Nesta semana, as pesquisas eleitorais ganharam destaque, especialmente após a divulgação do mais recente levantamento do Datafolha sobre a corrida pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024. O cenário, que já parecia promissor para o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), agora se mostra ainda mais favorável, apontando uma possível vitória no primeiro turno. Paes, que já ocupou o cargo de prefeito em três mandatos, conseguiu oscilar dentro da margem de erro, atingindo entre 53% e 56% das intenções de voto, o que o coloca muito à frente de seus concorrentes.
Por outro lado, a situação é bastante desafiadora para Tarcísio Motta (PSOl), que caiu de 9% para 7%, sendo superado por Alexandre Ramagem (PSol), que subiu para 9%. Essa mudança no cenário revela um cenário desanimador para Tarcísio, que enfrenta dificuldades para se destacar entre os candidatos da oposição.
A diferença de desempenho entre Ramagem e outros candidatos bolsonaristas em outros estados é notável. Enquanto em São Paulo, um candidato de direita, como Pablo Marçal (PRTB), conseguiu avançar e se consolidar como uma opção forte, Ramagem ainda luta para se firmar. Uma das explicações possíveis é que, apesar de Ramagem ser o candidato oficial do bolsonarismo no Rio, ele ainda é relativamente desconhecido pelo eleitorado carioca. E, embora ele tenha uma taxa de reconhecimento crescente, isso não tem se traduzido em aumento significativo das intenções de voto. Pelo contrário, quanto mais ele é conhecido, maior parece ser sua rejeição, o que pode estar diretamente relacionado à associação com Bolsonaro.
O fator digital também tem pesado na campanha de Ramagem. Enquanto em 2018 Jair Bolsonaro (PL) conquistou o Brasil com uma campanha quase que exclusivamente online, Ramagem parece não estar conseguindo reproduzir essa fórmula com o mesmo sucesso. Sua presença digital é fraca, e sua campanha nas redes sociais não tem conseguido alcançar o público da mesma forma que Bolsonaro fez. A dependência de Ramagem em relação ao tempo de TV, que outrora foi uma desvantagem para Bolsonaro, agora parece ser um obstáculo para sua própria campanha.
Outro ponto que merece destaque é a distração dos bolsonaristas com a campanha em São Paulo. Com Marçal ganhando terreno e ameaçando a liderança da direita, Bolsonaro pode acabar direcionando mais esforços para São Paulo, deixando Ramagem em uma posição ainda mais vulnerável no Rio de Janeiro.
Rodrigo Amorim (União Brasil) é outro candidato que parece estar perdendo o foco. Em vez de concentrar seus esforços no Rio de Janeiro, Amorim foi visto fazendo campanha em Nova Iguaçu, em apoio a Clébio Jacaré. Isso levanta questões sobre sua prioridade na corrida para a prefeitura da capital carioca.
Enquanto isso, outros candidatos como Marcelo Queiroz (PP) e Professor Tarcísio continuam a fazer campanhas mais intensas e focadas. Queiroz, por exemplo, tem se mostrado incansável nas ruas, realizando maratonas de panfletagem e buscando se aproximar dos eleitores. Apesar de ter menos recursos, sua dedicação poderia fazer dele uma ameaça maior se tivesse mais apoio financeiro.
Por outro lado, Eduardo Paes, que já está em uma posição confortável nas pesquisas, não tem se acomodado. Recentemente, ele até mesmo incorporou um mascote, um vira-lata caramelo, à sua campanha, algo que atraiu atenção nas redes sociais. Isso mostra que, mesmo liderando, Paes continua ativo e buscando formas de manter sua popularidade em alta.
A dinâmica das campanhas no Rio de Janeiro revela um cenário onde a esquerda, representada principalmente por Paes, continua dominando, enquanto a direita, fragmentada e desorganizada, luta para se estabelecer. A falta de uma estratégia coesa e a dependência de antigos métodos de campanha podem custar caro aos candidatos que estão desafiando o atual prefeito.
Por fim, um destaque interessante é a candidatura de Letícia Arsênio (Podemos), que tem focado em um público pouco explorado: os nerds e geeks. Sua participação em eventos de cultura pop, como batalhas de cosplay, mostra uma tentativa de captar votos de um nicho específico que, até agora, nenhum outro candidato tinha considerado.
A corrida eleitoral para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024 está esquentando, e embora Eduardo Paes pareça caminhar para uma vitória tranquila, as próximas semanas serão decisivas para os candidatos da oposição, que precisam reorganizar suas estratégias se quiserem ter alguma chance de impedir um resultado em primeiro turno.
A campanha para a Prefeitura e para vereador do Rio de Janeiro reflete a complexidade e os desafios intrínsecos à política carioca. O cenário eleitoral, marcado por uma diversidade de candidatos, evidenciou a polarização e a busca por soluções urgentes para problemas crônicos da cidade, como segurança pública, mobilidade urbana e saúde.
De um lado, vimos candidatos apostando em discursos populistas, prometendo soluções rápidas para problemas que exigem planejamento de longo prazo e uma gestão eficiente. De outro, houve aqueles que buscaram um diálogo mais técnico, propondo projetos estruturantes, mas que muitas vezes carecem de um apelo emocional que cative o eleitorado.
A campanha para vereador também não ficou atrás. Em muitos casos, observamos uma reprodução das práticas tradicionais, com promessas vagas e focadas em interesses locais, em detrimento de uma visão mais ampla e integrada da cidade. No entanto, também surgiram novas lideranças, principalmente entre jovens candidatos e movimentos sociais, que trouxeram pautas inovadoras e conectadas com as demandas contemporâneas da população, como sustentabilidade e participação cidadã.
O uso das redes sociais foi uma característica marcante desta campanha, com candidatos explorando ao máximo essas plataformas para se aproximar dos eleitores, ainda que, em alguns casos, essa estratégia tenha se traduzido em campanhas de desinformação ou na superficialidade dos debates.
Em suma, a campanha para a Prefeitura e para vereador do Rio de Janeiro mostrou a tensão entre o novo e o velho na política carioca, onde o eleitorado se viu diante da difícil escolha entre o pragmatismo e o idealismo. O resultado das urnas será um reflexo das prioridades e expectativas dos cidadãos cariocas frente aos desafios que a cidade enfrenta.