Quase todo mundo conhece a famosa Escadaria Selarón, na Lapa, um dos cartões-postais mais disputados do Rio de Janeiro. Como é comum em locais que se tornam famosos, a galera corre para registrar a foto clássica no primeiro lance, onde se lê “Escadaria Selarón – Rio de Janeiro”. Até filas se formam para garantir a imagem, considerada obrigatória. Mas o Rio, com sua geografia de sobe e desce, guarda outras escadarias menos conhecidas, que revelam histórias fascinantes e oferecem vistas de tirar o fôlego.

Seja como ponto turístico, caminho histórico ou simples acesso morro acima, algumas das milhares de escadarias da cidade surpreendem quem chega ao topo com paisagens e experiências inusitadas. Pensando em quem deseja fugir do roteiro tradicional, o DIÁRIO DO RIO selecionou sete escadarias espalhadas pela cidade para inspirar seu próximo passeio.

Algumas exigem atenção redobrada e, em certos casos, é recomendável a companhia de um guia para garantir a segurança. E se você curtir este roteiro, quem sabe a gente não volta com uma segunda parte?

1. Escadaria do Jardim Suspenso do Valongo

No Centro do Rio, a escadaria do Jardim Suspenso do Valongo é um dos tesouros escondidos do Circuito Pequena África. Inaugurado em 1906 e projetado pelo arquiteto-paisagista Luis Rey, o jardim foi inspirado nos charmosos parques franceses do século XIX. Após reformas, voltou aos seus padrões originais e agora guarda réplicas de estátuas dos deuses Minerva, Marte, Ceres e Mercúrio, que um dia ornamentaram o Cais da Imperatriz.

É nesse cenário histórico que está a famosa escada, que desafia tanto turistas quanto cariocas. Com degraus íngremes, ela oferece uma vista incrível, mas também pode causar vertigem. A sensação de descer é tão única que, para alguns, é uma verdadeira aventura. Para quem topa, a experiência mistura adrenalina e história de forma inusitada.

O DIÁRIO DO RIO já fez o passeio e recomenda a experiência para quem quer uma mistura de história e emoção. Será que essa é a escada mais difícil de descer no Brasil? Para uns, um grande desafio; para outros, só mais uma caminhada. E você, encara?

Serviço

Como Chegar e Dicas de Passeio

• Metrô: Estações Presidente Vargas ou Uruguaiana.
• VLT: Parada dos Navios.
• Cuidados: Os degraus são pequenos, por isso é importante atenção ao subir ou descer.
• Dica: Para aproveitar ainda mais o passeio, é indicado ir acompanhado de um guia, que compartilha histórias e curiosidades sobre o local.

2. Escadaria da Rua Eduardo Jansen

Continuando pelo Centro e pertinho da Pequena África, não podemos deixar de citar a escadaria da Rua Eduardo Jansen, ou “Escadaria da Bandeira do Brasil”. Famosa pelas clássicas fotos que circulam nas redes, mas ainda desconhecida por muitos locais e turistas, ela carrega o jeitinho brasileiro com um charme único carioca. Mais tranquila do que outras da lista, é um destino acolhedor e perfeito para uma pausa.

No coração do Morro da Conceição, no bairro da Saúde, a escada exibe as cores vibrantes da bandeira, rodeada por casinhas coloridas. A poucos passos dali, está a Praça Pedra do Sal, onde as tradicionais rodas de samba animam as noites de segunda-feira.

A escadaria é uma opção charmosa na região, ideal para fotos e momentos de descontração ao longo de um passeio.

Serviço

Como Chegar e Dicas de Passeio

• Metrô: Estação Uruguaiana.
• VLT: Parada dos Museus.
• Dica: Aproveite o dia para conhecer o Circuito Pequena África. A escadaria da Bandeira do Brasil fica próxima às escadarias do Jardim Suspenso e ao Bafo da Prainha, onde é possível curtir samba e uma cerveja gelada.

3. Escadaria Carmen Miranda

A escadaria da Praça Presidente Aguirre Cerda, no bairro de Fátima, no Centro do Rio, é uma intervenção artística que une história e cultura. Em maio de 2013, o coletivo SerHurbano, com a colaboração dos artistas João Jitujeusi (Mancha) e Rafael Bandeira, transformou os degraus do local em um tributo a Carmen Miranda, que viveu na região durante a infância.

Com a imagem da cantora estampada nos degraus, a escadaria rapidamente se tornou um ponto de referência. Hoje, a escada é um espaço que combina arte e memória, fazendo parte do cenário urbano da cidade.

Serviço

Como Chegar

• Trem: Desembarque na estação Central do Brasil e siga a pé até o bairro, em um trajeto de aproximadamente 1,4 km.
• Metrô: Pegue a linha Botafogo, desça na estação Cidade Nova ou Central e utilize o ônibus 110 (sentido Candelária). Desembarque na Rua Riachuelo, 251, e caminhe 60 metros.
• Ônibus: Linhas 010, 110, 298, 323, 362 e 410 também levam à região.

