America paga mais de R$ 8 milhões a supostos ‘credores internos’ e gera polêmica

O clube deve 13 meses de salários aos funcionários, além do 13 salário. Os atrasos seriam resultado das penhoras sofridas pela instituição, que pagou cifras milionárias aos tais “credores”, cujos nomes não são revelados

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Imagem ilustrativa - Foto: Diego Simonetti/América FC

O clube de futebol America – o dito ”segundo tike de todos os cariocas” – quitou R$ 8 milhões em dívidas com “credores internos”, com os recursos que recebeu em um processo contra a Eletrobras. As informações constam em uma planilha do clube compartilhada com o ge, quando o veículo publicou uma reportagem que abordava os valores envolvidos no processo e como o dinheiro teria sido aplicado. O assunto vem gerando cada vez mais polêmica no Clube, cuja sede na Tijuca foi demolida para uma suposta construção de Shopping Center que nunca saiu do chão.

Os tais “credores internos” citados pelo America seriam pessoas físicas com as quais o clube teria pego dinheiro emprestado nos últimos anos. Segundo o site ge, a direção do America não quis mencionar os nomes das pessoas em questão, mas o veículo descobriu que entre elas estariam o presidente do Alto Conselho, Léo Almada; e o secretário-geral do clube, Marco Antonio Teixeira, tio de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

“O America ultimamente, de 2014 para cá, só esteve um ano na Série A. A Série B não tem subvenção, não tem cota de TV. Quando consegue patrocínio, normalmente é por troca de serviços. É ambulância, água… Você fica praticamente sem receita, só vive de despesa. É muita dificuldade gerir um clube assim,” afirmou, por telefone ao jornal, o presidente do clube Sidney Santana, complementando “esses são credores que ajudaram o clube a se manter vivo até hoje, que nos ajudaram a chegar até aqui.” O DIÁRIO obteve informações de diversas fontes que um empresário do ramo da hotelaria estaria realizando depósitos na conta do Clube, mas não houve quem confirmasse a informação dentro da agremiação, campeã carioca por 7 vezes.

O processo da Eletrobras rendeu ao America R$ 16.945.057,97 em duas parcelas. A primeira paga em janeiro de 2021, no valor de mais de R$ 15 milhões. A segunda, de aproximadamente R$ 1,8 milhão, foi quitada em agosto do mesmo ano. O clube ainda assim deve treze meses (quase quatorze) de salários aos funcionários, além do 13º.

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De acordo com Sidney Santana, os atrasos salariais seriam resultado das penhoras sofridas pelo clube, que teve mais de R$ 2,7 milhões bloqueados em sua conta corrente.

“Quando nós recebemos o dinheiro da Eletrobras, nós primeiro minamos as folhas. Se não me engano, tínhamos três folhas vencidas, com 13º e tudo mais. A primeira providência que tomamos, antes de pagar os credores, foi pagar todo mundo. Os funcionários, atletas, comissão técnica. E só depois disso nós amortizamos, não quitamos, não, a dívida com credores,” explicou Santana ao ge, avaliando que os R$ 8 milhões abateriam aproximadamente 30% da suposta dívida com os credores internos. Mas, segundo ele, “a coisa agravou porque nosso planejamento financeiro foi sacrificado dentro das contas do America, nós tivemos 27 bloqueios dentro da conta do clube”.

Abaixo o detalhamento dos gastos, segundo a administração do America, conforme reportagem do ge:

Entrada: R$ 16.945.057,97

Saídas:

Ressarcimento parcial a credores quanto a empréstimos feitos – R$ 8.143.988,43

Aluguel da sede provisória (aluguéis em aberto desde abril de 2016) – R$ 750.000

27 bloqueios dos juízos trabalhistas na conta corrente do America – R$ 2.344.540,58

Acordos trabalhistas judiciais e extrajudiciais – R$ 111.324,48

Despesas com energia elétrica, telefonia e demais – R$ 87.805,42

PROFUT – R$ 157.687,04

Salários de 10/2020 até 09/2021 – R$ 3.146.867,67

Despesas bancárias, juros e quitação do saldo negativo no banco – R$ 1.420.381,61

Despesas com departamento de futebol – R$ 1.420.381,61

Benfeitorias e acessões no estádio – R$ 335.371,53

O valor total da execução no processo da Eletrobras foi de R$ 44,4 milhões, dos quais aproximadamente R$ 17 milhões ficaram retidos em juízo em razão das penhoras, os demais R$ 9 milhões foram distribuídos entre os vários advogados que atuaram no caso, sendo que boa parte dos profissionais entrou no rateio dos gordos honorários da ação.

Por ter atuado no processo desde 2018, o escritório de Marcelo Jucá, ex-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio (STJD); e Fábio Lira, procurador-geral do STJD do vôlei, recebeu R$ 5.703.176,14. Outros R$ 1.546.489,32 estão relacionados aos honorários sucumbenciais. Há ainda a cifra de R$ 4.156.686,92, que foram pagos pelo clube em forma de honorários contratuais.

O presidente do America afirmou ao ge na época que todos os valores pagos aos advogados foram justos. Para ele, sem o trabalho dos profissionais as vitórias do clube não teriam ocorrido.

O America firmou um contrato na minha gestão com o escritório do Marcelo Jucá. Por sorte, tá? Foi graças a esse escritório que a tese foi revertida. Quando o escritório dele entrou, o processo estava praticamente perdido. A discussão na execução era em relação ao quanto (do pagamento). A Eletrobras afirmando que era R$ 300, um valor irrisório, e o America sustentando que eram algumas centenas de milhões, como de fato aconteceu,” afirmou o presidente do clube, acrescentado que “o escritório do Marcelo Jucá virou esse jogo. E nós assinamos um contrato com ele no valor de 10% sobre a condenação. Foi o dinheiro mais bem empregado.”

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