O mercado de influenciadores digitais está bombando. Nem tudo é glamour e a vida real pode ser bem diferente do que mostram na internet, mas quando o sucesso chega ele transforma a realidade dos criadores de conteúdo. As empresas estão investindo cada vez mais em publicidade na internet e optando por patrocinar rostos mais conhecidos nas redes sociais do que famosos da televisão. Ao optar por um influencer, a marca consegue falar com um público específico que pode casar com o seu produto, como anunciar um suplemento energético no perfil de um influenciador fitness. Acontece que nem todos os nichos chamam atenção das empresas.
Gabriel Príncipe é um jovem com mais de 115 mil seguidores em uma rede social e quase 230 mil em outra, engajamento nas duas plataformas. Diferente de outros colegas com pouco mais de 10% dos seus números, GP Príncipe, como também é conhecido, ainda não chamou atenção de grandes marcas. E olha que o cachê pode sim ser pago com valores generosos, mas também muitas vezes aceitam a publicidade em troca de produtos de graça. A diferença entre Gabriel e seus colegas é que eles mostram suas rotinas, falam da moda, de qualidade de vida, enquanto Príncipe exalta a religiosidade afro-brasileira. Calma! Ele não fala de fundamentos ou liturgia. Gabriel consegue misturar o que está bombando nas redes, como as famosas trends, com mensagens de fé nos Orixás e contra a intolerância religiosa. Humor e criatividade são a sua marca.
Quem acompanha o criador de conteúdo Gabriel Príncipe se depara com propagandas de lojas ligadas à Umbanda e ao Candomblé, bem como bares e eventos, afinal é o nicho desses empresários, mas tem um que se destaca: o seu barbeiro Yan. Na visão do profissional, não interessa a religião de quem viu o seu trabalho, todos cortam o cabelo. Assim questionamos: macumbeiro também compra sabão? Um público engajado pode ser uma boa aposta para as grandes marcas, já que confiar em um irmão de fé deve ter um valor especial para o seguidor.
‘’Acho que o mercado não valoriza influenciadores da religião. A procura de trabalho é pouca e normalmente reclamam dos valores, mas não entendem o quão difícil é atrair um público falando de religião’’, afirmou Gabriel. Para ele, seu trabalho ajuda a fazer com que mais pessoas de todas as idades consigam quebrar a barreira do preconceito e aprendam a respeitar as diferenças, e até mesmo aprender um pouco das religiões afro-brasileiras.
Ele não está sozinho e fala por tantos outros criadores que apostam na Umbanda e no Candomblé como ponte para a valorização do seu trabalho e crença. Seu filho, o pequeno Noah, está a caminho e o papai coruja já sabe o que ele quer ouvir falar do pai quando estiver bem grandinho na escola:
‘’Quero que ele escute que seu pai lutou a favor da crença em que acredita, e que nunca precisou desrespeitar ou humilhar alguém para falar de sua fé.’’