4. Escadaria Frei Orlando

A escadaria da Ladeira Frei Orlando, que conecta os bairros da Lapa e de Santa Teresa, é feita por materiais recicláveis, como azulejos e espelhos, que trazem charme ao local. A obra é de Luiz Henrique Ferreira, conhecido como Lula, morador da região, que contou com a ajuda da comunidade para criar um altar em homenagem à Nossa Senhora de Fátima no topo da escada.

Antes chamada de Escadaria da Ladeira do Senado, a ladeira é uma das várias opções de acesso ao bairro de Santa Teresa. Embora menos famosa que a Escadaria Selarón, ela liga a Rua Paula Mattos à Rua Riachuelo.

Com 108 degraus, a escadaria oferece um panorama único, além de ser um convite para conhecer a antiga região de Paula Mattos, onde também se encontra a Paróquia de Nossa Senhora das Neves.

Serviço

Como Chegar

• Metrô: Linhas L1, L2 e L4.
• Ônibus: Linhas 108, 110, 238, 362 e 432, também levam à região.

5. Escadaria Grande Otelo

A escadaria de 127 degraus da Rua Guilherme Marconi, que liga os bairros de Fátima e Santa Teresa, ganha vida com a imagem do ator brasileiro Grande Otelo, que morava na região. A pintura, é obra do artista João Mancha em parceria com a marca de tintas Coral e o projeto SerHurbano, que realiza intervenções artísticas pelo Rio.

Atualmente, os desenhos da escadaria mostram sinais de desgaste, evidenciando a necessidade de maior atenção e cuidado com o local. O DIÁRIO DO RIO reforça o apelo por iniciativas que preservem e valorizem a história e a arte.

Serviço

Como Chegar

• Metrô: Cerca de 20 minutos a pé da estação de metrô Central.

6. Escadaria do Grajaú

Com 71 degraus revitalizados com cacos cerâmicos coloridos em 2021, a escadaria do Grajaú, localizada na rua Itabaiana, se tornou um exemplo da cooperação entre voluntários e o poder na recuperação de espaços públicos.

A escadaria, feita por um morador da região, reúne pequenos azulejos coloridos em forma de arte. O bairro, que já foi lar de músicos renomados como Oswaldo Montenegro, hoje atrai novos artistas que utilizam o local para fotografias, gravações de vídeos e clipes. Até mesmo um casamento já foi celebrado aos pés da escadaria.

Nos patamares, os cacos cerâmicos coloridos registram versos da música “Se Essa Rua Fosse Minha”, composta nos anos 1930 por Mario Lago e Roberto Martins, em um convite aos visitantes para uma viagem pela poesia e pelo tempo. O ar bucólico e acolhedor do Grajaú ganhou novos ares e cores, e o novo ponto turístico é apelidado de “Escadaria Selarón do Grajaú”.

Serviço

Como Chegar

• Metrô: Linhas L1, L4.
• Ônibus: Linhas 422, 435, SN 422 e 608, também levam à região

7. Escadaria do Pico da Tijuca

Fechando nossa lista de escadas desconhecidas, não podemos deixar de mencionar a escadaria do Pico da Tijuca. Se começamos com uma íngreme, nada mais justo do que encerrar com outra.

Com 1.022 metros de altitude, o Pico da Tijuca é o ponto mais alto do Parque Nacional da Tijuca e o segundo mais alto do Rio de Janeiro, ficando atrás apenas do Pico da Pedra Branca. O local, acessível por trilhas e escaladas, oferece uma visão panorâmica de 360º, sendo um destino clássico do montanhismo carioca. Agora imagine subir tudo isso por uma escadaria esculpida diretamente no granito.

São 117 degraus que, segundo a versão mais aceita, foram construídos em 1920 por ordem do presidente Epitácio Pessoa. O objetivo era facilitar a subida do Rei Alberto I da Bélgica, convidado em visita ao Brasil. No entanto, a história guarda um detalhe curioso: o rei, um experiente montanhista, achou absurda a ideia. Durante sua visita, preferiu escalar a rocha e descer pelo costão, uma trilha de alta dificuldade.

Hoje, os 120 metros de correntes de ferro instalados como corrimão ainda estão no local, embora apenas 17 das 62 hastes originais permaneçam fixadas. A escadaria, inicialmente sem serventia para o rei, segue como um marco curioso e histórico.

Serviço

Como Chegar

• Endereço de acesso: Entrada pelo Setor Floresta, localizada na Praça Afonso Viseu, Alto da Boa Vista.
• Como chegar de carro: Acesso pela Estrada das Furnas para quem vem da Barra da Tijuca ou Itanhangá, ou pela Avenida Edson Passos para quem vem da Tijuca.
• Como chegar de ônibus: Linhas indicadas: 301, 302 e 345.
• A pé: Entrada pelo setor Floresta, com trilha que leva até o cume do Pico da Tijuca.