Alberto Gallo: Qual a importância da liderança cristã para construção de uma sociedade mais inclusiva?

Colunista do DIÁRIO DO RIO comenta a importância do entendimento em relação a valores humanistas para a vida em sociedade

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Símbolo da inclusão

Há muitas formas de se mudar o Brasil para melhor. Uma delas é com lideranças que conduzam para o Bem Comum. Em Minas Gerais há um ditado que diz que uma boa locomotiva conduz o trem para um destino seguro. Ou como nos memes do futebol: ”Segue o líder”.

Portanto é oportuno como nação, que tenhamos lideranças imbuídas de valores transcendentes, que não seja só uma busca do lucro econômico ou da fama, mas que percebam como missão a inserção social dos menos favorecidos. E por liderança entendemos aqueles que influenciam a sociedade, que são os dirigentes, professores, mestres, empresários, gestores públicos e profissionais que através de seu trabalho podem contribuir para um Brasil melhor.

A ADCE, Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas, busca trazer essa reflexão, não apenas com empresários, mas com todos aqueles que atuam na liderança social. E os valores que difundimos são da Doutrina Social da Igreja, ou DSI; um conjunto de ensinamentos que amadureceu à partir dos ensinamentos de Jesus Cristo mas também da própria Igreja e da filosofia, entendidos como boas práticas para que uma sociedade possa prosperar com justiça, democracia, representação e solidariedade. No próximo dia 26/05 faremos um almoço no centro do Rio, para aprofundarmos nesse debate da missão dos empresários e líderes para uma transformação social, e se você, leitor, tiver interesse em conhecer essa proposta, faça contato conosco pelo email acima.

Há um debate muito antigo no pensamento econômico: Se o desenvolvimento ocorre numa sociedade a partir da indução dos governos e das políticas públicas ou se surgem a partir das iniciativas de empreendedores que percebem oportunidades para investimentos? É uma pergunta quase tão antiga, como a famosa questão da origem primeira, se do ovo ou da galinha.

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São escolas de pensamentos e ideologias sociais, e que por óbvio não há uma resposta isolada, mas uma visão de que necessariamente a civilização, desenvolvimento e bem-estar social se constroem através da iniciativa empresarial e da regulação pública concomitantes. É, portanto, importante perceber que os empresários não devem ser tratados como vilões no jogo da economia, como insiste em proclamar alguns militantes do atraso político que pregam o amor, mas todo o tempo chamam empreendedores (do agro) de fascistas, os industriais de exploradores da mão de obra e os comerciantes de genocidas porque insistiam em manter comércios operando em momentos obscuros.

As economias mais desenvolvidas já superaram essa falsa luta de classes, ao entender que é bobagem toda a construção ideológica da divisão social. Nesses países, como por exemplo Alemanha, França e Suécia, há comitês tripartites formados por representantes dos sindicatos de trabalhadores e patronais, além de membros dos governos, com objetivo de uma revisão dos projetos legislativos que possam influenciar os mercados de trabalho e a economia. O objetivo é de uma política integrada e visando o bem comum, além de construir o entendimento. Justamente o oposto dos discursos extremistas e radicais, que alguns líderes têm insistido em nosso país e que nos colocam numa situação de atraso. O oposto do ”amor venceu”. Parece que quem se elege no Brasil, assume com sanha de perseguição aos opositores, e ainda mais quando há um vácuo de equilíbrio no poder judiciário. A política é importante como mecanismo de debates, de representação social e de articulação de interesse de todos os grupos.

Mas não pode ser palco de violências contra minorias, perseguição e criminalização de oposição, de inquéritos à margem da lei e dos costumes. Precisamos investir em uma política de entendimento, diálogo, políticas assertivas e maduras; ao invés de uma constante desqualificação dos oponentes dentro do cenário ideológico.

Coimbatore Prahalad, um importante autor indiano, destaca em seus livros ”A Riqueza da Base da Pirâmide” e ”Competição do Futuro”, que justamente é o fator da visão empreendedora, desde os pequenos negócios até as grandes corporações é que impulsionam as nações, gerando empregos, salários e impostos. Para o autor é possível empresas contribuírem para redução da pobreza e da desigualdade, ao mesmo tempo que realizam negócios lucrativos. Empresas podem apoiar o desenvolvimento através da inovação, criação de mercados e da responsabilidade social e ambiental. É falso afirmar que empresários são como vampiros que apenas sugam a riqueza social. É até oportuno, em outra ocasião, abrirmos uma discussão para entender que de fato existem esses vampiros ou ”metacapitalistas”, para os quais o poder de mercado é muito grande, assim se faz importante o poder de regulação do Estado, e de volta temos a discussão do ovo e da galinha.

