Alberto Gallo: a escolha racional

Como a escolha eleitoral deve ser uma decisão racional considerando as propostas econômicas e sociais de cada candidato

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Foto: Nelson Jr./TSE

Alberto Gallo – Especialista em infraestrutura e gestão pública.

Para iniciar esta reflexão, gostaria de propor o respeito integral à decisão de cada indivíduo, então não existe aqui um tom de convencimento ou de influenciar a decisão de cada leitor-eleitor.  O que faremos é propor uma análise em três textos, sobre a comparação entre as propostas oferecidas pelos dois candidatos. Por questão de honestidade é importante manifestar, por princípio, que não me identifico com os caminhos ofertados pela turma da estrela vermelha, assim a minha opinião tem um viés claro.  Mas vale a pena conversarmos mesmo que você tenha outra visão, sobre: (1) a importância e critérios para uma escolha racional, (2) o que cada candidato propõe em seu plano de governo para economia e investimentos em infraestrutura e finalmente (3) sobre a governabilidade, políticas públicas e visão geopolítica de cada um. Neste artigo discutiremos o primeiro ponto, que é a escolha racional, e reafirmando minha convicção do respeito pelas visões opostas.

Há uma figura que caracteriza o momento especial que vivemos no Brasil. É uma figura mítica e épica que acompanha o inconsciente coletivo de gerações e pode ser descrita em muitas situações. Por exemplo, um povo fazendo a travessia do deserto, como descrito nos livros da Bíblia, quando há uma angústia coletiva diante das incertezas e provações da escolha do melhor caminho para a terra prometida. Essa mesma imagem se repete nas histórias de um navio durante a tormenta e toda a tripulação, que se reúne em oração. Dos esforços, junto ao capitão para superarem a tempestade, aguardando pelo tempo firme. E há outras possibilidades desta construção, como o comandante militar que agrupa suas tropas em desvantagem diante dos exércitos inimigos ou até dos dramas de famílias ou etnias em perseguição e que precisam articular um caminho seguro.

São muitas as cenas que a literatura e o cinema nos oferecem esse dilema do coletivo diante da decisão de que caminho escolher.  Ao longo da história dos povos e nas mitologias temos presente esse momento singular em que um povo (e sua elite dirigente) se confronta com uma escolha de futuro.   E é isso que viemos no Brasil, neste mês de outubro. Há um “meme” que circula nas redes sociais em que uma pessoa pergunta para o sorveteiro, quais os sabores ele pode servir, ao que o moço responde: – “Agora só tem picolé de limão ou de ‘melda’ e ao que o jovem diz: Não gosto de limão”. 

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Somos uma democracia, e a decisão da maioria levará a todos, para um período de melda e um futuro obscuro, ou para um limão azedo, mas num patamar mais elevado e com um cenário muito positivo no final da trilha.  Tal como um barco na tempestade, vamos todos juntos nessa travessia. E da mesma forma que o povo antigo no deserto, seguia seus líderes unidos na travessia, iremos juntos, todo o Brasil, nessa jornada. Portanto o que nos aguarda no futuro próximo não é apenas o sucesso de uns, de um partido ou de uma ideologia, mas é o bem comum de todos os tripulantes e peregrinos.

Assim a decisão ou voto de cada um deve ser racional e consciente. Não é uma decisão só porque não gostamos de limão, ou porque o caminho proposto por um grupo tem mais pedras; não podemos decidir por A ou B, porque não gostamos deste e preferimos aquele.  Se um é grosseiro na fala e outro promete picanha, isso não pode ser motivo de decisão, que deve ser racional e sob critérios claros.

A decisão racional, segundo Santo Agostinho, um dos maiores filósofos do mundo ocidental, deve ser construída a partir de fatos e não de narrativas. A imprensa tradicional, os artistas e a classe política do establishment parecem abraçar o mesmo discurso de tal modo idêntico, que só resta crer que há um script acertado e muito bem ensaiado, que é a tal narrativa.   

