A região do Porto Maravilha, antes promissora, amarga uma estagnação causada pela recessão econômica nos âmbitos federal, estadual e municipal. Um cenário que a pandemia do novo coronavírus veio agravar. Com isso, o interesse dos investidores na aquisição de terrenos na região diminuiu ainda mais.
O Porto Maravilha já enfrentava outros percalços antes da pandemia, como os sucessivos conflitos entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Prefeitura, que paralisaram o projeto de restruturação urbana da Região Portuária. A situação levou a CEF e o poder público municipal até a disputa na Justiça.
O prefeito Eduardo Paes, por sua vez, elabora novos caminhos para o Porto Maravilha, projeto no qual sempre acreditou e apostou inúmeras fichas. Além de solucionar os atuais entraves, Paes quer incentivar a implementação de polos residenciais na região do Centro do Rio. Nesse ponto, o atual prefeito e o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), Gustavo Guerrante, que é especialista em concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), estão em consonância. Os bairros da área ocupam 5 milhões de m², mas contam apenas com uma módica população de 30 mil habitantes. Número que, segundo especialistas da área de habitação, poderia chegar a 400 mil.
Se existem inúmeras saídas para a região, existem também as dificuldades imediatas. No próximo dia 4 de abril será leiloado pela Superintendência de Patrimônio da União (SPU) do Ministério da Economia, um imóvel na avenida Rodrigues Alves, no Santo Cristo, pelo preço mínimo de R$ 24 milhões. O valor do imóvel, que tem 4,5 mil m² e está situado de frente para o Cais da Gamboa, é considerado elevado pelo mercado imobiliário, indicando que pode não haver compradores.
A Prefeitura passa por drama semelhante, pois não conseguiu ofertas neste mês para a nova tentativa de vender, via concorrência feita pela Cdurp, um terreno de 7.175 m² na Avenida Pereira Reis, também no Santo Cristo, cujo valor mínimo era de R$ 13,5 milhões. O terreno da Prefeitura fica próximo ao local em que a Marinha pretende construir um empreendimento residencial destinado a seus integrantes. O financiamento para a construção do empreendimento está sendo negociado com o Banco Votorantin, que adquiriu uma grande área da Odebrecht, ao lado do edifício Novocais.
O Porto Maravilha ainda é um grande lugar para a realização de investimentos, apesar de todas as dificuldades que o estado e a cidade do Rio de Janeiro vêm enfrentando. O déficit imobiliário histórico do Rio talvez seja o caminho para fazer a requalificação urbana da região, além de ofertar moradias dignas para milhares de pessoas.