Alberto Gallo: a escolha racional 2 – propostas dos candidatos para economia e infraestrutura, uma visão comparativa

Usando o seu voto como investimento para um futuro melhor

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Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert/Alan Santos

Quando propusemos, no último texto, uma análise racional entre as duas opções de voto presidencial, buscamos faze-lo de uma forma equilibrada, e com a honestidade de apresentar nosso posicionamento. Aqui desejamos discorrer sobre as propostas para economia, investimentos públicos e políticas sociais, e de como tudo isso vai refletir no bolso do cidadão. No texto inicial, falamos do critério de escolha que deve ser uma visão pessoal aderente aos valores de cada indivíduo. Neste texto falaremos sobre a governabilidade e dos cenários possíveis considerando a geopolítica e do desempenho esperado para cada candidato num novo mandato.

E nesta análise presente, vamos avaliar o que cada candidato propõe em seu programa econômico. Nossa fonte de consulta são os planos de governo disponibilizados na internet por cada candidato, seus discursos recentes e suas falas ao longo da história. E a melhor fonte, é exatamente entender como foram os governos de um e de outro, considerando as circunstâncias. E finalmente apresentar quem são os economistas e mentores de cada candidato e quais são as pessoas de confiança e a base de apoio institucional, além do apoio político.

Pelo lado do governo Bolsonaro, seu apoio advém dos partidos de centro direita. Vai para o segundo turno com aproximadamente 44% dos eleitores na primeira edição, sendo uma base de 35% (aproximadamente 1/3 do eleitorado) denominado apoiadores fiéis. E as pesquisas apontam o apoio de mais 15% de eleitores que não querem de modo algum o retorno do partido dos trabalhadores. Os estudos demonstram que as uniões de sua base cativa com os descontentes com Lula, podem lhe garantir uma vitória no pleito do dia 30.

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Propõe uma política liberal, com incentivo ao empreendedorismo, redução do tamanho do estado e concentração em de ações sociais para fortalecer áreas de segurança, saúde e educação. O governo Bolsonaro pretende continuar um plano de Concessões e Privatizações que já foi bastante intenso em seu primeiro mandato, com ousado programa nas áreas de saneamento, infraestrutura e na venda de empresas públicas e imóveis federais. Seu programa pretende desburocratizar o ambiente de negócios para favorecer empreendedorismo, reduzir o imposto de renda, para quem ganha até 5 salários mínimos, manutenção do auxílio Brasil em R$ 600,00 e da criação de um fundos para combate à pobreza. Apoia população mais vulnerável com impacto no bem estar social, como saúde da mulher, saúde da família, Conect-SUS, programa mais médicos brasileiros e se comprometeu com a reforma tributária e administrativa. Advoga o acesso do Brasil na OCDE e uma maior competitividade externa.

Defende como política de segurança facilitar o acesso às armas de fogo, desenvolver inteligência policial para combater o crime organizado. Incrementar mecanismos para inibir a violência contra mulher. Nas pautas de educação, quer estimular o pensamento crítico nas escolas, com o programa escola sem partido e respeitando a cultura familiar, sem ênfase de ensino LGBt+. Fortalecer as liberdades de escolha. Investimentos em tecnologia para o Agronegócio e na logística do transporte e escoamento da produção.

Entre os apoiadores deste programa liberal estão o Paulo Guedes, que possivelmente deve continuar no comando da economia, Carlos Von Doellinger e Roberto Campos Neto, do Banco Central que também é visto com agrado pelo mercado. A equipe econômica sempre pautou soluções técnicas e raramente age com diplomacia, muitas vezes atropela seus interlocutores com patadas desconcertantes e desnecessárias nas negociações sociais.

As narrativas que acusam Bolsonaro de romper o vínculo democrático não se materializaram em nenhum momento, já que foi o mais democrático permitindo total liberdade de manifestação da imprensa, dos críticos e artistas que em várias ocasiões foram agressivos além do limite e sem qualquer retaliação. Também há uma grande crítica sobre a omissão do governo Bolsonaro com relação ao desmatamento e questões ambientais, mas que, no entanto, houveram grandes avanços nestes setores que não foram bem comunicados e nem usados na guerra da informação.

Nossa crítica é se dá exatamente na péssima comunicação do governo com a sociedade. A equipe não conseguiu articular um diálogo com todos interlocutores, embora com seus apoiadores ele tenham um canal eficiente de informações.
O diálogo com congresso e outros grupos de não apoiadores tem sido feito com muita restrição e desconfiança. Talvez por ter sido ilhado num congresso de oposição e lideranças que agiram contra o interesse público. E num segundo momento, juntamente com o advento da pandemia e de um forte ativismo judicial, foi observada uma campanha de difamação das políticas públicas que destruiu qualquer possibilidade de diálogo republicano entre os poderes constitucionais. Também alguns pontos do programa econômico não estão totalmente claros, sobre o fundo social, de como vai ser constituído e gerido e do controle de gastos que é uma das bandeiras de austeridade pública em contraste com as emendas do relator, ou conhecidas como orçamento secreto e que não parecem ser um meio correto de se orientar os investimentos públicos, já que impedem uma priorização de obras por critérios técnicos.