Da filosofia, Agostinho de Hipona propõe que o livre arbítrio deve ser precedido do entendimento e iluminação.  Que uma decisão racional deve ser tomada com perguntas: (1) Qual é o problema? (2) Quais os critérios eu preciso ter para julgar as possíveis soluções? Depois (3) identificar e avaliar as alternativas? E finalmente (4) determinar a melhor solução.  E diante deste roteiro e já temos definida a primeira e a terceira questão: Temos que decidir qual o projeto de Brasil vamos adotar na próxima década e as opções agora são apenas duas. Não há mais terceira via possível. Ou é picolé de limão ou de melda.  

A questão que pode parecer pessoal e do indivíduo apenas, mas que não é.

São os critérios de julgamento comum a todo o povo, que no conjunto irão determinar nosso caminho nessa travessia do deserto. 

Os dois projetos já foram experimentados pelo brasileiro, de um lado o projeto socialista de esquerda, do PT que governou o país em dois mandatos do Lula e dois da Dilma, sendo o segundo interrompido pelo impeachament. De outro lado o presidente Bolsonaro conclui o primeiro mandato de um governo de direita e liberal. Se pudermos retirar toda a narrativa e emoção que envolve a visão de cada eleitor, de modo a analisar apenas o fato conceitual da integridade moral e a partir dessa ótica eleger os critérios da escolha racional fica muito fácil separar o joio do trigo ou o picolé de limão do de melda.

O primeiro critério deve ser sempre entender o que é o certo e o que é o errado, diante de fatos e da lei escrita. Embora ambos os candidatos estejam juridicamente aptos ao pleito, existe um casuísmo de um, que foi condenado e descondenado. É uma situação constrangedora para os operadores de direito, que sabem que apesar de regulamentar e processual, há uma imoralidade (aqui como opinião), no procedimento de anulação de processos já tramitados, por conta de um CEP, já que os crimes praticados, julgados e a condenação existente não deixaram de existir. Portanto, se o critério de partida for da moralidade e integridade já há uma decisão formada.

Há os defensores do pensamento de que se ambos são “ficha limpa”, o jogo está valendo. Mas cada brasileiro sabe ou deveria saber de berço, que o que é certo é certo, e o que é errado, não deve prosperar. Há também aqueles que advogam que os dois candidatos são igualmente desonestos, mas apenas um foi julgado e condenado; assim a escolha é fácil, pois os itens (3) e (4) da análise do livre arbítrio apresentam apenas uma solução.

Há advogados e juristas renomados que propõe a tese de que uma pessoa com poder de interromper as investigações sobre si mesmo, não será condenada jamais. Assim há o argumento de que ambos Luís Inácio e Jair Bolsonaro, não estariam aptos para candidatura. Outros querem fazer crer a máxima de que “rouba, mas faz” ou que “todos os políticos são desonestos, então vamos votar naquele que nos deu picanha, pão e circo”. Novamente vale a escolha do critério primeiro: – O que realmente é bom para o futuro do país e de todos? Uma ideologia de liberdade, segurança, trabalho, crescimento econômico e harmonia dos poderes?  Ou a ideologia socialista do aparelhamento, populismo, Estado que interfere na vida das pessoas, justiça abusadora, inflação e pobreza? Basta ver o que acontece nos países onde uma ou outra ideologia prosperou. Então, a decisão de cada eleitor é soberana e pessoal. E assim deve ser respeitada. Mas a travessia do deserto será feita por todos os brasileiros. Podemos escolher duas estradas. É uma decisão pessoal entre abraçar uma ideologia de prosperidade para todos, com liberdade e vida ou uma ideologia que vende um sonho de igualdade, mas em duzentos anos de história recente, só trouxe atraso e pobreza aos povos onde foi implantada e concentrou poder numa elite política dos amigos do partido. Mais do que nunca deve ser uma decisão racional. Quais os critérios você vai definir como relevantes nessa escolha?

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