O título desta matéria, apesar de parecer agressivo, é uma pergunta ao leitor: a quem interessa um alargamento dos dias de desfiles?
No último dia 26/4, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro elegeu um novo presidente. O último diretor de Marketing da Liga, Gabriel David, foi alçado ao posto em uma chapa única, como de praxe. Gabriel marcou os últimos carnavais ao tentar acenar para fora da bolha e buscar novas soluções para as escolas.
O programa Seleção do Samba da TV Globo (que acabou sendo cancelado), os mini-desfiles e outros eventos na Cidade do Samba, a cobertura online dos ensaios técnicos e a busca de novos patrocínios, como o da cervejaria Brahma, que no carnaval deste ano criou até latinhas personalizadas para cada agremiação, foram algumas de suas ações. Além disso, a maior de todas, sem dúvida, foi a criação da marca Rio Carnaval, que tem permitido levar o carnaval carioca para fora do Rio de Janeiro, internacionalizando ainda mais a marca.
O novo presidente também é marcado por ter uma relação muito estreita com dois grupos do carnaval que colecionam desafetos dos sambistas em geral: famosos e os camarotes. A cada ano que passa, aumentam os números de grandiosos – e caríssimos – camarotes que lotam a Sapucaí de famosos e endinheirados que estão muito mais preocupados em curtir os shows dentro das pistas de dança do que o tradicional desfile das escolas. Ali, o importante é o abadá e o like. Refletir as mensagens dos desfiles e dos sambas enredos? Deixa isso para lá!
Assim, retornamos ao mote deste texto: a quem interessa um novo dia de desfile? Pelo que foi divulgado, a mídia de transmissão teria gostado da ideia. Os camarotes não se precisa nem apurar. Mais um dia, mais ingressos e, com isso, mais dinheiro. Com menos escolas, menos tempo de serviço e operação. É win-win, mas só para eles.
Pelo lado dos sambistas, um discurso que surge é o da ideia de termos quinze escolas no grupo especial. Essa possibilidade já havia sido discutida há alguns anos e foi para a gaveta. O motivo? Mais escolas significa dividir a cada vez menor cota de patrocínio da televisão. Um dia a mais de venda supriria essa perda? Difícil dizer, mas é provável que não.
Além disso, ter mais três escolas do acesso traria alguma disputa a mais pelo título do especial? Mais uma vez: é provável que não. O carnaval do Rio, tal qual o futebol brasileiro, se encaminha para uma dicotomia que, por vezes, será furada por alguém. Sem contar que a Cidade do Samba de hoje só possui 14 barracões, outro problema que colocaria água no chopp da ideia. A solução seria deixar a atual Cidade do Samba para o Acesso e se mudar para a Cidade do Samba 2 – projeto anunciado há algum tempo pela prefeitura do Rio e sem data certa para ficar pronto.
A última vez que vimos tantas escolas juntas foi em 1997, quando tivemos 16 escolas desfilando. Na época, os desfiles começaram às 19h40 e o tempo máximo de desfile era de 80 minutos – 10 a mais do que atualmente.
Tratando-se do carnaval carioca, podemos esperar de tudo… até nada! Pode ser que a proposta se valide financeiramente e repartam o carnaval e, assim, se dificulte ainda mais para um folião assistir a todas as escolas. Se já era caro – e difícil – comprar dois dias de ingresso, imagine agora ter que comprar três! Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
não passa de uma tentativa, tambem, de recuperar uma galera que ta la pra sampa
Acho que desta forma, estão tirando o povo que faz o carnaval, da festa, com ingressos e camarotes caríssimos, e menos samba, e mais shows de outros gêneros, é o fim do povo no grupo Especial, mas fica os grupos de acesso de consolo, para quem realmente faz e gosta do carnaval, uma pena.