Aconteceu no Rio Antigo #08 – O poeta que morreu duas vezes

A colunista do DIÁRIO DO RIO comenta sobre a história da morte do poeta Gonçalves Dias

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Antiga Rua dos Latoeiros, teve seu nome alterado para homenagear Gonçalves Dias (Foto: Fernanda Duarte)

A vida de Gonçalves Dias teve um trágico fim e marcou o século XIX.

Antes de iniciarmos a prosa sobre a morte do grande escritor, é importante conhecermos a rua que hoje leva o seu nome, uma vez que ali viveu no antigo número 56. No local, depois, esteve o famoso Colégio Vitório, que um incêndio devorou, e em 1898 foi o edifício da Associação dos Empregados no Comércio.

Esta rua, primitivamente, se chamou “dos Três Cegos” (achei curioso, mas não encontrei detalhes) e depois passou a ser chamada “rua dos Latoeiros”, em virtude dos primeiros e famosos artesãos que trabalhavam com latão e cobre e ali viveram durante mais de um século.

2. Rua dos Latoeiros em 1860 Arquivo Biblioteca Nacional Aconteceu no Rio Antigo #08 - O poeta que morreu duas vezes
Rua dos Latoeiros, em 1860 (Arquivo Biblioteca Nacional)

No século XVIII, um importante acontecimento marcou esta rua: a prisão do alferes Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes, na casa do torneiro Domingos Fernandes da Cruz, na noite de 10 de maio de 1789.

Em 1865, novamente mudou de nome, mas dessa vez definitivo, passando a ser chamada rua Gonçalves Dias em homenagem ao grande escritor que ali morou e escreveu o poema “ Os Timbiras”.

3. Retrato de Goncalves Dias imagens da internet Aconteceu no Rio Antigo #08 - O poeta que morreu duas vezes
Retrato de Gonçalves Dias (imagem da internet)

Depois da apresentação desta importante via para o Rio, adentraremos no caso de Gonçalves Dias.

Antônio Gonçalves Dias foi um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro, nascido em Aldeias Altas – Maranhão em 1823. Desde a juventude, o escritor apresentava algumas doenças, como por exemplo: malária, febre amarela e tumores linfáticos identificados por um médico quando voltou de uma expedição na floresta amazônica.

Além deste histórico molestoso, foi diagnosticado com doenças venéreas ainda em Portugal, em uma bateria de exames requeridos para viajar no navio que o traria de volta ao Brasil. No entanto, ao retornar ao país, não prosseguiu com o tratamento de suas enfermidades, muito menos compareceu a hospitais.

Aos 39 anos estava muito debilitado, mostrando lerdeza, fraqueza e dores constantes. Os médicos recomendaram que fosse se tratar na Europa, e em 1862, embarcou no Rio de Janeiro para a França.

Neste ínterim, um mal entendido aconteceu: notícias equivocadas foram publicadas informando a morte do escritor. No Jornal do Commercio foi publicada uma nota no dia 27 de julho de 1862 do Dr. J. Praxedes P. Pacheco:

“Antônio Gonçalves Dias já não existe! O poeta inspirado pela natureza de sua terra, cuja alma anhelava a ventura do seu paiz, annullou-se!  O cantor sublimme dos mimos do Brazil jaz no oceano […] e que melhor sepultura podia ter esse genio. […].”

Fãs do poeta romântico ficaram tristes e até mesmo seu admirador e amigo pessoal Dom Pedro II declarou luto oficial no Brasil. Mas a notícia verdadeira enfim chegou, Gonçalves Dias não estava morto. Passou dois anos se tratando na França, contudo, sem sucesso.

Cansado e com saudade da sua terra, resolveu retornar ao Brasil. No dia 6 de setembro de 1864 embarcou no “Ville de Boulogne” com destino ao Maranhão.

Na madrugada de 3 de novembro, quando já havia navegado 49 dias, o veleiro foi de encontro a uns baixios, perto do Farol de Itacolomi, nas costas do Maranhão, naufragando em poucos minutos.

Há algumas fontes que informam que durante a longa viagem, Gonçalves passou a maioria de seu tempo isolado e evitando interagir com outros membros da tripulação, e foi esquecido pelo resgate. Lá, morreu afogado, sem forças para conseguir salvar-se, aos 41 anos.

Mas Dunlop, em seu livro, narra o depoimento do comandante da embarcação, que no acontecimento do desastre, percebendo que o barco estava perdido, correu para tentar salvar o escritor.

Entretanto, notou que o mastro grande da embarcação, com o choque, tombara desgraçadamente sobre o seu camarim, esmagando Gonçalves Dias no próprio leito.

Com esses fatos, chego a conclusão que Gonçalves Dias, um homem que viveu profundamente sua arte, não foi capaz de deixar este mundo de modo menos poético.

4. Rua Goncalves Dias antiga Rua dos Latoeiros Foto Fernanda Duarte Aconteceu no Rio Antigo #08 - O poeta que morreu duas vezes
Rua Gonçalves Dias antiga Rua dos Latoeiros (Foto: Fernanda Duarte)


E você, conhece as obras desse escritor e conhecia essa história? Comente.

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