Alunos do IFCS relatam medo de incêndio e desabamento do prédio centenário

“Eu tenho medo do prédio desabar. Tenho amigos que constantemente vem para cá com medo de ter um ventilador caindo na cabeça durante a aula", disse uma aluna

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Prédio do IFCS, da UFRJ, no Largo de São Francisco, Centro do Rio / Crédito: Sinufrj

Os problemas no prédio centenário onde funciona o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Largo de São Francisco, Centro do Rio de Janeiro, não são recentes. Mas a falta de conservação da edificação, que abrigou a Real Academia Militar, em 1812; e foi uma das unidades da então Universidade do Brasil, no fim do passado passado; piorou a ponto de oferecer risco de morte aos alunos.

As largas escadas de madeira que levam aos três pavimentos do prédio representam um grande perigo, assim como o piso, também de madeira. O medo da comunidade acadêmica é de que um incêndio consuma todo o que há por ali, inclusive as pessoas. Em caso de sinistro, a única saída “segura” é uma estreita escada de emergência, com poucos passos de largura.

A lembrança dos incêndios no prédio da Pró-Reitoria de Gestão e Governança, em 2016, que resultou na destruição de oito mil documentos; do Museu Nacional, em 2018, que teve 80% do seu acervo consumido pelas chamas; além das ocorrências no Palácio Universitário, na Urca; no alojamento da universidade e na reitoria, ambos no Fundão; mostram de forma clara que não é sensato tentar contemporizar com a realidade dos fatos.

Por isso, na semana passada, os estudantes organizaram um treinamento de evacuação das instalações, em caso de incêndio. Para deixar claro o caráter emergencial dos problemas, eles também espalharam pelas dependências do IFCS cartazes e faixas conclamando a comunidade acadêmica a participar de uma assembleia, na próxima semana, para reivindicar a melhoria das instalações. Os organizadores do movimento não descartam a possibilidade de uma paralização até que providências sejam tomadas.  

Mas o problema do IFCS não é só o fogo. Outro elemento natural, a água, também representa um risco à comunidade local, uma vez que a edificação está cheia de rachaduras, infiltrações e umidade. Alunos relataram ao jornal O Globo que, de uma das paredes do segundo andar, jorrou água, formando uma “cachoeira” que chegou a alagar o piso. A invasão das águas, segundo os estudantes, foi o anúncio de dias piores, com direito a queda de teto e de ventilador, interdição de banheiro, entre outros indícios de que a má sorte tinha vindo para ficar.

“A ‘cachoeira’ foi início da destruição total. Caiu teto do banheiro masculino do 3º andar, enquanto o feminino do 2° andar tem até plantinha dentro, mas ele foi interditado. O ventilador de teto caiu na sala 306. O ar-condicionado também pegou fogo nessa mesma sala há uns dois meses, na sala 200 e na xerox”, relatou o estudante de Ciências Sociais, Dan Nogueira, de 25 anos, acrescentando que as más condições das instalações elétricas e a fiação exposta já deixaram professores e alunos às escuras. Ainda segundo o estudante, que integra o movimento Quilombo, do IFCS, em dias de chuva as goteiras tomam conta dos corredores e das salas de aula. Dan relatou que, em caso de chuva forte, o pátio fica completamente alagado impedindo os alunos de saírem da edificação.

Para mostrar o descalabro da instituição, os estudantes criaram a conta “IFCS_urgente”, no Instagram. As imagens mostram o dramático abandono de uma das mais renomadas unidades de formação em Ciências Sociais do Brasil.

“Eu tenho medo do prédio desabar. Tenho amigos que constantemente vem para cá com medo de ter um ventilador caindo na cabeça durante a aula. Como a gente estuda aqui?”, comentou a estudante Jéssica Pinheiro, de 20 anos, bacharelanda em Ciências Sociais. A estudante, que faz parte do coletivo Juntos, afirmou que o teto da sala 406, onde alunos do curso de História assistiam aula, caiu na semana passada. No local, a lixeira passou a ser usada como balde, para aparar a água que cai do teto, esverdeado pela umidade.

“A impressão era que o ar-condicionado ia cair. E ele vai cair, (o teto) já está bem podre, foi aqui que caiu o reboco do teto. Tinha gente no momento e uma professora trocou de sala porque não tinha como permanecer aqui”, finalizou Jéssica.

Procurada pelo veículo, a reitoria da UFRJ afirmou, por meio de nota, que “encara com seriedade a segurança e o bem-estar da comunidade universitária”, por isso está comprometida “em abordar essas questões de maneira contundente, considerando os limites orçamentários vigentes.”

Quanto às condições da estrutura do prédio, a reitoria destacou que “trabalha para avaliar e resolver os problemas estruturais no prédio. A segurança da comunidade acadêmica no referido prédio é de extrema importância, e estamos empenhados em garantir que o ambiente de ensino, pesquisa e extensão seja seguro e propício ao aprendizado.”

De acordo com a nota, “estão previstas obras emergenciais para abordar os problemas estruturais mencionados, ainda que aquém do desejado, considerando o cenário orçamentário vigente da UFRJ, aprovado na gestão presidencial passada”. Ainda de acordo com a nota “a equipe da Administração Central trabalha em conjunto com a direção do IfCS para implementar medidas de reparo para segurança da comunidade universitária”.

Sobre o risco de incêndios, a reitoria afirmou estar ciente e comprometida em melhorar a segurança das instalações. A reitoria também disse que “vem implementando medidas de prevenção em todas as unidades, com planos de evacuação e treinamentos regulares para os membros da comunidade acadêmica”.

Segundo o jornal O Globo, a reitoria informou que teria agendado uma reunião com as presenças do reitor Roberto Medronho e de representantes da Administração Central, e da Prefeitura Universitária.

Informações: O Globo

Imagens: @fcs_urgente

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