A equivocada estratégia eleitoral de Tarcísio Motta

A estratégia eleitoral de Tarcísio Motta ao criticar Eduardo Paes sai pela culatra, gerando reações negativas entre seus seguidores. Clarissa Garotinho analisa as consequências dessa abordagem na corrida à prefeitura do Rio

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O candidato do PSOL à prefeitura do Rio, Tarcísio Motta, postou em suas redes sociais um meme do momento em que Eduardo Paes derruba um copo de água e fica desconsertado no debate da BAND e adicionou a seguinte legenda: “Paes procurando o presidente Lula, que ele escondeu no debate”.

O tiro saiu pela culatra. A maioria dos seguidores de Tarcísio reagiu mal à estratégia do candidato:

parabéns, você acabou de ganhar 0 votos e dar munição para os adversários”; “ao invés de se aliar para combater o bolsonarismo no RJ você vem com meme bobo”; “vocês não aprenderam nada na última eleição, vão participar como nunca e perder como sempre”; “está magoado pq não teve o apoio do Lula”,; “você ainda não entendeu que o próprio Lula já disse e repetiu que o Eduardo Paes é o melhor prefeito do Brasil? Muda o foco”.

A estratégia de Tarcísio é altamente equivocada. Primeiro porque o próprio presidente Lula e o PT já declararam apoio à Paes. Segundo porque o discurso de Tarcísio só ecoa entre uma pequena militância radical. Lula tem voto ideológico entre formadores de opinião, voto de gratidão nas camadas mais pobres, mas não propriamente um eleitor apaixonado, que deixe de votar no Paes pelos argumentos do candidato do PSOL. Um candidato escondendo Jair Bolsonaro e sendo desmascarado hoje teria um prejuízo maior.

A estratégia de Tarcísio beneficia duplamente Eduardo Paes, tanto entre os eleitores de Lula que identificam o apoio e quanto nos eleitores pragmáticos, que não estão preocupados com questões ideológicas e sim com a administração da cidade e aplaudem a estrategia de Paes ao querer conduzir o debate com foco na cidade.

Também beneficia o candidato do PL, Alexandre Ramagen, que ganha votos do anti-petismo enquanto eles brigam entre si e guarda as energias para o duelo com o Paes, que é o que interessa.

Como adiantamos na análise que fizemos na nossa primeira coluna, Tarcísio corre um sério risco de encolher nessa eleição. Terá a solidariedade de parte da militância da esquerda caso a eleição esteja muito fácil para o Eduardo. Mas como a tendência é Ramagem crescer com o apoio do ex presidente Bolsonaro, o mais provável é o que esse grupo faça mesmo voto útil em Paes no primeiro turno.

Quer Tarcisio queira ou não, a participação dele nesta eleição cumpre para o Eduardo Paes o mesmo propósito da campanha do Rodrigo Amorim para a do Ramagem. Ou ele dá uma guinada nesta direção ou terá uma forte decepção nas urnas.

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6 COMENTÁRIOS

  1. Deseja conhecer alguém, é só dar poder a ele. A reputação do candidato é do boa-praça, tiozão…mas é da máquina do Psol, com suas propostas “robin hood”. São pontos difíceis de conciliar, mas convergentes na manutenção do mandarinato do Dudu que se perpetua dando espaço a todos os espectros, uma não-solução acomodada.

  2. Tarcísio precisa sair do diretório acadêmico, entrar na realidade política e parar de atrapalhar. Sua candidatura serve apenas para eleger dois ou três vereadores o que já é muito por hora.

    • Adoro o anti academicismo e anti intelectualismo da direita.

      Odeie aquilo que vc não conhece. Aquilo que vc não é.

      Daí vc pede pro sujeito explicar as propostas de qualquer candidato da direita e é só sai “mitada”, pautas morais e coisas fora da realidade. O famoso “jogar pra galera”.

  3. Tarcísio é um cara legal mas rodeado por pessoas que mais atrapalham do que ajudam.

    Melhor caminho seria bater no fato de todos os seus adversários terem relações íntimas com a milícia. Isto de forma comprovada e não mera retórica.

    Assim, na candidatura do Tarcísio o tema de segurança teria um posicionamento muito forte e a polarização seria milicianos X não miliciano.

    Paes com certeza está com o voto útil. Tendo aloprados no jogo político como Ramagens e Marçais da vida, o sistema, o candidato da situação, fica “palatável” e tudo permanece igual pois as pessoas tem medo do mal maior.

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