O cenário político do Rio de Janeiro esquentou neste domingo, marcado por uma série de eventos e declarações que movimentaram a corrida eleitoral. O dia começou com um embate direto entre o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o governador Cláudio Castro (PL), que trocaram farpas publicamente, revelando a tensão crescente entre os dois líderes.

O Confronto entre Paes e Castro

Tudo começou com uma matéria publicada por Lauro Jardim, no jornal O Globo, que apontava uma suposta tentativa de Cláudio Castro de esvaziar a coligação de Eduardo Paes. A resposta de Paes veio rápida e contundente nas redes sociais, onde ele comparou Castro e seu candidato, Alexandre Ramagem, ao ex-governador Wilson Witzel. “Cláudio Castro é o Ramagem, o Witzel das eleições de 2024!“, disparou Paes, associando-os à problemática da segurança pública na cidade.

Castro não deixou barato e respondeu de forma igualmente ácida, acusando Paes de ser “o maior estelionatário dessas eleições” e de estar mais focado em uma possível candidatura ao governo do estado em 2026 do que em sua atual função de prefeito. Ele ainda listou uma série de supostas traições de Paes a antigos aliados, incluindo Cesar Maia, Lula, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral, sugerindo que a população do Rio de Janeiro seria a próxima a ser traída.

A troca de acusações entre Paes e Castro dominou o debate político do dia, expondo as fragilidades das alianças e a feroz competitividade da campanha. Essa disputa pública não apenas inflama a eleição atual, mas também lança as bases para futuras batalhas políticas, especialmente em vista das eleições estaduais de 2026.

A Influência dos vereadores e a pressão sobre a base aliada

No calor da disputa entre Paes e Castro, o papel dos vereadores e deputados estaduais ganha relevância. Eduardo Paes, conhecido por ser um prefeito bem avaliado, mesmo em meio às críticas, conta com o apoio de figuras importantes na Câmara Municipal e na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Por outro lado, Cláudio Castro, que não goza da mesma popularidade, tenta pressionar sua base aliada para enfraquecer o grupo de Paes.

Vereadores como Jorge Felippe Neto, Dionísio Lins e Waldeck Carneiro, que são aliados de Paes, têm sido pressionados para abandonar o prefeito. No entanto, a força de Paes nas pesquisas e sua perspectiva de poder o mantêm como uma figura central e atraente para muitos desses parlamentares.

Além disso, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, tem sido um ator-chave nos bastidores, pressionando parlamentares que ainda estão indecisos ou em posições vulneráveis. A movimentação de Bacellar pode ser crucial para definir a configuração política dos próximos meses, tanto em relação à eleição municipal quanto ao equilíbrio de forças para as eleições estaduais.

Tarcísio Motta e a Mobilização na Zona Norte

Enquanto Paes e Castro trocavam farpas, o candidato do PSOL, Tarcísio Motta, iniciou sua agenda com uma caminhada ao lado de sua vice, Renata Souza, e de outras figuras de destaque do partido, como o deputado federal Pastor Henrique Vieira e as vereadoras Thaís Ferreira, Mônica Cunha e Luciana Boiteux. A caminhada no Aterro do Flamengo foi seguida de uma visita à Praça da Harmonia, onde Tarcísio assistiu ao jogo do Vasco no Centro Cultural José Cândido de Araújo, conhecido como “Candinho”, um local de importância histórica, já que foi onde o Vasco da Gama foi fundado.

O dia de Tarcísio terminou com uma participação no Cacique de Ramos, onde ele prestou homenagem ao sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz, idealizador do Trem do Samba e da Feira das Yabás. A presença de Tarcísio nesses eventos mostra seu esforço em se conectar com diferentes segmentos da população carioca e reforçar sua imagem de candidato próximo ao povo e às tradições culturais da cidade.

Marcelo Queiroz e o Compromisso com o Samba

Outro candidato que se destacou no dia foi Marcelo Queiroz (PRTB), que participou da posse da nova diretoria da Associação da Velha-Guarda das Escolas de Samba. Durante o evento, Queiroz assumiu compromissos importantes com o setor, prometendo manter as contas das instituições do Carnaval em dia e promovendo o desfile da Intendente Magalhães, passarela das escolas das séries de acesso, como um evento de maior visibilidade e importância ao longo do ano. Ele também anunciou planos para revitalizar o Terreirão do Samba, no Centro, com o objetivo de dar maior visibilidade às agremiações das séries prata, bronze e do grupo de avaliação.

Queiroz reforçou sua ligação com a cultura do samba, destacando que frequenta a Associação da Velha-Guarda há mais de uma década e que não abandonará essa importante expressão cultural carioca.

Outras Movimentações e Destaques

A candidata Carol Sponza (Novo) também fez aparições públicas, destacando sua campanha na Zona Oeste e tentando engajar os eleitores com um discurso mais leve, embora com resultados mistos. Sua tentativa de ser engraçada, fazendo uma piada sobre pastel, foi considerada forçada e gerou críticas nas redes sociais, especialmente quando comparada à descontraída abordagem de Tarcísio, que brincou sobre uma competição de quem comeria mais entre ele e o ator Babu Santana.

No campo da oposição bolsonarista, Alexandre Ramagem (PL) e Rodrigo Amorim (PSL) continuam focados em questões de segurança pública, um tema caro ao eleitorado conservador.

Talita Galhardo e a aliança com Eduardo Paes

Talita Galhardo, candidata pelo PSDB e que apoia Marcelo Queiroz para prefeito, lançou sua campanha com a presença de figuras importantes como o vice-prefeito Eduardo Cavalieri e o secretário Pedro Paulo, ambos próximos a Eduardo Paes. A presença desses nomes causou certo estranhamento, dado que Galhardo já havia tido atritos públicos com Paes, especialmente relacionados a questões envolvendo quiosques na Gardênia.

Apesar das divergências passadas, a aliança momentânea indica uma tentativa de fortalecer a campanha de Galhardo, que também lançou seu jingle de campanha, destacando-se como uma das campanhas mais animadas nas redes sociais.