Alessandro Valentim – Umbanda: 114 anos de resistência

No próximo dia 15, completará 114 anos da manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes (1891-1975), que anunciou a Umbanda como uma nova religião

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Foto: Luiz Oliveira

No próximo dia 15, completará 114 anos da manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes (1891-1975), que anunciou a Umbanda como uma nova religião. Com o objetivo de dar voz a espíritos sem discrminação, nasceu em 1098 uma crença brasileira.

O primeiro terreiro umbandista foi criado um dia após a anunciação da religião. A Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade iniciou seus trabalhos de caridade no dia 16 de novembro de 1908 em Neves, distrito de São Gonçalo-RJ. O atual site do terreiro conta com documentos e registros da história da Umbanda, crença reconhecida como Patrimônio Imaterial do Rio de Janeiro.

A Umbanda reúne falanges de espíritos indígenas, negros escravizados também nascidos em chão brasileiro, homens, mulheres e crianças dos povos do nosso país. Os fundamentos da crença contam ainda com influência do Candomblé, como a fé nos Orixás e a adaptação de alguns rituais e elementos.

‘’A diversidade cultural que a Umbanda abriga faz com que os terreiros sejam vistos como casas acolhedoras pelos visitantes. A egrégora da religião abraça todos os povos, então as suas lideranças consequentemente têm o papel de abraçar as pessoas sem discriminação, ainda que a própria religião sofra comela’’, afirmou Mãe Márcia de Oxum, dirigente da Casa de Caridade Cabocla Jurema.

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Em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, fica o Centro Espírita Templo de Ogum e Caboclo Rompe-Nuvem, onde a Mãe Carla da Oxum coordena um trabalho mensal de distribuição de quentinhas e serve um jantar durante as suas giras semanais. O trabalho reflete a principal bandeira umbandista: a caridade. ‘’Por equívoco, muitas pessoas enxergam a espiritualidade como uma forma de conseguir riqueza, mas a realidade é justamente o contrário. Umbanda é doação, é caridade. Quem discrimina os terreiros precisa viver a experiência de ajudar o próximo e fazer o bem como quem veste a camisa umbandista vive todos os dias’’, desabafou Mãe Carla.

Se por um lado os intolerantes tentam convencer a massa de que as crenças afro-brasileiras são malignas, por outro o orgulho de defender a sua fé e combater o racismo religioso é visto com mais frequência nas redes sociais. Jovens assumem a sua fé nos guias e sacerdotes levam a sua doutrina para a internet.

‘’Enquanto religião, a nossa amada Umbanda, ainda vem dando os seus primeiros passos. No entanto, não há dúvidas que ao longo desses anos muitos corações foram acalantados, curados e libertados por essa luz divina. Todavia, na atualidade, temos desafios emergentes a serem enfrentados, como o preconceito, a lida de maneira saudável com o fenômeno das redes sociais e a busca por uma comunicação cada vez mais assertiva com os médiuns e frequentadores dos terreiros. Porém, é certo que ao pisar num templo umbandista você será transformado pelo amor dos Guias e Orixás’’, explicou Filipi Brasil, escritor e dirigente do Templo Espiritualista Aruanda.

Para celebrar os 114 anos da Umbanda, o Rio de Janeiro, que é o berço da crença no Brasil, realizará uma solenidade aberta ao público no Plenário da Câmara Municipal às 18h no próximo dia 09, quarta-feira. Organizada pelo vereador Átila A. Nunes, a homenagem a terreiros e personalidades umbandistas contará com as apresentações do Ogã mais premiado da Umbanda, Tião Casemiro, da dupla Rosa Amarela e da Liga Independente dos Compositores e Intérpretes Afro-brasileiros do Rio de Janeiro (LICIARJ). Os presentes conhecerão mais a história da Umbanda pelo coordenador da Diversidade Religiosa do Rio, Márcio de Jagun.

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