Passageiros de trens vindos da Zona Oeste e da Baixada Fluminense relataram aperto e demora de até uma hora em relação aos horários em que costumam embarcar diariamente, devido à retirada de 40 trens da circulação, a partir desta segunda-feira (18).
Introduzidos na linha férrea do Grande Rio entre 2014 e 2016, esses trens foram comprados do consórcio chinês CRRC, que orientou a concessionária Supervia a retirá-los de circulação devido a um problema nas caixas de tração, fornecidas pela empresa alemã Voith.
Os trens, que costumam demorar entre 8 e 15 minutos nos horários de pico, passaram a circular “com irregulares”, de acordo com a Supervia. Para tentar diminuir a carência de veículos, a concessionária optou por transferir 50% das composições do ramal parador de Deodoro – mais curto – para os de Santa Cruz, Japeri e Gramacho. Juntas, essas linhas, mais movimentadas, transportam, em média, 360 mil passageiros por dia – 60% do total de 600 mil da rede na região metropolitana do Rio.
Forte impacto sobrou para Santa Cruz (Zona Oeste) e Japeri (Baixada), cujos trens trafegam pela mesma linha férrea que o de Deodoro, precisando absorver seus passageiros. Assim, ficaram mais cheios e difíceis para o embarque, como conta quem veio para a Central por esses ramais nesta segunda (18).
A doméstica Lilian da Silva Batista, 41, trabalha em Ipanema, onde costuma chegar, “geralmente, umas 8h10”, mas acabava de desembarcar na Central às 8h40 – meia-hora depois desse horário e com mais meia-hora prevista pela frente, de ônibus ou metrô.
Viagem em pé
Moradora da Zona Oeste, pega o trem em Paciência e, diariamente, volta duas paradas até a estação inicial, em Santa Cruz, para conseguir viajar sentada no trem, mas, desta vez, não foi possível. “Muito cheio. Eu espero o trem para Santa Cruz, para voltar sentada, mas não consegui, porque tava assim… Tive que vir em pé”, lamenta Lilian.
Ela conta que costuma pegar o trem “umas dez pras seis [5h50]”, mas que “hoje, atrasou um pouquinho” Questionada sobre a que horas conseguiu embarcar, lembra de que “saiu… dez pras sete [6h50]”, se dando conta de que esse “pouquinho” chegou a uma hora.
Também da Zona Oeste e passageira do ramal Santa Cruz, a secretária Cristina Gomes, 51, ao menos já estava mais perto do local do trabalho, na esquina da Avenida Presidente Vargas com a Rua Uruguaiana. Ela relatou a mesma dificuldade. “Pego, normalmente, o trem de 6h, na estação Cosmos. Hoje, quando peguei, eram 7h. É comum atrasar uns 20 minutos. Geralmente, dizem que é furto de cabo [de energia], que tá com falta de cabo, mas hoje foi falta de carro mesmo”.
Peso no bolso de quem quis evitar transtorno
Na Baixada, passageiras do ramal Japeri se dividiram. Gilceia Santana, que, além do trem, ainda pega um ônibus na Estrada de Madureira até a estação de Nova Iguaçu e o metrô da Central até o Leblon, enfrentou o aperto e se atrasou. Já Taísa Moraes, que também vinha de Nova Iguaçu, decidiu trocar o meio de transporte, mesmo pagando quase o dobro do preço. “Li ontem, no site da Supervia, que iam faltar 40 trens e preferi vir de ônibus, conta ela, que encarou a tarifa de R$ 8,45 da linha rodoviária Nova Iguaçu-Central, em vez dos R$ 4,60 do trem.
Um pouco antes, Richard Silva, 19, outro passageiro do ramal Japeri, que costuma pegar seu trem“às 6h20, no máximo, em Comendador Soares”, contava ter se atrasado “uma hora, porque estava difícil embarcar, tudo muito cheio, apertado”.
Eram 8h37 quando ele chegou à Central, de onde iria a pé até a lanchonete Habib’s da Presidente Vargas, onde trabalha. “Eu deveria chegar às 8h. Vamos ver se vão entender”.