A burrice venceu

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Nos mais de 100 dias do governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Educação pouco entregou à população. Ricardo Vélez Rodríguez, que nada fez à frente do MEC e recebeu uma aula (para pegar leve) da deputada Tabata Amaral (PDT-SP), foi retirado do cargo. Assumiu Abraham Weintraub.

Abraham Weintraub já emitiu declarações que parecem ter saído da década de 1960. Chegou a dizer que os comunistas são os donos das grandes empresas no Brasil. É um fiel seguidor de Olavo de Carvalho. Um “Olavete raiz”, segundo o próprio Olavo, que foi quem indicou Vélez Rodríguez ao Ministério.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente, tuitou no último sábado, dia 13/04: “Diariamente mostramos quem é Olavo de Carvalho @opropriolavo. Falta o pessoal da esquerda agora dizer quem é Paulo Freire e o seu legado na educação nacional”.

Entre tantos outros méritos, Paulo Freire é o terceiro pensador mais citado em trabalhos pelo mundo. Em nove países há centros de estudos dedicados à obra do educador brasileiro, como o da Universidade de Tampere, na Finlândia. Concordem ou não com Freire, não dá para desmerecer, ignorar.

Seguidores e aliados do presidente Jair Bolsonaro insistem na bandeira “Escola sem Partido”, que nada mais é do que uma escola que ignora e tenta destruir qualquer pensamento opositor. Querem colocar em prática exatamente aquilo que acusam as gestões anteriores de fazer. Escola boa é escola com todos os partidos e com debates embasados e não ideias rasas e “mitadas”. Nessa, Olavo e eu concordamos. Sim. Ele já se posicionou contra o “Escola sem Partido”.

Alguns dos outros ministros são pratos cheios para as manchetes de jornais com suas frases pouco pensadas. A negação do conhecimento só cresce no Brasil, como aumentam os números de movimentos que dizem que a terra é plana e que vacinas fazem mal.

“Você pensa assim porque fez faculdade” virou um argumento para rebater ideias contrárias. Eu, por exemplo, no curso de comunicação, li mais autores liberais do que de esquerda. Mas, para muitos desses novos pensadores, estudei em uma instituição formadora de “comunistas”. No entanto, sem problemas. Para essa gente, até os liberais são “comunistas”.

Como dizia Darcy Ribeiro: “A crise da educação não é uma crise, é um projeto”. O mesmo Darcy que quando falou de suas “derrotas”, disse que odiaria estar ao lado de quem o venceu. A burrice venceu, Darcy. Mas dá para virar esse jogo.

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