Alô Crivella, o Carnaval merece respeito

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Fogo e Paixão - foto: Raphael David / Riotur

O Carnaval Carioca é famoso mundialmente por sua alegria, irreverência e animação, além de ser conhecido como extremamente democrático, permitindo a diversão sem discriminação e sem separação por origem, classe, cor de pele, idade ou gênero, algo raro nos dias de hoje. Por esses e outros motivos, o período de carnaval faz parte da memória afetiva de diversos cariocas e de muitos que visitaram a cidade durante a folia, além de constituir parcela importante da imagem do Rio de Janeiro.

Existem ainda outras dimensões fundamentais do Carnaval Carioca como a histórica, a cultural e a artística. O carnaval não é somente folia, mas também música, patrimônio histórico e pedaço significativo da cultura carioca e brasileira. Além disso, o carnaval frequentemente conta a história de nossa cidade e de nosso país nos enredos das escolas de samba e nas marchinhas dos blocos, tendo dimensão pedagógica.

O carnaval possui ainda uma grande relevância econômica, gerando empregos formais e informais, movimentando o comércio, criando oportunidades para artistas e artesãos e trazendo turistas para a cidade. No último fim de semana estive, por exemplo, na região da Saara. Era nítido o impacto positivo da multidão de compradores de fantasias e adereços para as lojas da área. Ao mesmo tempo, o carnaval enche os hotéis cariocas, mesmo com todos os desafios de segurança e infraestrutura que o turista enfrenta em nossas terras. Em resumo há uma indústria do carnaval que traz arrecadação para o Rio.

Diante de todos esses motivos, não consigo compreender a desvalorização que Marcelo Crivella faz do Carnaval Carioca. E não falo aqui da redução das ajudas financeiras concedidas às escolas de samba do grupo especial, embora essa diminuição tenha sido avisada muito tarde e o valor, já menor, parcelado em duas vezes, prejudicando o planejamento e a construção dos desfiles. Falo, principalmente, do prejuízo às escolas dos grupos de acesso, que precisam do recurso para, literalmente, sobreviver. Falo também das enormes amarras burocráticas que estão sendo impostas aos blocos carnavalescos, levando alguns a cancelar seus desfiles.

Atrapalhar o Carnaval Carioca não é a mesma coisa que ordenar a folia. Querer enfraquecer uma manifestação cultural por ela talvez não combinar com dogmas religiosos defendidos pelo Prefeito é não apenas autoritário mas também equivocado na medida em que esta manifestação traz renda para uma cidade em crise, auto-estima para um povo desesperançoso e alegria para uma população aflita. Acima de qualquer filosofia pessoal, Crivella precisa entender que o Prefeito do Rio, seja ele quem for, deve respeitar e valorizar o Carnaval Carioca, além de agradecer a Deus pelo que a folia nos traz de bom.

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