Alessandro Valentim – Macumbeiro também compra sabão: influenciadores das religiões afro-brasileiras buscam patrocinadores

Ao optar por um influencer, a marca consegue falar com um público específico que pode casar com o seu produto, como anunciar um suplemento energético no perfil de um influenciador fitness. Acontece que nem todos os nichos chamam atenção das empresas

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Ao lado de sua esposa Deborah e do seu cachorro, Gabriel Príncipe anuncia o primeiro filho do casal

O mercado de influenciadores digitais está bombando. Nem tudo é glamour e a vida real pode ser bem diferente do que mostram na internet, mas quando o sucesso chega ele transforma a realidade dos criadores de conteúdo. As empresas estão investindo cada vez mais em publicidade na internet e optando por patrocinar rostos mais conhecidos nas redes sociais do que famosos da televisão. Ao optar por um influencer, a marca consegue falar com um público específico que pode casar com o seu produto, como anunciar um suplemento energético no perfil de um influenciador fitness. Acontece que nem todos os nichos chamam atenção das empresas.

Gabriel Príncipe é um jovem com mais de 115 mil seguidores em uma rede social e quase 230 mil em outra, engajamento nas duas plataformas. Diferente de outros colegas com pouco mais de 10% dos seus números, GP Príncipe, como também é conhecido, ainda não chamou atenção de grandes marcas. E olha que o cachê pode sim ser pago com valores generosos, mas também muitas vezes aceitam a publicidade em troca de produtos de graça. A diferença entre Gabriel e seus colegas é que eles mostram suas rotinas, falam da moda, de qualidade de vida, enquanto Príncipe exalta a religiosidade afro-brasileira. Calma! Ele não fala de fundamentos ou liturgia. Gabriel consegue misturar o que está bombando nas redes, como as famosas trends, com mensagens de fé nos Orixás e contra a intolerância religiosa. Humor e criatividade são a sua marca.

Quem acompanha o criador de conteúdo Gabriel Príncipe se depara com propagandas de lojas ligadas à Umbanda e ao Candomblé, bem como bares e eventos, afinal é o nicho desses empresários, mas tem um que se destaca: o seu barbeiro Yan. Na visão do profissional, não interessa a religião de quem viu o seu trabalho, todos cortam o cabelo. Assim questionamos: macumbeiro também compra sabão? Um público engajado pode ser uma boa aposta para as grandes marcas, já que confiar em um irmão de fé deve ter um valor especial para o seguidor.

‘’Acho que o mercado não valoriza influenciadores da religião. A procura de trabalho é pouca e normalmente reclamam dos valores, mas não entendem o quão difícil é atrair um público falando de religião’’, afirmou Gabriel. Para ele, seu trabalho ajuda a fazer com que mais pessoas de todas as idades consigam quebrar a barreira do preconceito e aprendam a respeitar as diferenças, e até mesmo aprender um pouco das religiões afro-brasileiras.

Ele não está sozinho e fala por tantos outros criadores que apostam na Umbanda e no Candomblé como ponte para a valorização do seu trabalho e crença. Seu filho, o pequeno Noah, está a caminho e o papai coruja já sabe o que ele quer ouvir falar do pai quando estiver bem grandinho na escola:

‘’Quero que ele escute que seu pai lutou a favor da crença em que acredita, e que nunca precisou desrespeitar ou humilhar alguém para falar de sua fé.’’

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Alessandro Valentim - Macumbeiro também compra sabão: influenciadores das religiões afro-brasileiras buscam patrocinadores

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui