Alessandro Valentim: Três mulheres, um Carnaval

Parece clichê dizer que o lugar da mulher é onde ela quiser, mas ainda é uma triste realidade a desigualdade salarial nos mais diversos setores profissionais, principalmente nos cargos de gestão, além da violência que sofre a mulher

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Março celebra uma luta que deve ser comum todos os dias. Parece clichê dizer que o lugar da mulher é onde ela quiser, mas ainda é uma triste realidade a desigualdade salarial nos mais diversos setores profissionais, principalmente nos cargos de gestão, além da violência que sofre a mulher.

E o que seria do Carnaval sem elas? Sem samba de Alcione, que leva a nossa tradição para o mundo, sem a gestão de administradoras como Cátia Drumond, que elevam o nível da disputa e o brilho de rainhas como Evelyn Bastos, que representam a resistência da mulher brasileira, como seria? Não nos faltam exemplos do enriquecimento à cultura do nosso país derivado da luta e da força feminina.

Uma das maiores sambistas do Brasil, Alcione, segue como inspiração para tantas mulheres que sonham com a música. Imagine quantas meninas da Mangueira se espelham na ‘’Negra Voz do Amanhã’’, homenageada pela Estação Primeira este ano!

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‘’Antigamente, não tínhamos referências negras para servir de inspiração às nossas crianças. Não tínhamos bonecas negras, na tv não existiam protagonistas negros. Hoje, felizmente, a história está tomando outro rumo e começamos a nos ver ocupando os espaços mais privilegiados’’, afirmou Alcione, destacando também a luta contra o racismo.

Ainda sobre a homenagem que recebeu da sua escola do coração, Alcione celebrou a possibilidade de inspirar não só outras meninas, mas jovens de comunidades brasileiras.

‘’Certamente, serviu de inspiração para muitos jovens negros da comunidade mangueirense, ou de outras coirmãs. Espero, sinceramente, que essa homenagem tenha servido de incentivo a tantas meninas que pertencem à comunidade, amam o samba e a nossa Estação Primeira’’, completou Marrom.

Para completar a festa mangueirense, quem comentou a representatividade Alcione foi Evelyn Bastos, que também inspira e é um exemplo não só para a comunidade, mas para o país. Nascida na comunidade, sua avó foi baiana da Estação Primeira e sua mãe, Valéria Bastos, rainha de bateria entre 1987 e 1989, cargo que Evelyn ocupa há 11 anos.

E não é só na bateria que a personal trainer e bacharel em História reina. Evelyn Bastos inspira ainda mais jovens com o cargo de presidenta da Mangueira do Amanhã.

‘’A gente tem uma mulher que é resiliente e empática. Quando chega na Mangueira é todo aquele deslumbre e felicidade de viver a festa da escola de samba. Nós cantamos para Alcione, mas trouxemos todo esse legado e ensinamento que ela sempre trouxe e vai continuar trazendo para nós’’, afirmou a rainha e presidenta.

De acordo com uma pesquisa da FIA Business School, as mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil. De acordo com o IBGE, quando o assunto é salário as mulheres recebem 22% menos que os homens. Nos cargos de gestão, o salário é 34% menor. Os números reforçam a importância de continuar lutando pelo espaço feminino no mercado de trabalho.

O Carnaval revela resultados positivos da força da mulher, como a presidente da Imperatriz Leopoldinense, Cátia Drumond, que resgatou os tempos de glória da escola de Ramos com o título de 2023 e o vice-campeonato de 2024.

‘’Tenho orgulho de mostrar que as mulheres podem ser grandes líderes, grandes referências, especialmente em ambiente majoritariamente e historicamente masculino, como o Carnaval. Infelizmente poucas tiveram essa honra e responsabilidade ao longo da história. Algumas agremiações nunca tiveram mulheres no comando. Na própria Imperatriz, eu sou a primeira nessa posição’’, afirmou Cátia.

A presidente reconhece a necessidade de mais avanços para a pauta e espera que o seu trabalho inspire outras mulheres.

‘’Ainda é preciso avançar, mas não só no cargo de presidência. O Carnaval tem posições de destaques importantes sem ou com muito pouca representatividade feminina, como nas direções de carnaval e de harmonia, como carnavalescas, intérpretes, mestres de bateria, entre outras. Espero que o sucesso da Imperatriz, sob meu comando, abra caminhos para que outras cheguem nesses espaços. Se isso acontecer, com certeza terei um lindo legado deixado’’, disse a presidente.

Destacando a importância do pai em sua trajetória, Cátia concluiu com os desafios de levar um desfile para a Sapucaí e os trabalhos diários de uma escola.

‘’Minha maior motivação foi meu pai e o legado que ele construiu. Aprendo muito todos os dias exercendo a função de presidente. Temos muitos desafios para colocar a escola na Avenida, mas a maior satisfação é transformar vidas. A Imperatriz promove ações sociais durante todo o ano e são esses projetos que fazem da nossa escola uma agremiação campeã’’, completou Drumond.

Que tenhamos um Carnaval mais feminino, mais plural e que enfrentemos a desigualdade com cultura!

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