Aconteceu no Rio Antigo – A maldição do Teatro João Caetano

A colunista do DIÁRIO DO RIO comenta sobre a história por trás do famoso Teatro João Caetano situado no Centro do Rio

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Estátua de bronze que homenageia o ator João Caetano que dá nome ao teatro (Foto: Fernanda Duarte).

No tempo de D. João VI, o cabeleireiro da corte era Fernando José de Almeida, mais conhecido como Fernandinho. Segundo historiadores, Fernandinho era uma figura peculiar, insinuante e maneiroso, subserviente e adulador, o famoso puxa-saco. Sempre soube conquistar o que queria, e não foi diferente quando colocou na cabeça que queria construir uma grande casa de espetáculos. Conseguiu do príncipe D. João um decreto permitindo a construção de um teatro na Capital.

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Largo do rossio, atual Praça Tiradentes. À esquerda o Theatro São Pedro de Alcântara e no fundo as torres da Igreja do Santíssimo Sacramento da Antiga Sé, na Av. Passos (Pintura de Jean-Baptiste Debret, 1839).

O terreno escolhido pertencia a D. Beatriz Ana de Vasconcelos, compreendido entre as ruas da Conceição e de São Jorge, Praça da Constituição e rua do Senhor dos Passos, área do antigo Largo do Rossio, que em 1780, o Senado da Câmara resolveu tomar parte dessa área para rossio e feira de cavalos, bois, carneiros e mais animais. Este terreno desapropriado da D. Beatriz, o Senado cedeu de mão beijada, como informa Vivado Coracy, ao Fernandinho.

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Atual prédio do IFCS, onde estavam os materiais de cantaria e pedras originalmente destinados à nova Sé, no largo São Francisco de Paula (Foto: Fernanda Duarte).

Como o terreno era extremamente pantanoso, ocasionou algumas dificuldades na construção. Assim, para formar uma construção firme, precisavam de boas pedras. Conseguiu Fernandinho a autorização da utilização dos materiais de cantaria e pedras que estavam originalmente destinados à nova Sé, que no momento, era no largo São Francisco de Paula, onde hoje é o atual prédio do IFCS (antiga Escola Politécnica e Escola Nacional de Engenharia). Ali seria construída a nova Sé.

Ao ter conhecimento da notícia, o povo carioca achou um absurdo este destino às pedras destinadas à Igreja, e viu nisso um sacrilégio. Muitos que passavam ali manifestaram sua indignação, praguejavam contra o “roubo das pedras santas” e preveniam que seria uma triste sorte do edifício construído com as pedras santas.

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Contra a vontade do povo, o Theatro foi inaugurado em 1813 batizado como Theatro Real São João, em homenagem ao rei. Era o mais importante do Rio e mais vasto, pois caberia uma plateia de 1.200 pessoas, além de ser ornado com pinturas do pintor José Leandro da Costa, importantíssimo pintor da época. Nele foi festejada, em 1822, a Independência do Brasil, com o próprio D. Pedro I lembrando o sucesso em São Paulo. Possuía o letreiro “Independência ou Morte!” que foi gritado com entusiasmo enquanto o Príncipe discursava. Ali também foi assinada a Constituição de 1824.

Contudo, a maldição do povo teria o seu cumprimento e não tardava mais. No dia 25 de março de 1823, começa o seu destino terrível. Após o juramento do Código Constitucional, D. Pedro I compareceu à noite para ali ouvir, executado pela grande orquestra, o hino da Constituição, composto por ele próprio. Nessa mesma noite, horas depois de ter fechado o Theatro, um acontecimento doloroso sacudiu a atenção da cidade: o Theatro São João ardeu em fogo.

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Theatro São Pedro construído por D. João VI à pedido de Fernando José de Almeida (Imagem da Internet)

O povo, assistindo aquele terrível espetáculo, não tardou em lembrar “são as pedras da Catedral.”

O proprietário, Fernandinho, desesperado, pegou um grande empréstimo com o Banco do Brasil para conseguir reconstruir, e assim foi totalmente recuperado e em 1826 reabre com um novo nome: Theatro São Pedro de Alcântara, em homenagem ao imperador.