Pelo lado do Lula, que teve dois mandatos, de janeiro de 2003 até janeiro de 2011, sendo que o PT ainda governou até agosto de 2016 no mandato de Dilma Rousseff. No primeiro turno, Lula teve aproximadamente 48% dos votos, tem uma base cativa também de 1/3 do eleitorado e conta da mesma forma que Bolsonaro com 15% a 20% de eleitores que não querem votar de modo algum no outro candidato. Lula conta com grande apoio da mídia tradicional, atores e um grupo qualificado de economistas, como Henrique Meireles, Armínio Fraga e Pérsio Arida, todos cotados para comandar o Ministério da Economia. São nomes que agradam o mercado financeiro, pois propõe a manutenção do teto de gastos e de políticas liberais no estilo dos governos FHC e primeiro mandato do Lula. Há alguns nomes que assustam aos brasileiros, mas que estão presentes na linha de frente do time dos sonhos petista: Aloisio Mercadante, Guido Mantega e Fernando Pimentel e Rui Costa. Estes últimos são mais alinhados com programas de intervenção do estado na economia e sem o respeito à responsabilidade fiscal. Estas práticas podem provocar a expansão monetária e a volta da temida inflação, como está acontecendo nos países vizinhos, tal qual Argentina e Venezuela. O PT em sua história, sempre advogou uma política econômica mais flexível, com programas sociais paternalistas, tanto para os mais pobres, como no atendimento de parte da elite como a Faria Lima, os “campeões-nacionais” e alguns segmentos da indústria com políticas protecionistas. Lula também pretende revogar as reformas trabalhistas, acenando com maior rigor aos empresários com regras que podem reduzir a competitividade nacional e aumentar o desemprego, também pretende revogar algumas privatizações como da Eletrobrás e voltar a atuar com forte influência sobre Petrobras, política de preços.

Lula e o PT tiveram alguns acertos que precisam ser registrados em seus mandatos anteriores. Por exemplo, o fortalecimento do SUS e muitos avanços nas propostas de saúde pública, apesar do lamentável programa dos Médicos Cubanos, conduzido pelo péssimo Alexandre Padilha, também cotado para compor a equipe econômica. Houveram acertos em políticas da educação quanto ao incentivo para acesso a programas de capacitação, embora a falta de uma estrutura de coordenação não tenha convertido as verbas do MEC em uma qualificação dos jovens, já que seguidamente o nível do PISA foi rebaixado, se comparados à outras nações no mesmo período.

Nossa crítica vem da falta de clareza nas propostas do PT, que em nenhum momento publicou um texto conceitual sobre seu programa. As falas do candidato têm sido contraditórias, em uma mesma semana exprime visão ambígua, sobre mesmo temas, conforme os interlocutores. Pare da interpretação proposta aqui e pelos analistas, advém da própria experiência dos governos PT. Também não agrada a construção de um estado pesado e que retire liberdades dos empreendedores, e aumente a carga de impostos de modo a reduzir ainda mais a renda e empregabilidade da classe média. Também da falsa defesa das minorias, com propostas que são claramente manipuladoras e propaganda para uma geração woke facilmente manipulável.

O leitor do Diário do Rio, tem a maturidade para fazer sua escolha. Ao fazer a análise dos períodos de mandato, não podemos simplesmente comparar indicativos de cada um, como o valor do dólar, salário mínimo, inflação e desemprego, já que em cada período houveram circunstâncias boas e ruins. Por exemplo o fator pandemia do Bolsonaro e as batalhas contra o estabilshement e do lado do Lula a onda das commodities que gerou um grande crescimento global no início dos anos 2000, da expansão do Agro e da aprovação pública que lhe garantiu alguns anos de bonança.

Para concluir quem deseja segurança, liberdade e oportunidade para desenvolver vai apoiar Bolsonaro. E aqueles que querem um Estado forte, paternalista que decida tudo, centralize a economia, crie normas de comunicação, regulação da mídia, controle da verdade (aquilo que pode ser publicada nas redes sociais), oriente o conteúdo doutrinário da educação pode escolher com maior proximidade o modelo do PT.

É importante que em qualquer novo mandato, qualquer que seja o eleito, estejam previstas as reformas administrativa e fiscal. Melhor ainda se tivermos uma reforma política que melhor organize a gestão do poder no território e do equilíbrio entre os poderes. Também uma pacificação nacional – e que as eleições sejam transparentes e sem resquício de fraudes, possam dar ao eleito a legitimidade para avançar com suas propostas. Que a “mão pesada do Estado” não seja tão pesada que possa vir a esmagar o cidadão e nem queremos que a “mão invisível do mercado” venha a operar apenas em prol de um pequeno grupo de privilegiados.

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7 COMENTÁRIOS

  1. Obrigado Rick.

    Não é uma análise. É uma opinião.
    Leia o primeiro texto que fala no princiipio que não há isenção.

    Ocorre que a grande imprensa é tão isenta quanto eu. Porém não é honesta.
    E com sutileza eles vão moldando as pessoas . Aqui há respeito pela opinião de cada um. A parcialidade faz parte da democracia.

    • Obrigado Rick.

      Não é uma análise. É uma opinião.
      Leia o primeiro texto que fala no princiipio que não há isenção.

      Ocorre que a grande imprensa é tão isenta quanto eu. Porém não é honesta.
      E com sutileza eles vão moldando as pessoas . Aqui há respeito pela opinião de cada um. A parcialidade faz parte da democracia.

    • Boa tarde Dante.

      È um texto de opinião e deixei claro desde o principio que tem um viés e um fundamento.
      Respeito profundamente quem pensa em outra direção.

    • Boa noite Bruno.

      É um texto de opinião e não um editorial do Diário do Rio.
      É uma análise dentro de um racional. E não há problema algum de você ter uma visão diferente com outro racional. Este é o regime democrático.

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