York

Walter Lima Junior dirige a peça de Edoardo Erba, em que Ricardo Martins e Roger Gobeth vivem dois corredores que conversam sobre suas vidas, enquanto se preparam para a maratona em Nova York.

Teatro Gláucio Gill. Praça Cardeal Arcoverde s/nº, Copacabana. Tel.: 2332-7904. Quartas e quintas, às 20h. Entrada: R$ 50 (inteira) / R$ 25 (meia). Até 21 de novembro.

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Ricardo Martins e Roger Gobeth, como os dois corredores na ‘Maratona de Nova York’  (Edu Rodrigues/Divulgação)

Antes solo do que mal acompanhado

Saulo Rocha e Larissa Porto assinam e interpretam um espetáculo solo, cada. Ele, como um morador de rua; ela, uma jornada em busca do autoconhecimento e das relações humanas.

Teatro Poeirinha. Rua São João Batista 104, Botafogo. Tel.: 2537-8053. Terças e quartas, às 20h. Entrada: R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia). Até 18 de dezembro.

Eu sempre soube

Rosane Gofman vive uma mulher que lança seu primeiro livro, enquanto divide com o público as experiências mais marcantes vividas com um filho homossexual. Texto e direção de Márcio Azevedo. 

Teatro Petra Gold — Sala Marília Pêra. Rua Conde de Bernadotte 26, Leblon. Tel.: 2529-7700. Quintas-feiras, às 20h. Entrada: R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia). Até 19 de dezembro.

Monstros

Claudio Lins e Soraya Ravenle vivem Claudio e Sandra, que se conhecem porque seus filhos estudam no mesmo colégio, no musical de Emiliano Dionisi, dirigido por Victor Garcia Peralta.

Teatro Petra Gold — Sala Marília Pêra. Rua Conde de Bernadotte 26, Leblon. Tel.: 2529-7700.  Quartas-feiras, às 20h. Entrada: R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia). Até 18 de dezembro.

Mundo ideal

Stella e Tom são um casal em crise, apesar de ambos serem bem-sucedidos, na peça de Clarissa Kahane e Tess Abreu, com direção de Wendell Bendelack.

são a definição de um modelo de família perfeita: são inteligentes, bem-sucedidos e têm uma relação estável. Mas ela percebe que tudo aquilo não é suficiente para trazer felicidade.Teatro Vannucci. Rua Marquês de São Vicente 52, 3º piso,  Shopping da Gávea. Tel.: 2274-7246. Quinta e sexta, às 19h. Entrada: R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia). Até 29 de novembro.

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Jornalista especializado em versatilidade desde 1998, de polícia a política, já cobriu das eleições de 2010 à recessão econômica de 2015/2016. Colabora com o canal Rio das Artes, divulgador de cultura e entretenimento na Cidade Maravilhosa.

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