A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), através das Comissões de Cultura e de Ciência e Tecnologia, realizaram uma audiência pública, nesta sexta-feira (24/03), para discutir o abandono da Escola de Teatro Martins Penna – a primeira escola técnica de teatro da América Latina. De acordo com uma avaliação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), apresentada durante a reunião, as obras de recuperação do casarão podem levar até um ano e meio. A audiência contou com a presença de estudantes, ex-alunos, professores da instituição e representantes do poder público.
Pelo parecer do Iphan, a recuperação da Martins Penna deve acontecer em quatro etapas: a primeira, com serviços de recuperação, como troca de telhas. A segunda, revisão do projeto de restauração, seguida da execução da obra. A última fase seria a de recuperação das áreas da instituição que não são tombadas. As informações foram passadas pelo superintendente do Iphan, Thiago Santos Mathias da Fonseca.
O diretor da Martins Penna, Rodrigo Marconi, demonstrou ter uma expectativa positiva sobre o andamento da recuperação da escola, já que, na sua avaliação, o diálogo com a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) teria começado a dar resultados. Durante a audiência, Marconi comentou: “Há muito tempo existe uma displicência política com a escola, mas agora estamos conseguindo dialogar, o que já é um bom caminho. Agora, parece que estamos caminhando para ter algo concreto”.
Para que as obras tenham início ainda é necessário cumprir alguns procedimentos burocráticos, entre eles o envio do relatório do Iphan à direção da unidade com a descrição dos problemas encontrados, para em seguida, ser iniciada a reforma.
“Existe um processo de restauração já contratado e finalizado em 2014. Agora, fizemos um relatório um pouco mais complexo do que se pretendia, sugerindo algumas etapas para a recuperação, que inclui serviço de manutenção e recuperação, que são imediatos. Mas também há a revisão do projeto de restauração, ou seja, uma atualização, e a terceira etapa será a execução da obra”, explicou o superintendente do Iphan.
Do diálogo com a Faetec foi acertado que as aulas da Martins Penna serão ministradas no prédio do antigo Liceu de Artes e Ofícios, também no Centro do Rio, até que as obras da escola de teatro sejam finalizadas. A medida está assegurada pela assinatura de um contrato, segundo a presidente da Fundação, Caroline Alves, afirmando ainda que a limpeza do prédio já foi feita, e que faltam apenas “alguns detalhes”, para que os alunos voltem às aulas – o que não deve demorar.
A presidente da Comissão de Cultura, Verônica Lima (PT), demonstrou preocupação diante da conclusão das obras da Martins Penna. Ela ressaltou que as aulas serão dadas no Liceu, em caráter provisório.
“A gente tem que ter acesso ao cronograma de obras, esse processo licitatório tem que ser bem elaborado, para não dar problemas na licitação e atrasar ainda mais as obras. A Comissão de cultura está em cima cobrando e acompanhando de todo esse processo, como também uma série de demandas que foram levantadas aqui”, disse a deputada.
Já a presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Elika Takimoto (PT) lembrou de como “a rotatividade de presidentes na Faetec prejudicava” o diálogo entre as suas instituições. Ela destacou que a atual presidente demonstra um postura aberta ao diálogo, sinalizando que a Martins Penna terá dias melhores pela frente.
Problemas se acumulam
O abandono da Martins Penna não é recente, além de ser notório. A escola possui um projeto de reforma elaborado em 2014. Recentemente, o casarão foi interditado pela Defesa Civil devido a rachaduras, infiltrações e risco de desabamento. Um dos teatros da escola está infestado de cupins, e uma sala onde é guardado o acervo histórico da instituição está sendo destruída por goteiras e infiltrações. A situação calamitosa da Martins Penna levou à suspensão das aulas.