Alexandre Knoploch: Rio, cidade noturna, por que não?

A capital fluminense merece um projeto de revitalização da economia notívaga, com atrações culturais de qualidade e oferta de transporte, a exemplo de Lisboa, Cairo e Nova York

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Há alguns anos, governantes e especialistas de diversas metrópoles do mundo têm colocado em debate a questão das cidades noturnas. Não apenas as localidades em países desenvolvidos, como Lisboa, Barcelona, Paris e Nova York — conhecida como a “a cidade que nunca dorme”— mas também no Cairo, Beirute e Montevidéu existe vida depois de 18h. Mas, afinal, por que nunca pensamos em aplicar a experiências bem sucedidas da cidade insone no Rio de Janeiro?

Entre as principais vantagens das cidades noturnas, temos a redução da criminalidade e o aquecimento da economia. Sabemos que o crime é inimigo de ruas iluminadas e movimentadas, especialmente se contam com comércio de produtos e prestação de serviços, com o apoio de policiamento regular. E não estamos falando apenas de barzinhos e pubs. Especialistas do BID defendem, inclusive, que a oferta notívaga deve ir além de bares, restaurantes e casas de shows. Lojas, cinemas, teatros, centros culturais, museus e bibliotecas, abertos durante a madrugada, afastam bandidos. A ocupação das ruas pela população constitui, sem dúvida, um dos maiores entraves para a ação de meliantes.

No âmbito da economia, entre as vantagens das cidades noturnas, podemos enumerar a geração de empregos e o arrecadamento de impostos. Sem falar no turismo, um dos setores que mais se beneficiam de um projeto de economia pulsante noturna. O turista se sentirá mais atraído por um destino que oferece inúmeras atrações culturais noturnas. Essa atratividade se completa com a oferta adequada de transporte público, como metrô e VLT, e não apenas carros de aplicativo ou táxis.

A possibilidade de desfrutar da cidade a qualquer hora do dia, em espaços charmosos e revitalizados, faz de uma viagem uma experiência única para o visitante. Hoje, o turista paga o mesmo percentual de ICMS ao adquirir um produto que nós, moradores, pagamos, mesmo não morando no estado do Rio ou no Brasil. Já é hora de pensarmos na restituição de pelo menos parte desse imposto no aeroporto, na saída do turista. Melhor ainda seria devolvê-lo na forma de consumo de produtos no próprio aeroporto, ainda no RJ, em reais.

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Boa parte do Grande Rio sofre com o problema crônico da criminalidade, como São Gonçalo e os municípios da Baixada Fluminense, mas a capital, porta de entrada para o turista internacional que vista o Brasil, tem plenas condições de receber um projeto-piloto de cidade noturna. No entanto, precisamos primeiro revolver o problema da falta de ordenamento público, que piora com o apagar das luzes e o esvaziamento das ruas. Vias sujas, iluminação deficiente e a presença de muitos moradores de rua impedem o desenvolvimento do conceito de cidade noturna em qualquer local.

Com o empenho e a união dos diversos Poderes, principalmente do Executivo, dos empresários e dos cidadãos, em torno dessa ideia, tenho certeza de que somos capazes de elaborar um projeto para revitalizar a economia do Rio, recolhendo ICMS e gerando centenas de empregos no período noturno. O Rio tem tudo para ser, inclusive, um case de sucesso para todas as regiões do Brasil.

Lembremos que a cidade noturna funciona, sim, conforme comprovado em diversos países desenvolvidos e também em desenvolvimento, como impulsionadora do consumo e da economia, e redutora da mancha criminal.

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3 COMENTÁRIOS

  1. sim. cidade noturna, diurna, madrugaturna e outras “urna” que se possa inventar. o rio é uma cidade com vocação pro turismo, muito mal administrada nesta parte – por qualquer vertente política – onde o carioca preocupa-se com “outras prioridades” que não o turismo! completo absurdo!

    O Rio tem uma INDUSTRIA DO ENTRETENIMENTO subutilizada, que poderia encher hotéis, restaurantes, lanchonetes, hostels etc, gerando milhares de empregos, pagando impostos e trazendo pessoas que queiram aqui gastar seu dinheiro.

    O autor do artigo meteu o dedo na ferida, mas será mais uma voz pregando no deserto. lamentável.

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