Entretanto, na madrugada de 8 de agosto de 1851, um novo fogo arde sobre as instalações do Theatro de modo avassalador em um espetáculo tétrico. Todas as igrejas do arredor começam a tocar os sinos, alertando para a tragédia. O incêndio foi pior que o primeiro e destruiu quase por completo o Theatro. “As pedras da Catedral…”, é o sussurro espalhado novamente entre o povo.

Com casmurra insistência e dessa vez em tempo hábil, o Theatro é reaberto em 1852. Entretanto, 4 anos depois, um fogo furioso voltou a pôr tudo abaixo, com maior violência que os dois primeiros, pois devorou completamente o prédio restando apenas as “pedras da Catedral”.

Anos mais tarde, o ator João Caetano, comprou o Theatro e fez das tripas coração para reconstruí-lo. Em 1857 o teatro ressurge com renovado vigor.

Após 3 incêndios, a “maldição das pedras da igreja” já estava na boca do povo, o que criou a lenda do teatro.

O Teatro, ao longo da sua história teve vários nomes, sendo eles: Real Theatro de São João, Theatro São Pedro de Alcântara, Theatro Constitucional Fluminense, novamente São Pedro de Alcântara, e por fim Teatro João Caetano.

Após um longo período, o prédio fazia parte dos bens da Prefeitura do Distrito Federal, e em 1928 necessitava de reformas: conserto, pintura externa e interna, entre outros. Foi então que o prefeito Antônio Prado Júnior, confiando na sabedoria dos seus engenheiros de obra, determinou que o teatro não necessitava de reparos, mas de ir por terra.

Inaugurou-se em 1930 o novo Teatro, que conservou o nome de João Caetano, que segundo Augusto Maurício em seu livro “Algo do meu velho Rio”, é um prédio de cimento armado, de aspecto feio, de linhas deselegantes, e que não conta com todas as características de uma casa de espetáculos. Eu concordo plenamente.

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Foto: Fernanda Duarte

Mas agora quero sua opinião: você acha que foram coincidências ou real castigo do Teatro? E me diz também o que você acha da nova arquitetura.

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6 COMENTÁRIOS

  1. Os incêndios são obras de fanatismo religioso. Dom João VI era odiado pelo clero porque transferiu a “capital do racismo e desumanidade” de Salvador e a transformou em Capital, da Colônia, do Império, da República. O ódio e difamação a Cariocas se estende por todo território nacional. O sujeito, aprovado pelo clero, pode ser do Oriente Médio, Cubano, Latino Americano, etc. Pode ocupar o quanto quiser de terras, exercer qualquer atividade profissional que quiser ou simular, fraudar, capacidade. Aos Cariocas, com quanto tiverem de dinheiro honesto, com as . melhores e comprovadas capacitações, só hostilidade até que se retirem.
    A grande obra de D..João VI para a Capital foi o Gabinete Real de Leitura, educação, instrução, para a Capital da Nação, e não se tornar um disseminador de racismo e ignorância como Salvador.
    O Gabinete foi execrado pelo clero pois a verdadeira ciência vem de deus foi transmitida por Jesus e só é retransmitida pelos padres. Os filhos de deus não precisam dessas heresias.
    O IFCS sobrevive por ser um centro de doutrinamento de “comunismo católico”, pt, padre polonês com nome artístico Leonardo Boff, propagandista artista seminarista Paulo Betti Propaganda pt, Lamarca, etc. juristas seminaristas como o polonês lewandowski, e fachin( qual a origem nacional?). Tite técnico seminarista, etc.
    Falando em seminaristas e o verdadeiro Golpe? Da especial eleição por maioria relativa, única em toda História. O seminarista, médico urologista do quartel da pm em bh, nunca seria eleito por maioria absoluta, e talvez nem tenha sido realmente eleito por maioria relativa. Sua obra, a mando de quem financiou a farsa, uma “capital” a 100 kms da Fazenda do Rockfeller que atacou “comunistas” também na Coréia, dividiu e na do Sul o clero purificou as almas reconheceu e canonizou mais de 300 santos, enquanto no Brasil com seu povinho capacho só precisou canonizar o 1º santo há alguns anos, sob muita pressão e descrédito.

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