São muitos temas importantes e que merecem a atenção da sociedade e de seus membros. E, portanto, é fundamental discutir e debater valores entre aqueles que de alguma forma podem colaborar para um país melhor, uma política de alto nível e a construção de uma economia de solidariedade e respeito. Todos são convidados ao debate e a aprofundar-se nos temas da DSI.

Ou seguimos pelo caminho da civilização e do entendimento de valores humanistas ou vamos para o caos do abuso de autoridades, que se colocam acima da lei e que pode parecer bom para alguns num primeiro momento, será perverso para todos ao longo do tempo.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Gostaria muito de participar desse encontro doa dia 26-05, como deve fazer?
    Sou jornalista e tenho interesse no assunto.
    Aguardo orientações.
    Grata,
    Rogeria Gomes

  2. Você começa seu artigo defendendo que não se deve buscar apenas o lucro, mas sim a inserção de todos, e que não se deve “demonizar” os empresários. Pois bem, vamos aos fatos:

    Você conhece algum empresário que não tenha como objetivo aumentar seus ganhos? Qual empresa, média, grande ou mega, ao montar seus orçamentos financeiros, não define como meta aumento, em valor nominal e percentual, de sua lucratividade? Qual empresário você conhece que defende manutenção e ampliação de direitos trabalhistas e o fortalecimento de organizações sindicais? Quantos NÃO defendem redução de carga tributária tanto para as empresas quanto para os donos? Quantos são a favor de legislação ambiental rigorosa e se esmeram em cumpri-la?

    Agora vejamos o que aconteceu no Brasil nos últimos 6 anos: precarização dos direitos trabalhistas e queda na renda do trabalhador médio; enfraquecimento da legislação ambiental e dos órgãos fiscalizadores; congelamento de investimentos públicos e aumento da transferência de recursos públicos para banqueiros e especuladores privados (em 2016, 43% do total de gastos públicos era com banqueiros; hoje já passa dos 50%, segundo dados da Auditoria Cidadã). Os maiores bilionários brasileiros engordaram mais ainda suas fortunas, e segundo dados de canais especializados, nestes últimos 6 anos o Brasil “ganhou” mais uma dezena ou duas de novos bilionários. Em contraste, a população de rua cresceu assustadoramente, bem como o desemprego, a pobreza, a fome, e até mesmo algumas doenças antes consideradas erradicadas estão voltando, já que o sistema público de saúde sofreu considerável redução de financiamento.

    Não sei se os números estão disponíveis, mas o que você acha que aconteceu, nestes últimos 6 anos, com o montante de dinheiro brasileiro enviado ao exterior (para esconderijos fiscais ou não), ao invés de ser reinvestido aqui para uma maior “inclusão” de todos?

    O mar de lama em que o Brasil sempre esteve mergulhado é fruto direto da atuação gananciosa e criminosa de gente muito rica que sempre enxergou o Brasil como sua propriedade, podendo expropriá-la da maneira que lhe conviesse. Um estudo cuidadoso da nossa História deixa muito óbvio quem se opunha à libertação dos escravizados; quem exigiu ressarcimento monetário com dinheiro público pela perda dos escravos; quem conspirou contra a monarquia; quem definiu que a população negra deveria ser abandonada à própria sorte e iniciou o processo de importação de mão de obra europeia para embranquecer o país; quem sustentava a velha república de oligarcas; quem tentou golpes contra Getúlio por suas políticas sociais; quem organizou e apoiou o golpe militar; quem colocou Sarney, Collor (um total desconhecido) e FHC na presidência; quem apoia financeiramente partidos de direita que ocupam majoritariamente as casas legislativas e criam leis para seu benefício, perpetuando a desigualdade e jogando o povo no mais completo abandono.

    Esse papinho de que empresário é bonzinho só convence aos tolos dominados por misticismo emburrecedor. Pena que esta parcela da população ainda seja majoritária. Quem sabe o jogo vira um dia!

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