Águas do Rio promete retirar esgoto da Baía de Guanabara após recuperação da estação Caju

Concessionária fará um investimento de mais de R$30 milhões na ETE e pretende ampliar de 1.700 para 3.600 litros de esgoto tratados até 2023

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Foto: Divulgação/CEDAE

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Alegria, no Caju, na Zona Portuária, inaugurada há mais de duas décadas como a principal do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, terá um novo investimento nos próximos anos. De acordo com a concessionária Águas do Rio, mais de R$30 milhões serão aplicados no projeto.

O planejamento prevê que a estação aumente de 1.700 para 3.600 litros de esgoto tratados, em média, por segundo, o que elevaria o número de pessoas atendidas dos atuais 510 mil para 1,08 milhão. A meta final, que remete aos números propagados à época da inauguração, em 2001, é atingir a capacidade máxima da estação até 2033, o suficiente para proporcionar para cerca de 1,5 milhão de cidadãos esgoto tratado, no Centro e na Zona Norte da cidade.

Águas do Rio assumiu os serviços da Cedae em 124 bairros da capital e mais 27 cidades do estado e afirma que a estação ETE parecia um cenário de guerra. “Muito mato, muitos equipamentos danificados ou inoperantes. Em um dos decantadores chegou a nascer uma pequena plantação de tomate. Começamos a limpar tudo, a substituir e recuperar peças sem deixar de operar. Em alguns momentos já chegamos a atingir picos de 2 mil litros de esgoto processados por segundo, mas ainda há muito trabalho”, diz Alexandre Bianchini, diretor presidente da Águas do Rio.

Bianchini não descarta, que com o investimento a longo prazo, seja possível a ampliação da capacidade original da ETE para até 7 mil litros por segundo. “É possível. Há novas tecnologias disponíveis e corremos atrás de inovação para aumentar a performance. Além disso, temos área ali para expandir e assim acompanhar o crescimento da população e as modificações de perfil do Centro da cidade que certamente demandam adequações da nossa parte”, conclui.

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Problemas

Uma das grandes falhas do programa de despoluição foi a construção de estações de tratamento sem se preocupar com a implantação de tubulações, o que resultou numa falta de esgoto para tratar após a conclusão das ETEs. Atualmente, tubulações com dois metros de diâmetro percorrem caminhos vindos do Centro e da Zona Norte, a profundidades que podem chegar a até 19 metros da superfície, levando os dejetos. O Programa de Saneamento Ambiental (PSAM), sob a coordenação da Secretaria estadual do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), trabalha na construção de outros dois troncos coletores: o de Manguinhos, com previsão de entrega no primeiro semestre de 2023, e o Faria Timbó, previsto para até julho de 2024.

José Ricardo Brito, secretário estadual do Ambiente e Sustentabilidade, alega que quase 60% das obras já realizadas. No caso do Faria Timbó, surgiu uma dificuldade adicional devido ao tipo de rocha encontrado, por isso o prazo maior.

“Esse é um trabalho de grande porte e necessário para a cidade. Quando esses troncos estiverem ligados à Estação Alegria teremos como aumentar de fato o nível de esgoto tratado na cidade, o que vai ser importantíssimo para diminuir o nível de poluição na Baía de Guanabara”, disse

De acordo com dados disponibilizados no site do PSAM, o tronco de Manguinhos terá 4,6 quilômetros de extensão e capacidade de captação de 1.293 litros de esgoto por segundo, abarcando 600 mil moradores de bairros como Bonsucesso, Benfica, Engenho Novo e Méier. Já o Faria Timbó terá capacidade de 1.049 litros por segundo num percurso de mais de seis quilômetros a partir de bairros como Piedade, Cascadura, Madureira, e Oswaldo Cruz, beneficiando 456 mil pessoas. Juntas, as duas obras consumirão cerca de R$ 260 milhões.

“Estamos nos preparando para ter capacidade de receber esse volume. Uma coisa depende da outra. Não adianta termos nossa capacidade máxima instalada disponível sem que o esgoto chegue”, disse Pedro Ortolano, gerente de operação da ETE Alegria.

O trabalho iniciado pela Águas do Rio na Estação Alegria inclui desde a recuperação das estruturas de gradeamento grosso e fino — responsáveis por reter detritos sólidos que caso entrem no sistema podem causar danos à operação — até o sistema de bombeamento, as caixas de areia, os decantadores primários e todo o tratamento secundário, que inclui os tanques de aeração, onde é finalizado o processo antes que ele seja despejado, já tratado, no Canal do Cunha.

Dos cinco decantadores que compõem a primeira etapa do tratamento do esgoto que chega à estação Alegria, apenas um estava operando. A empresa afirma que há, no momento, 50 pessoas trabalhando na limpeza de resíduos nesses tanques que têm quatro metros e meio de profundidade. O trabalho é considerado chave para ampliar a capacidade de tratamento da estação. “O objetivo final é ampliar, mas antes nosso foco estava em garantir a operação atual, não tinha como ser diferente. Hoje contamos com três dos cinco grupos já recuperados e disponíveis. Isso é mais que suficiente para trabalharmos com o volume atual e nos dá uma segurança operacional que não existia antes”, diz Ortolano.

Outros projetos

Além da estação Alegria, a concessionária Águas do Rio é responsável ainda pela ETE de São Gonçalo, onde também estão sendo realizadas obras de reforma, além de um estudo técnico sobre a viabilidade de ampliação da capacidade. No primeiro ano de operação, a empresa reformou e revitalizou as 26 estações elevatórias existentes na região da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio. Na Elevatória Hípica, a antiga tubulação foi substituída por uma nova, feita de aço carbono, mais resistente e durável e menos suscetível a vazamentos. A elevatória de São Conrado, responsável por bombear o esgoto do bairro e de parte da Rocinha, também passou por obras e teve sua capacidade aumentada.

Informações do Jornal O Globo.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Se estivesse ainda no tempo da CEDAE, nada disto estaria acontecendo. Graças a Deus a CEDAE saiu do caminho. Falta conceder a produção de água agora, a jóia da coroa. Sim, porque a distribuição de água e recolhimento de esgoto é a pior parte do negócio.

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