Mais de 1,8 milhão de alunos estão matriculados em escolas públicas do Rio de Janeiro, segundo o Censo INEP 2023. Desses, muitos dependem de um ambiente escolar seguro e acolhedor para se desenvolver. Contudo, no GET Azerbaijão, localizado no bairro Gardênia Azul, Zona Oeste da cidade, a falta de professores e a mudança no horário das aulas, desde 4 de novembro, têm causado transtornos para alunos e responsáveis, especialmente para famílias de crianças com desenvolvimento atípico.
Inaugurada em dezembro de 2023, a instituição foi criada com a proposta de oferecer educação de qualidade, alinhada às demandas da sociedade e às vocações tecnológicas. No entanto, a realidade tem sido diferente. A escola enfrenta dificuldades como a escassez de professores, a perda de mediadores e a alteração nos horários das aulas. Desde do início do mês, o turno integral foi substituído por aulas das 12h às 16h30. A mudança resultou na perda de seis profissionais e gerou insatisfação entre pais e responsáveis. A readequação do horário, feita pelo diretor para lidar com a falta de docentes, desorganizou a rotina de diversos alunos.
Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO, Thatiany Moraes, mãe de Pedro, de 7 anos e com espectro autista, afirma que a falta de professores comprometeu o aprendizado do filho, um dos onze estudantes que recebiam acompanhamento especializado em sala de aula. “Sou uma mãe atípica e, apesar dos esforços do diretor para que os alunos não fiquem sem aula — mudando o horário para das 12h às 16h30 — essa alteração já desorganizou a rotina do meu filho. Precisei informá-lo que a professora e a pessoa que o busca também mudariam, e essas mudanças têm sido difíceis para ele, que já entrou em crise. Na sala dele, há quatro alunos autistas, e situações como essa impactam diretamente o bem-estar e o desenvolvimento deles”, comenta Thatiany.
Segundo ela, a escola tem deslocado professores de outras turmas para cobrir as vagas, o que afetou ainda mais o ensino. “As professoras começaram a correr com o conteúdo para tentar amenizar a situação, mas os alunos estão com a rotina abalada. Além do meu filho, outras crianças estão dizendo que não vão aguentar sair às 16h30, pois já estão acostumadas a uma rotina de entrar às 7h30 e sair às 14h10”, relata.
A unidade atende 727 estudantes do primeiro ao sexto ano, e, apesar das dificuldades, as matrículas para 2025 seguem abertas. Em contrapartida, ao que tudo indica, os alunos não terão o quarto bimestre, o que acarretará em atraso escolar. Procurada, a escola emitiu uma nota dizendo que “a rotina da escola não foi alterada nos últimos dois meses. Ao longo do ano, esta é a primeira vez que houve mudança no horário de entrada por conta da invasão. Contudo, o horário alterado foi apenas algumas turmas do terceiro, quarto, quinto e sexto ano. Os alunos do primeiro e segundo ano não foram afetados”. Porém, Thatiany contesta essa informação, afirmando que a versão não condiz com a realidade, pois seu filho está no primeiro ano escolar e quatro turmas desse nível foram impactadas.
“Sobre os casos dos professores, essa notícia nos foi informada faltando uma semana, sendo que desde o início do ano a escola e a CRER estavam cientes sobre o problema, o que nos fez correr atrás de soluções de última hora. Agora, o diretor conseguiu realocar alguns professores para auxiliar, mas houve a mudança de horário e não temos notícias sobre novos professores para o ano que vem, o que também nos deixa totalmente preocupados. A CRER também age como se nada estivesse acontecendo e tem nos dado zero apoio em qualquer atitude. A escola, depois da locomoção dos pais, tentou fazer algo, mas tem atuação extremamente limitada”, comenta Lucas França, responsável por Miguel, de 6 anos, uma criança autista não verbal.
De acordo com os pais, outras instituições enfrentam o mesmo problema. Os profissionais eram contratados por seis meses, com o período estendido por mais três meses. A promessa é que o mesmo esquema se repita no próximo ano.
“Na escola, antes da atual mudança, ele fazia o horário das 07:30 às 11:30, não tinha acompanhante oficialmente ligado a ele, apesar de receber um grande auxílio. Ao longo dos meses, uma das estagiárias começou a ficar de forma mais fixa com ele, a Natália. Ela ainda não teve o contrato rescindido, mas está na lista de próximos cortes e sem previsão de renovação, o que vai ser bem difícil tanto para a escola quanto para o Miguel. Para meu filho, pode ser um processo perigoso porque ele é extremamente fixo a uma rotina. A mudança repentina de funcionários, turnos ou até a possível falta de aula pode acarretar um grande bloqueio dele no acesso ao ensino”, acrescenta Lucas.
A segurança da unidade também é uma preocupação. Em menos de dois meses, ocorreram dois assaltos no local, com furto de fios da escola. Outras instituições da região enfrentam problemas semelhantes. Embora os ginásios tecnológicos tenham sido implantados há dois anos com a proposta de um ensino inovador, a dúvida que permanece entre os responsáveis é: “Para que serve tanta estrutura tecnológica se não há professores e seguranças?”.
O DIÁRIO DO RIO entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação, que respondeu em nota. “As alterações de horário no GET Azerbaijão têm caráter provisório, para mitigar uma situação pontual. Novos professores chegarão à unidade escolar ainda este mês, permitindo que a grade horária volte ao normal, assim que possível. Em relação ao estagiário, o contrato vai até o fim do ano letivo, podendo ser renovado para 2025. A Secretaria Municipal de Educação ressalta ainda que as questões serão solucionadas ainda em 2024, para que o próximo ano letivo comece com os horários regularizados”, comunica.
Enquanto isso, as matrículas para 2025 seguem abertas, mas a incerteza sobre o quarto bimestre e a continuidade do ensino preocupa pais e alunos.
Tudo que foi dito na matéria acima,não está acontecendo só no GET Azerbaijão e sim em muitas escolas municipais do Rio,professores sendo contratados por nove meses e com uma renovação de só mais três meses, falta de mediadores,esecolas lotadas , merenda precária e etc,por isso e outros fatores que os professores estão querendo a greve, para que a sociedade,saiba de fato como está a educação do município do Rio de Janeiro.